Martin abriu os olhos e viu do seu lado direito que o recipiente que não tinha nada dentro havia quebrado.
- Mas a vela continua como antes. – Disse ele não entendendo porque não havia acontecido nada com o objeto.
- Por isso mesmo seu elemento é o fogo. – Insistiu Rai-daime.
Ele, provavelmente percebeu a confusão na cabeça de Martin, porque logo começou a explicar.
- Quando sua Maná é ativada intencionalmente pela primeira vez ela naturalmente ataca os outros elementos ao seu redor que não sejam o seu. Como o ar é um elemento mais fraco que o seu, o pote com ar foi que quebrou.
Aquilo não esclarecia muita coisa a Martin.
- O que é Maná?
Rai-daime arregalou seus olhos e deu uma risada alta.
- Desculpe, eu esqueço que você cresceu em um mundo diferente do nosso.
Vindo de Rai-daime aquela frase parecia constranger mais a Martin do que quando era dita por outras pessoas. Talvez porque o guardião parecia um antigo sábio e, perto dele, Martin parecia uma criança ignorante.
- Deve ser por causa de minha idade que esqueço tanta coisa – Continuou Rai-daime – setecentos anos de informações são muito para uma só cabeça – ele riu novamente.
Falando daquele jeito Martin achou que ele devia ser um pouco louco. Mas qual gênio não tinha um pouco de loucura?
- Respondendo sua pergunta. Maná pode ser conhecida por outros nomes também. Chacra, Ki, força vital, chame como quiser. Ela é a magia existente no seu corpo. Agora pouco sentiu algo antes do pote quebrar não?
- Senti – Respondeu Martin olhando para seu corpo, a sensação do fluido já havia desaparecido.
- Essa foi sua Maná. Quando você aprender a controla-la melhor vai poder fazer muita coisa.
Martin se perguntou se seria mesmo capaz de controla-la. Havia demorado mais do que todos só para ativa-la. Ele olhou ao redor, já não havia mais ninguém ali, nem mesmo seus amigos.
- Ah! Algumas pessoas podem demorar para ativar a Maná pela primeira vez. – Explicou Rai-daime vendo que o garoto procurava por mais alguém além deles na arena - Você foi até rápido comparado com seu avô.
O comentário surpreendeu Martin. Ele havia pensado em perguntar a Rai-daime sobre sua família, mas não tinha coragem. Não imaginava que o guardião falaria sobre seu avô tão facilmente.
- Como ele era? – Ele encontrou a coragem para perguntar.
Rai-daime ficou por um tempo em silencio olhando nos olhos de Martin.
- Fisicamente muito parecido com você. Mas era um obsessivo incorrigível.
Talvez tenha sido só impressão ou um efeito da luz, mas Martin achou ter visto os olhos de Rai-daime marejados.
- Creio que devo pedir perdão a você Martin-kun.
- A mim? Porque?
- Se eu fosse um mestre melhor talvez seus pais estivessem vivos.
" Do que ele estava falando? " Se perguntou Martin.
- Eu não soube instruir nem seu avô nem a Jean, acabei criando dois monstros que afetaram toda a sua vida.
- Jean?
- Você deve conhece-lo como Kaze-daime... ou talvez pelo nome que é mais chamado hoje em dia....Shinigami.
Martin ficou imóvel, mais uma vez surpreso com a nova informação. Mas não sentia raiva. Pelo contrário. Sentia compaixão por Rai-daime.
- Acho que não foi sua culpa. Só deve ter tido a má sorte de treinar duas pessoas de mau caráter...
Rai-daime sorriu.
- Você fala como sua mãe e sua tia. As duas foram as alunas mais gentis que passaram por aqui.
Foi a primeira coisa boa que ouvira sobre sua família desde que colocara o pé na academia.
- Como eles eram? ...os meus pais? – A pergunta saíra mais natural dessa vez, Martin se sentia mais relaxado ao falar com Rai-daime agora.
- Seus pais eram grandes prodígios – Respondeu Rai-daime - foram os primeiros a terminar esse teste elementar e eram sempre os melhores em todas as aulas.
- Bem diferente de mim.... – Disse Martin
Rai-daime o olhou indignado.
- Você pode ser muito melhor que eles! – Disse se aproximando de Martin – Se tiver a capacidade de traçar seus próprios caminhos e ... – Agora se aproximara tanto que sua testa tocou a do garoto e seus olhos estavam fixos nos dele – se souber aprender com os erros dos seus antepassados.
O estomago de Martin roncou interrompendo a conversa dos dois.
- Ora! Mais uma coisa que esqueci absolutamente, você precisa se alimentar! – Disse Rai-daime se afastando do garoto e sorrindo – É melhor ir! Não é bom ficar de estomago vazio tanto tempo assim e o jantar já deve ter sido servido.
- Obrigado.... por me contar essas coisas...
Rai-daime deu mais um sorriso ao garoto.
– Nos vemos nas aulas, estou ansioso para ver seu progresso!
Martin se levantou se sentindo aliviado, estava morrendo de fome e cansaço, mal esperava para chegar ao castelo para jantar e dormir. Ele fez uma reverencia a Rai-daime e saiu da arena. A pressa foi tanta que não percebeu, e Rai-daime foi o único que reparou quando o garoto se levantou. Todos os recipientes do círculo onde Martin estivera haviam se rachado.
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Vejo vocês no próximo capítulo!
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O Guardião e a sociedade secreta - Livro 1 (COMPLETO)
FantastikVocê gostaria de possuir magia? E se o método para obtê-la fosse obscura e perigosa e afetasse inúmeras gerações? Martin, um jovem que achava que era tão normal quanto seus colegas de escola, terá que corrigir o terrível erro de uma sociedade enquan...