Os vendedores eram pessoas de diversas etnias, muitos ficavam sentados atrás de suas barracas, vestindo um quimono e tentando se refrescar com um leque. Já as criaturas andavam para lá e para cá com sacolas ou bandejas tentando vender seus produtos a todos que passavam por eles, alguns ofereciam até mesmo aos vendedores humanos dentro das barracas. O lugar lembrava a Martin as lojas de 1,99 porque vendiam todo tipo de coisa no mesmo lugar, as vezes em uma só barraca se vendiam desde comidas a ingredientes estranhos para poções. Mas Martin percebeu que a maioria delas tinham muitos objetos flutuantes de todo tipo, desde lanternas a utensílios de cozinha, que pareciam fazer mais sucesso que os outros produtos. De repente ele deu de encontro com sua mãe que parara na sua frente.
- A academia é aquela – Disse ela apontando para o alto de um morro no final de uma das ruas da feira. Uma construção igual aos velhos castelos japoneses estava lá em cima, quase no topo do morro. – Eu tenho que te deixar aqui, não posso ir mais a diante.
- Porque?
A pergunta dele foi ignorada.
– Você tem que seguir essa rua até o final e virar à esquerda. – Continuou ela mostrando uma das travessas da rua em que estavam - Ali vai ver a entrada da escadaria. Os novos alunos devem estar todos lá esperando. Quando terminou de falar olhou nos olhos dele
– Se cuida está bem? Qualquer coisa me mande uma mensagem. – Ela se inclinou, deu um beijo na testa de Martin e se afastou, indo em direção ao ponto onde haviam chegado. Ele ainda a observou por um tempo enquanto sumia entre as pessoas e barracas. Sentia uma insegurança maior agora que estava sozinho, apesar de sua raiva contra sua mãe sabia que ela representava um porto seguro. Mas não ia deixar isso abate-lo, queria mais do que nunca tirar suas dúvidas sobre sua história e sobre si mesmo.
Ele seguiu as orientações de sua mãe e chegou a uma área aberta na frente da entrada da escadaria onde já estavam vários alunos. Todos ali deveriam ter uns dez ou onze anos de idade, lembrou então do que Killua dissera, que seus poderes haviam despertado tarde. Encontrou apenas mais três que pareciam ter mais ou menos a sua idade no meio de todos aqueles alunos. Um deles, um menino baixinho de cabelos castanhos encaracolados e olhos claros veio até ele.
- Olá!
- Oi. – Respondeu Martin para dentro. Era a primeira vez desde que tinha quatro anos que alguém se aproximava tão abertamente assim.
- Você também é novo né? – Perguntou o garoto animado.
- Sim.
- Prazer meu nome é Pedro Parson. – Disse estendendo a mão para cumprimentar.
- Martin Grace.....
Pedro sorriu chacoalhando a mão de Martin com mais força do que parecia ter.
- O que estamos esperando aqui? – Perguntou Martin depois que Pedro finalmente soltara sua mão.
- E....eu também não sei direito... – A pergunta pareceu deixa-lo nervoso – Talvez um avaliador....
- Avaliador?
- É...sabe... meu irmão mais velho sempre me dizia que tinha um teste antes mesmo de entrar na academia .... mas ele era muito brincalhão então não posso dizer que isso seja verdade..... os outros estão falando que é só um guia que vai nos levar lá pra cima...
- Espero que seja a segunda opção – Disse Martin nervoso em pensar que pudesse fazer qualquer tipo de teste. Ele não tinha controle nenhum de seus poderes, se pedissem alguma demonstração talvez todos ali poderiam correr um sério risco de vida.
- Eu também espero. Eu não sou habilidoso como aquele garoto ali. – Disse Pedro apontando para um menino que deveria ter uns 10 anos como a maioria ali e estava se exibindo no meio de uma roda de admiradores, moldando pequenos objetos de areia em suas mãos.
Martin reparou no garoto que lembrava muito Carlos só que mais novo e mais magro. Ele ainda olhava para o menino quando uma pequena confusão mais próxima chamou sua atenção. Uma daquelas criaturas vermelhas do mercado oferecia algo a uma garota, uma das que deveriam ter mais ou menos a idade de Martin.
- Já disse que não quero nada!!! – Disse alto a garota para a criatura parar de insistir. Ela andava com uma cesta de pedras oferecendo uma a uma dizendo alguma qualidade que ela tinha.
- O que são essas criaturas? - Perguntou Martin a Pedro.
- Você não sabe?? – Pedro olhou para Martin surpreso – De que mundo você veio?
- Do outro lado deste eu acho. – Respondeu Martin envergonhado – Literalmente e figuradamente...
Pela primeira vez se sentiu tão deslocado quanto na antiga escola.
- Ah qual é? Seus pais nunca te trouxeram aqui no Mahouichiba? – Insistiu Pedro incrédulo.
– Não.... é meio complicado....
Pedro olhou ainda mais perplexo para ele.
– Aqueles são Tengus. – Respondeu finalmente - Eles têm um bom faro para encontrar objetos mágicos. Dizem que eles perseguem bruxos sem que percebam e pegam todo objeto que deixam para trás que tenha um mínimo de magia e depois vem aqui vender. Os semi-bruxos adoram sabe? Já que nossa magia não é completa, é difícil nós mesmos fazermos objetos mágicos.
Martin lembrou do que sua mãe explicara sobre os semi-bruxos e suas limitações mágicas. Ele queria fazer mais perguntas sobre aquilo para Pedro, mas achou melhor mudar de assunto para não parecer mais ignorante do que já estava parecendo. Ele olhou ao redor outra vez e lembrou de outra coisa.
- Seus poderes também só despertaram agora? Você parece ter a mesma idade que eu...
Dessa vez foi Pedro que ficou vermelho de vergonha.
– M...Minha família nunca foi muito forte com magia. ... somos melhores nos estudos... menos eu... não sou bom em nada eu acho....
- Você deve ser bom em alguma coisa...só não descobriu ainda no que – Disse Martin tentando anima-lo.
- Não, acho que sou pior que os inferiores...
- Inferiores?
- É como chamamos os que despertam os poderes mais tarde porque costumam ser os mais fracos....
- Aquela menina não parece ser fraca – Disse Martin apontando para a garota que havia sido abordada pelo Tengu.
- Ah ela? Ela é diferente. Os poderes dela despertaram na idade normal há uns quatro anos, mas só quis entrar na academia agora. É bom tomar cuidado! Ela foi treinada pelo pai que é um dos melhores guerreiros da comunidade e parece que a mãe morreu em batalha quando ela era pequena.
Era o tipo de garota marrenta e não muito sociável. De estatura média, magra e musculosa, de cabelos avermelhados e lisos e olhos azuis. Ela ficara em um canto só observando com cara de nojo o garoto que se exibia em meio aos alunos.
Ouviu-se um estalo e, do nada, surgiu um homem em frente a escadaria sorrindo para os presentes ali.
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Mais um terminado!
Gostaria de agradecer se você que leu até aqui e espero que tenha gostado!
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Até a próxima!
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O Guardião e a sociedade secreta - Livro 1 (COMPLETO)
FantasyVocê gostaria de possuir magia? E se o método para obtê-la fosse obscura e perigosa e afetasse inúmeras gerações? Martin, um jovem que achava que era tão normal quanto seus colegas de escola, terá que corrigir o terrível erro de uma sociedade enquan...