- Eu te disse que poderia te ajudar.
Martin estava no já conhecido corredor escuro. A voz vinha da porta com a luz laranja.
- E eu disse que não precisa da ajuda de ninguém – A resposta de Martin veio automaticamente à sua boca. Será que isso iria irritar aquela voz? Aquela coisa viria atrás dele para ataca-lo?
Mas ao invés disso a voz soltou uma gargalhada sombria.
- Você é corajoso, mas ignorante. Isso poderá te custar muito um dia. Guarde minhas palavras.
Martin abriu os olhos assustado, sua visão ainda estava embaçada e uma luz forte vinha de algum lugar. Quando recuperou o foco, viu que estava na enfermaria novamente, deitado em uma das camas. Olhou para o lado viu Rai-daime sentado um uma cadeira de madeira velha admirando o dia claro pela janela. O garoto se levantou com dificuldade, então Rai-daime percebeu que ele tinha acordado.
- Precisa de ajuda? – O guardião parecia muito calmo.
- Não, estou bem...
- Não se mecha muito você ainda está com alguns ferimentos. – Rai-Daime disse gentilmente - Deveria descansar mais.
Martin se sentou na cama com a ajuda de Rai-daime.
- A quanto tempo estou desacordado?
- Um dia inteiro.
Os últimos acontecimentos vieram à memória de Martin e ele se lembrou da luta que travara com Keyla.
- Rai-daime, como cheguei aqui? – Disse o garoto colocando a mão no lado esquerdo do peito com um pouco de dor.
-Bom, Killua já suspeitava que Keyla era uma intrusa e como vocês foram os únicos que estavam tardando em chegar fomos atrás de vocês – ele explicou com calma - Chegamos a tempo de te salvar e captura-la, mas devo dizer que você se virou muito bem, com uma certa ajuda de seus amigos e daquela varinha – disse apontando para o objeto comprido na cabeceira da cama de Martin - e de sua mãe claro.
- Minha mãe? – Martin estranhou. Não se lembrava de ter visto sua mãe em nenhum momento.
- Sim. Você não deve saber, afinal Lilian-chan foi capaz de esconder tudo de você. Ao contrário do amigo dela que sempre abre a boca sobre tudo – Rai-daime deu um leve sorriso ao dizer isso. Martin sabia que ele estava falando de Killua – Sua mãe é ótima com magias de proteção.
- Magia de proteção?
- Sim... ela estudou muito sobre esse tipo de magia.... quando decidiu sair da academia ela já conseguia inibir sua presença e a da quem estivesse perto dela, foi assim que ela te escondeu por tantos anos.
Martin ficou pensativo por um momento.
- Então foi isso que Killua se referiu naquele dia em que foi na minha casa. Que ele entendia como vocês nunca detectaram minha magia.
- Foi – Afirmou Rai-daime – E foi por isso que te confiei a Lilian-chan. Eu sempre soube o quão poderosa ela é – Martin sorriu ao pensar no quanto sua mãe se esforçou para protege-lo - E parece que ela melhorou ainda mais! – Continuou Rai-daime - Pelo o que eu notei ela manipulou o maná dela para servir como um escudo no corpo de quem ela quisesse colocar. O fogo que começou a queimar Keyla foi um desses escudos. Bem interessante para falar a verdade, eu nunca tinha visto. Um sistema que ela implantou em você que ativaria sua Maná em sua máxima capacidade contra quem ou o que estivesse te atacando.
Martin ficou de queixo caído com aquela informação. Não fazia ideia que sua mãe fosse tão habilidosa e poderosa.
- Oh, sim, isso quer dizer também que seu Maná é muito maior do que imagina. – Disse Rai-daime vendo o rosto perplexo do garoto - Você ativou o que eu chamo de um princípio de Amaterasu .... tivemos um bom trabalho para apaga-lo. Sabe como essa magia é poderosa?
- Sim, eu....ouvi falar – Provavelmente Rai-daime já sabia que Martin havia escutado a conversa dele com os outros guardiões naquele dia, naquela mesma enfermaria. Mas ele teve medo mesmo assim de confessar que tinha escutado, afinal algumas daquelas informações não era para ele ter conhecimento.
Martin ficara feliz por saber que sua mãe também o protegera, mas também estava triste por, como sempre, não saber nada sobre ela. Ele então começou a se lembrar dos detalhes da luta.
- Teve uma faísca antes que afastou Keyla de mim.
- Ah sim. A varinha deve ter feito isso.- Rai-daime apontou o objeto na cabeceira mais uma vez - Não conheço os mecanismos de uma, mas eu creio que de alguma forma sua magia ativou essa daí e ela o protegeu mais uma vez.
- Mas nenhum semi-bruxo...
- Consegue usar uma varinha... – Interrompeu Rai-daime – você sabe porquê?
- Porque nossa magia não é completa....
- Sim. E mais especificamente porque uma varinha canaliza o poder de um bruxo e transforma em magia, mas nenhum de nós tem maná suficiente para fornecer poder a uma dessas. Apenas você.
- Eu? – Martin quase gritara surpreso.
- Ainda desconheço os motivos, mas em seu primeiro teste elementar não foi só o elemento fogo que reagiu, mas todos eles. Notei isso quando você deixou a arena.
- M...mas...isso é impossível... – Martin continuou incrédulo. Ele nunca fora bom em nada, muito menos alguém especial. Com certeza havia algum engano.
- Eu também achava. Afinal Kase-daime nunca teve descendentes, portanto não deveria existir nenhum manipulador de vento além dele. E normalmente, por uma questão de incompatibilidade na genética, o elemento que se sobressai em uma pessoa anula os demais que ela pudesse ter. Por isso manipuladores de dois elementos são extremamente raros. E ainda mais raro alguém que manipule todos eles. – Rai-daime olhava fixamente o rosto do garoto agora - Eu creio que sua família tenha te deixado algo muito maior do que nós imaginávamos.
Martin ficou perplexo com toda aquela informação. Tentou reorganizar tudo em sua cabeça era muita coisa para processar. Fechou os olhos e resolveu fazer uma pergunta mais simples, mas que o estava incomodando.
- O que aconteceu com a Keyla?
Continua na parte 2....
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O Guardião e a sociedade secreta - Livro 1 (COMPLETO)
FantasyVocê gostaria de possuir magia? E se o método para obtê-la fosse obscura e perigosa e afetasse inúmeras gerações? Martin, um jovem que achava que era tão normal quanto seus colegas de escola, terá que corrigir o terrível erro de uma sociedade enquan...