Você gostaria de possuir magia? E se o método para obtê-la fosse obscura e perigosa e afetasse inúmeras gerações?
Martin, um jovem que achava que era tão normal quanto seus colegas de escola, terá que corrigir o terrível erro de uma sociedade enquan...
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- Claro pode falar! – Respondeu Martin naturalmente.
Pedro o puxou para um canto da sala. Martin fez esforço para não derrubar o enorme prato de comida que ainda segurava. Quando pararam em um lugar mais quieto do salão Pedro ainda olhou ao redor para se certificar de que ninguém estava escutando. Martin posou seu prato em um aparador do seu lado e começou a comer observando a cara de preocupação e medo de Pedro.
- Você é mesmo Martin Hinoko? Neto de Martin Hinoko?? – Começou Pedro.
Martin se espantou com a pergunta, não lembrava de ter falado nada sobre sua família a Pedro. Então se lembrou do que sua mãe lhe falara sobre seu avô não ser querido pela comunidade. Será que até mesmo Pedro sabia sobre ele?
- Até onde eu sei sim, porque? – Respondeu Martin de boca cheia.
- Porque???? Não pode ser que você não saiba nem isso! – Pedro parecia mais indignado do que quando conversaram na feira - Você por um acaso sabe quem foi o seu avô?
- Não – Respondeu Martin triste. Ele se sentia um tolo por sempre ser o único a não saber de nada - esse é um dos motivos pelo qual vim aqui. Para saber mais sobre minha família.
- Como assim? Nunca te contaram?
Martin abriu a boca para responder, mas uma voz atrás dele foi mais rápida.
- Está na cara dele que não!
Era Emma, a menina marrenta, que estava ouvindo toda a conversa.
- Droga, achei que ninguém estava escutando! – Sussurrou Pedro mais para si mesmo do que para Martin.
- Como acha que os outros não vão escutar com você falando alto assim? – Perguntou Emma. Aparentemente ela tinha escutado o sussurro de Pedro também.
- Eu não falo alto! – Retrucou ele.
- Pois eu estava escutando tudo!
- Porque é uma intrometida! – Provocou Pedro.
Emma cerrou os dentes e laçou um olhar furioso a Pedro.
- Pensei que você tinha medo dela, me disse para tomar cuidado e agora a está provocando? – Disse Martin.
Emma ficou com o rosto vermelho, quase roxo, de raiva.
- Qual é! Pensei que fossemos amigos! Porque esta me dedurando assim? – Disse Pedro
- Somos amigos? – Perguntou Martin. Como nunca tivera nenhum amigo, ele ainda não sabia como lidar com um. Mas olhando a cara de Pedro de cachorro abandonado sentiu pena e remorso. – Desculpa....
- Chega vocês dois! Isso não vem ao caso.... mas não vou me esquecer disso! – Disse Emma com o dedo levantado para Pedro que se encolheu um pouco, com medo– Mas a coisa é.... como você pode não saber nada sobre seu avô?
- Talvez os pais adotivos dele não soubessem. – Keyla também entrou na conversa.
- Ótimo, agora todo mundo vai dar opinião. – Resmungou Pedro.
- Minha mãe adotiva é minha tia – Respondeu Martin.
- Lilian Hinoko??? – Pedro quase gritara.
- Sim... – Martin se sentiu acuado e mais perdido do que nunca. Como eles conheciam toda a família dele? – Vocês podem me explicar porque toda essa surpresa?
Os três se entreolhavam para ver quem falaria primeiro. E foi Emma quem começou a explicar.
- Seu avô foi um dos guardiões.
- Guardiões? – Interrompeu Martin – Vocês vão ter que me explicar melhor do que isso, eu ainda nem entendi direito quem são esses guardiões.
- Fala sério, nem isso você sabe? – Pedro estava numa mistura de indignação e ansiedade – Os cinco grandes guardiões...os que têm os poderes iniciais que deram origem a nossa sociedade. São os que roubaram os poderes dos bruxos!
- Quer dizer que meu avô foi um dos primeiros a ter poderes? – Perguntou Martin confuso.
- Não. Ele herdou um dos poderes iniciais. Quando um guardião morre o poder dele renasce em outra pessoa da nossa sociedade. – Emma explicou com calma de braços cruzados, encostada em uma parede próxima. – O único dos primeiros guardiões que sobrou foi Rai-daime.
- Na verdade tem outro. – Retrucou Keyla
- Aquele Shinigami traidor não conta! – Pedro ficou ainda mais agitado.
- Shinigami...Deus da morte? Porque desse nome? – Perguntou Martin curioso.
- É como alguns da sociedade chamam o quinto guardião, Kaze-daime. Porque parece que ele enlouqueceu e começou a matar gente nossa sem motivo nenhum. – Explicou Emma.
O coração de Martin deu um salto. Estavam falando do assassino de seus pais, aquele que por algum motivo estava atrás dele também.
- Eu acho que ele deve ter um motivo sim... – Disse keyla com a voz tímida e baixa.
- Também acho, mas nada justifica matar pessoas. – Retrucou Emma.
- Eu concordo – Disse Martin um pouco irritado e com os punhos cerrados – Ele matou meus pais! E quase me matou também, sem motivo nenhum!
Ele percebeu que estava quase gritando e tentou se acalmar. Keyla se calou imediatamente, talvez com medo da reação de Martin, e baixou seu rosto novamente.
- Seu avô também foi uma das vítimas.... – Completou Emma
- O que??
Aquelas eram as primeiras informações concretas que ele estava tendo de seu avô e a cada nova se surpreendia ainda mais.
- O shini.....Kaze-daime....ele batalhou com Hi-daime, o seu avô, e o matou. Pelo que escutei foi no dia em que você nasceu, o mesmo em que ele matou seus pais também. – Explicou Emma.
- Mas... – Começou Martin
- Nem vem perguntar porque... – Interrompeu Pedro – Ninguém sabe porque eles batalharam. Todos achavam que eles estavam juntos e eram aliados.
- Meu avô? Aliado de um assassino?
- O problema é que ele traiu a sociedade – Disse Pedro
- Traiu? Como assim?
- São só suspeitas, mas, seu avô ficou estranho numa época, estava agindo sozinho, dizem que ele até ameaçou os outros guardiões de morte uma vez, claro que não deu certo. Ele não aguentaria lutar contra os outros três sozinho. Falam que ele se juntou àquele traidor para derrotar os demais. – Explicou Pedro
- Se estivessem juntos não teriam batalhado um contra o outro, quatorze anos atrás. E o Shinigami não teria matado a filha e o genro de Hi-daime. – Retrucou Emma.
- Ah teria, se Hi-daime tivesse feito algo de errado que o Shinigami não tivesse gostado! – Disse Pedro
continua na parte 2...
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Nota:
Shinigami significa Deus da morte ou espirito da morte. Na mitologia japonesa é um ser que convida os humanos a morte ou os leva ao suicídio.
