33 - Patrícia Parker

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— Não estou interessada em fazer parte de mais nem um plano da Dolores — Edith diz.

Estávamos reunidas novamente na casa da Cristina, que tinha se tornado de certa forma nosso quartel. Edith tinha sido a primeira a chegar, passou os últimos minutos contando como Charlie a fez se desentender com os pais dela. Dolores, claro, estava mais desesperada para começarmos a reunião, ela seria a próxima a quem Charlie atingiria.

— O plano não é meu, dessa vez é de alguém mais inteligente. A Patrícia.  

Sorrio com a pequena observação dela. 

—Todas teremos uma participação nesse plano — digo — mas antes preciso saber quem realmente estar disposta a ir em frente. É um assassinato. Quem quiser sair é melhor dizer agora.

— Eu estou dentro, Patrícia —Cristina e Edith dizem ao mesmo tempo.

Nem preciso ouvir a resposta de Dolores. 

— Qual seu plano? — Dolores pergunta.

— Eu já tenho um plano. Sei onde, quando e como será feito. Sei como vamos fugir e até qual será a arma do crime. 

Cristina parece um pouco desconfortável, mas quem realmente me assustava era Edith. Eu não confiava nela. 

— Então o que está faltando para começar a repassar esse plano pra gente?

— Saber quem vai acertar o troféu da sala de música na cabeça dela. 

Com aquela frase revelei como Charlie seria morta.

Há mais ou menos dois anos os alunos matriculados na aula de música na Liberty Way participaram de um show de talentos. Alguns tocaram instrumentos e outras cantaram, foi nessa época que comecei a frequentar as aulas de música e usar a minha voz, na esperança de ganhar o prêmio; um troféu e uma pequena quantidade em dinheiro. 

A ganhador do show foi Thomas Neill, um aluno do último ano, que talvez por não querer levar um peso a mais na bolsa deixou o troféu na escola.

"Para os próximos alunos de música da Liberty Way! Acreditem nos seus sonhos." Fez um discurso fajuto e foi embora com o prêmio em dinheiro no bolso.

Desde então, o troféu tem ficado em uma estante na sala de música perto de aluns instrumentos. Feito de alguma imitação barata de ouro, já perdendo a cor dourada, o troféu em forma de microfone exageradamente grande é pesado o suficiente para que alguém como Edtih precise usar as duas mãos para segurar.

— A pancada no ângulo certo com a base do troféu pode matá-la.

— Você quer saber qual de nós está disposta a fazer isso? — Edith pergunta. 

— Não seremos eu nem você, dadas nossas condições físicas.

— Serei eu — Cristina diz.

Todas olhamos para ela.

— Eu esperava que fosse a Dolores. 

— A Dolores é mais fria, porém eu sou mais alta e mais forte que ela. Acho que sou a pessoa certa para fazer isso.

— Você tem emocional para matar uma pessoa? — Dolores pergunta, desafiando Cristina. Ela também queria que fosse ela. 

— Para mim Charlie não é uma pessoa.

Algumas pequenas discussões e decidimos tudo. Todas pegam uma parte do plano, no final, Dolores se conforma com a dela. Tudo que ela queria era ver o sangue escorrendo da cabeça de Charlie.

E ela estaria lá para ver.

— Ótimo. Façam tudo direito, e dessa vez ter uma convulsão está nos planos, Edith.

Todas concordam.

Em poucos dias Charlie estaria enterrada graças ao meu plano. 

Charlie Tem Que Morrer | Completo Onde histórias criam vida. Descubra agora