20 - Charlotte Daves

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Quase todos os alunos que convidei chegaram na festa no horário marcado, a maioria já tinha se enturmado com os outros convidados.

— Meu plano está dando certo. — Digo a Bruno. — Vou querer 30% do dinheiro de toda droga que vender pra eles.

— Eu já te pago muito bem pelo seu trabalho.

— Dessa vez foi mais difícil. 

— Não.

Reviro os olhos e me jogo no sofá, tentando parecer simpática com toda a gentinha que passava me cumprimento. Mulheres esqueléticas e homens que mais pareciam sacos de ossos, alguns por minha culpa, principalmente os adolescentes. 

Eu fazia o necessário para sobreviver.

Não demoraria muito para que Kay, Mary, e todo o resto ficassem naquele estado.

— E a garota que você prometeu? Não vai trazer problemas?

— Essa não, eu garanto. Edith é 100% indefesa.

— E se ela não vier?

— ENTÃO VOCÊ SE VIRA. 

Vou até onde o pessoal do colégio está, todos batem palmas ao me ver. 

— Você trouxe? 

— É bem difícil conseguir, a partir de agora aqueles que realmente quiserem vão ter que comprar.

Algumas das meninas reviram os olhos, a perspectiva de usar drogas ainda parece esquisita para elas. Os garotos abrem suas carteiras e me perguntam onde podem conseguir. Aqueles com certeza teriam seus futuros destruídos. Mas é uma troca justa, o futuro deles pelo meu. 

Observo bem aquelas pessoas na sala, todas com seus sapatos caros, estudando em colégios particulares e enfrentando problemas fúteis. Não, eu não terei a menor pena se um dia os ver internados em uma clínica. Apesar de ter vindo do lugar que vim, eu nunca tinha me deixado influenciar pelas pessoas erradas. No caso deles, eu era a pessoa errada.

Eu os odiava, odiava garotas como a Dolores Frank, com sua maquiagem cara e suas roupas de marca. Uma pessoa que dizia sofrer porque terminou com o namorado, uma pessoa que não fazia ideia do que era sofrimento. Nenhum deles fazia. 

Charlie Tem Que Morrer | Completo Onde histórias criam vida. Descubra agora