É oficial, ele esta em mim, assim como eu estou nele, já o sinto vibrante e desejoso com anseio de algo que ele diz que é passado. O fato é, não é passado, assim que as correntes invisíveis que o prendem lhe der a liberdade, será previsível a volta da escuridão que o paira e minha consumição. Eu sinto, ele evita, é quase tão forte que quase me afeta, mas hoje não sou mais aquele EU fraco, precisei ser forte e me tornar forte ao conviver sendo espectador da escuridão sem fim que ele criou. Da minha "morte" cavei cada palmo com reflexão de meus atos, e no fim, descobri que cada obstáculo poderia ter sido evitado por mim.
A culpa da escuridão não foi e é dele, a culpa da luz cegar a minha visão e discernimento hoje sei que também não foi minha. Ambos - sem exceção - fomos guiados pela fé cega do que acreditávamos, não digo e te proíbo das crenças, mas antes de ser um bobo alegre como eu ou um terrorista do caos como o alter-ego por acreditarmos que isto é correto, avalie os termos e meios, porque assim como eu acreditei, ele acreditou, o fim inevitável chegou, ambos morremos e pagamos por nossos atos, então só ajam com cuidado, acredito que este até seja um bom aviso.
Não impeço, não protesto, não imponho, somente aviso: Cuidado com teus atos cegos.
Enfim...
No oposto de nós dois, no oposto do meu funeral, hoje o dia está cantado, ao invés de um Requiem de Mozart, ouço cantante a nona sinfonia ao seu Ode à Alegria. Nada está cinza pálido, ares de acabado, preto do horror ou vermelho indicando alguma morte e pecado, hoje o céu se mostra grandioso, misturando os tons entre amarelo, azul, laranja e roxo claro. E assim, como uma gloriosa saudação de uma nova vida, com o calor esquentando um novo ponto de partida, com novos passos a novos rumos, eu conheci outro tipo de luz me adentrando... Sem explicação explicar o calor e a emoção de um suspiro quente me abraçando sem braços, me levando sem empurrar, me flutuando sem voar. Infinitas sensações extasiantes.
De toda emoção no mais puro clarear de uma nova luz, eu permito que a metade me sentida atingisse meu eterno morador, não o quis embriagar com o desconhecido que tanto ele afastou.
Poucas doses ao viciado, quero criar o costume da sensação, e não repelir com o medo o que para ele é considerado desconhecido. Aos poucos ele saberá que não será como antes foi, e também não será como queremos que seja.
Conhecendo esta nova luz, não o deixarei caminhar, posso ter lhe dado o "reviva" como ele mesmo nomeou, mas quero mostrar o que pode ser essa dita vida. Aceitei seu perdão, porque não sou ninguém para não perdoa-lo, porém serei cauteloso ao soltar a guia da corrente do seu pescoço. O alter-ego precisa de adestramento, pois ninguém muda, nem mesmo vivendo tamanho sofrimento ou infinito descanso, a aura que com ele nasceu, com ele morrerá, e somente aprendendo novos meios e verdades, ele conseguirá melhorar, se levantar, enxergar para enfim ao meu lado caminhar.
Jamais quis andar sozinho, e não será agora que isso acontecerá. Seremos a nova luz, serei eu, será ele, seremos nós em uma nova jornada.
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Dois Lados de Mim
General FictionA história de um EU e um Alter-ego. A briga entre dois seres opostos para ver quem sobressai, quem reina em primeiro plano nos olhos da vida. Um alter-ego frio, calculista e maquiavélico. Um Eu depressivo, cansado e farto dos sussurros internos de s...