Dois Lados de Mim

Minha

A Escuridão

É minha vida.  É minha vida que tomei para mim, minha vida que ousei levar até a morte, minha vida que morreu sem morrer, e minha também que reviveu pelo outro querer. Tudo tão meu, que até reconheço o meu narcismo, e reconheço o medo do meu EU de ser atingido. Sou um trem desgovernado, embora tenha meus freios em cada vagão, meus trilhos são todos de túneis submersos no breu vazio. Eu admito ter medo de mim, e sei que meu EU não quer me libertar. 

Em contrapartida seus meios estão me matando, e desta vez no total sentido figurado. Minha paciência esta se perdendo nas doses de vida que ele acha que está me dando, mas não sou viciado em viver, acredito que seja mais em me autodestruir, e meu querer, meu anseio está enlouquecendo a pouca razão que não tenho. Sei que é um treinamento, mas mesmo assim, ele sabe que na briga de cabo de guerra não existirá outro ganhador além de mim. Então qual a razão disso? 

No meu inferno pessoal eu perdi a conta dos dias, agora eu conto cada minuto dessa sentença de penitência, só faltando gritar e arranhar as camadas do confinamento, mas mesmo na perturbação de mim, eu tento manter me calmo e passar ao EU que sou um ser controlado. Eu sou TOTALMENTE controlado. 

Minha vida não é mais minha. Eu aceito. Mas não me prenda em mim e diga que é para meu bem, porque eu sei que toda a tempestade está querendo causar outra enchente. E eu não quero isso. Eu reconheço e admito, porque meu EU não consegue perceber isso? 

A Luz

Minha vida. É ate meio estranho dizer que tenho algo, quando sempre achei que não tinha, e quando era iludido no pertence de vida, joguei de lado tudo que aparentemente era meu. Hoje, hoje não quero roubar a vida ou muito menos impedir alguém de compartilhá-la comigo, já que somos dois, eu aceito e quero que meu alter-ego tenha tanto minha vida, quanto sua vida em nossa harmonia. Não sou nem nunca fui egoísta, mas admito meu medo, meu alter-ego trouxe seus demônios e eu, inconsequente deixei que os meus saíssem aos poucos  também. 

Minha decisão está tomada, deixei as pequenas doses e shots de lado. Dá-lhe vida, dá-lhe embriaguez, sem o suposto álcool.

Aproveite alter-ego, hoje eu descanso te dando o comando acreditando que seu controle não seja incontrolável, pois nós dois sabemos, e mesmo que escondendo seus sentimentos, mesmo que não perceba, todos a mim são compartilhados. Não existe mais sua vida, minha vida, seus sentimentos, meus sentimentos, cada qual com um pensamento, existe apenas eu e você, nós dois, e nossos DOIS LADOS. Se divirta no comando. Vou te libertar e espero que se comporte, porque é a primeira folga da eternidade que nos envolve, e não sou a favor de fazer rotina de descanso para seu bem e caminhar ao além, seremos um, mesmo nas indiferenças e descrenças. 

Vá meu outro lado, aprenda a viver e aprecie a nova vida que lhe foi dada como segunda partida. Comece aspirando o ar e veja o quanto tudo pode ser horrivelmente bom no equilíbrio que se pode consumir sem se auto iludir , afinal, a moderação é amiga da boa emoção. 

Carpe Diem alter-ego!