O Preço

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Uns pagam com dólar, iene, real, são muitas as maneiras, mas eu meu amigo, paguei caro, paguei muito caro, não há moeda que pague a minha dívida, nem compre o que ganhei, mas a que preço?

Ganhei a vida, mas fiquei rotulada como o assassino no meu próprio eu, o fiz morrer, abraçar o oculto, deitando-o delicadamente, inerte e silenciando-o. Agora, sabem o que ganhei em troca, ou melhor dizendo, o que perdi?

Perdi a sensibilidade, a dádiva de acreditar em pequenas coisas por vezes insignificantes, mas majestosas e criadoras de uma pessoa capaz de sentir desde uma alegria até uma tristeza árdua. Este foi o preço, Judas pagou com 30 moedas de prata, eu diante da minha traição, paguei com sentimentos, emoções, vida, e acredito que não se consiga viver sem isto, então me matei sem saber, cavei minha própria cova, talvez tenha esquecido de cavar outra... Quem sabe!

Foi um adeus a meu eu, e talvez, mais tarde a mim mesmo. Num sentimento burro e egoísta assinei minha própria sentença. Tornei-me escrava da vida aos poucos, pois não vi o mesmo prazer que acreditava existir, não via as mesmas coisas que achava ver pelos olhos do outro. Assim a vida me vivia.

Mas enfim, antes de tudo, vou deixar meu eu contar nossa história, sua vida, sua morte, meu nascimento, minha morte, nossa vida, nossa morte.

Até logo meus caros, vejam agora um ponto de vista que até então eu considerava cego e estúpido. Mas não é bem assim...

Dois Lados de MimOnde histórias criam vida. Descubra agora