09 - Patrícia Parker

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Dolores Frank tinha viajado e as outras garotas pareciam ter me dado uma trégua sem a presença da sua líder. Está indo para o colégio sem ser chamada de Salamandra era quase maravilhoso.

O diretor foi pessoalmente a nossa sala apresentar a aluna nova, que tinha sido transferida para nossa escola com um boletim exemplar e que sem dúvidas ainda nos daria muitas surpresas.

E que surpresas.

Olá a todos. Meu nome é Charlotte mas gosto de ser chamada de Charlie, é um prazer conhecer vocês.

Ela tinha um sorriso e uma simpatia gigantes, logo no primeiro dia já estava conversando com as meninas da sala, como se sempre estivesse lá. No exato momento em que vi ela entrar na sala eu entendi: Ela seria mais uma delas; mais uma das garotas que me atormentavam.

Porque elas tinham que ser assim? Não podiam simplesmente vim pra escola, pelo que ela era: Um dever. Porque transformar uma coisa que já era ruim em algo ainda pior? Não podiam simplesmente sentar nas cadeiras, prestar atenção na aula e deixar suas briguinhas e dramas adolescentes para outro lugar?

Algo me diz que essa Charlotte vai me fazer sentir saudades de Dolores.

No segundo dia depois que chegou, Charlie começou a distribuir convites para uma festa na sua "incrível mansão" em um dos lugares mais nobres da cidade. De cara, percebi que ela estava escolhendo seus convidados. Dando convites e sorrisos para garotas como Layla e Helena e ignorando tantas outras. Por algum motivo entregou um convite para a garota gótica que sentava com Cristina, a Kay. O real problema, foi quando ela entregou um convite..... Para mim.

— Você é a Patrícia? Adoraria ter sua presença na minha casa hoje a noite, preparei uma festinha para conhecer o pessoal da escola melhor.

Ajeitei os óculos no rosto e recebi o convite. Daniel, que segurava os convites que ela distribuía obedientemente as suas costas, fez um olhar estranho, quando percebeu quem ela estava convidando.

— Eu?

— Qual o problema? Você não pode ir?

Mas talvez Charlotte não fosse má, talvez ela fosse uma garota legal. Não era correto julgar as pessoas simplesmente por sua aparência .

Então, porque ela tinha convidado Kay e deixado Cristina olhando com inveja para o convite da amiga?

— Tudo bem, vou tentar.

— Não Patty, você tem que ir.

Talvez quisesse me dar uma chance de ser menos fracassada.

Uma hora antes da festa, eu ainda não tinha decidido se ia ou não.

Porque eu iria? Lá só vai ter gente que nem gosta de mim.

Mas talvez aquela fosse minha oportunidade de fazer amigos e de conhecer novas pessoas. Talvez até Charlie pudesse se tornar uma amiga.

Você não pode passar sua vida inteira se escondendo, se quiser realmente ser uma pessoa melhor tem que aparecer e dizer: VEJA MUNDO ESSA SOU EU! Ninguém encontra a felicidade em um canto escondido do quarto.

Isso parece com uma frase de um daqueles livros de auto-ajuda que você compra porque encontrou em uma promoção de 9,99 não é mesmo? E é exatamente isso, Mas eu arranquei as páginas do livro e as joguei pela janela da última vez em que Dolores disse que se mataria se tivesse a minha cara.

Me arrumei da melhor maneira possível, e até que fiquei bonita, na medida que os óculos e os aparelhos permitiam. Mas acho que apesar de está confiante, e de ter esperanças que ir a uma festa era uma boa opção para uma garota como eu, alguma coisa me dizia que algo terrível ia acontecer naquele lugar.

Charlie Tem Que Morrer | Completo Onde histórias criam vida. Descubra agora