- Também achei que aquele golpe não foi normal. Já vi meu pai fazer algo parecido, ele cobre a espada com o próprio Maná que age como uma lamina mais afiada que a da própria espada. Dá para cortar uma pedra em um só golpe se souber como fazer direito. Um pirralho como o Alex não tem treinamento necessário para aquilo. – Emma estava explicando depois que Martin contou sobre a conversa com os guardiões.
- Será que eles acham que foi outra pessoa? – Perguntou Keyla. Por um milagre ela estava falando mais do que o normal naquele dia. Talvez por causa do choque que teve no dia anterior vendo Martin naquela situação.
- É como eles disseram ao Martin – Pedro começou a explicar com a boca cheia de um bife que acabara de pegar - para os semi-bruxos magias mentais são extremamente difíceis. Nem mesmo os guardiões dominam bem elas. Para os bruxos isso é bem mais fácil, tem uns que até se especializam e leem e apagam mentes toda hora.
- Desde quando você ficou inteligente e sabe tanto sobre os bruxos? – Perguntou Martin zombando do amigo.
- Eu ajudo meu pai de vez em quando com os estudos de magia dele. Li algumas coisas que ele escreveu. Sou obrigado a aprender algumas coisas.
- Ele tem algum tipo de acesso aos bruxos? Normalmente ninguém sabe desse tipo de informação. – Perguntou Emma curiosa.
- Acho que sim. Deve ter algum conhecido bruxo, não sei...
Emma não pareceu estar convencida, mas também não questionou mais.
Desde então os quatro se reuniam todas as noites que se seguiram para discutir o que poderia ter acontecido naquele dia, Martin adorava esse momento porque também aprendia muito sobre os infinitos usos da Maná e dos elementos. Mas havia algo a mais que ele estava gostando naqueles momentos, pela primeira vez ele realmente tinha amigos com quem conversar.
Mesmo assim algumas coisas continuavam o incomodando. Como Keyla que passou vários dias se desculpando com ele por não ter ajudado e sempre que fazia isso começava a chorar, isso sempre o constrangia e ficava sem saber o que fazer a não ser ficar ali e esperar que ela se acalmasse. Além disso tinha Alex, que não olhava mais na sua cara e evitava ficar no mesmo lugar que ele. Martin queria saber mais sobre os pais dele e porque toda aquela raiva, mas naquele momento não iria conseguir nenhuma pista. Porém o que mais o estava incomodando durante aqueles dias era algo muito mais simples. Por várias vezes ele havia pego seu celular e ficava vários minutos olhando para a mesma tela, a de mensagem. Desde que chegara não havia se comunicado com sua mãe ou seu pai, nem eles tinham mandado qualquer mensagem o que era ainda mais preocupante. Nesses dias ele havia começado a sentir falta deles, mas também não sabia o que dizer, reconhecia que tinha sido meio rude nos últimos dias que passaram juntos e não sabia como pedir desculpas. E mesmo que soubesse não havia nenhum lugar dentro ou fora do castelo que desse sinal de rede no aparelho.
- Porque não vai no laboratório de tecnologia mágica? Isso é a coisa mais fácil de resolver. É só colocar uma rede Maná nele. – Disse Pedro no dia que Martin confessou seus pensamentos a ele.
Já era começo de tarde, os dois haviam saído de Desenvolvimento de Maná encharcados por que Rai-daime começara a fazer os treinos de meditação debaixo de uma cachoeira que dificultava ainda mais a concentração e ativação da Maná. Depois de se trocarem foram direto ao shokudou almoçar. As meninas ainda não haviam chego, tinham ido trocar de roupa e estavam demorando a chegar.
- Laboratório de tecnologia mágica?? – Perguntou Martin confuso.
- É.... O que está no horário!
- Horário?
- Você não leu seu horário não?
- Claro que sim! Vejo ele todo dia, nunca me lembro as aulas que Emma marcou – Ele pegou o horário do bolso e leu novamente – Onde fala de laboratório aqui?
- Atrás tonto! – Pedro pegou a folha das mãos de Martin virou e devolveu - Aqui na academia tem alguns laboratórios, inclusive a gente pode fazer um estágio neles enquanto estuda, se quiser aprender algo especifico sabe?
- E você não se interessa por nenhum?
- Talvez. Meu pai quer que eu me especialize na área dele, estudo da magia. Mas prefiro esperar um pouco para me decidir.
Martin observou a lista por um instante. Haviam vários laboratórios de diversas áreas, desde estudo da magia até zoomagia. Ao lado do nome de cada laboratório havia o número de vagas disponíveis para os estágios. Estranhamente todos estavam com as vagas quase completas menos o de tecnologia mágica que continuavam todas abertas.
- Será que tem alguma coisa errada?
- Com o que?
- As vagas de tecnologia magica estão todas abertas.
- Ah isso! ... é que ninguém quer ir lá. Falam que o Senpai dele é meio doido e faz as pessoas trabalharem que nem escravos!
Martin não acreditou naquilo, a academia era cheia de boatos e a maioria eram falsos.
- Bom, eu vou passar lá só para ele ver meu celular mesmo. Você pode vir comigo?
- Para o covil de um doido? Claro porque não?
Os dois riram juntos. Após as aulas, Martin e Pedro foram direto ao terceiro prédio onde ficava o laboratório de tecnologia mágica. Quando chegaram a porta estava aberta, Martin bateu no batente e deu uma espiada dentro.
- Com licença... – Disse procurando alguém.
Um jovem estava sentado na primeira bancada olhando fixamente um computador e balbuciando algo que Martin não pode compreender. Ele se quer se mexeu quando os dois entraram no lugar.
- É..oi?? - O rapaz nem se mexeu. Martin olhou Pedro, mas ele deu de ombros. Então resolveu levantar um pouco a voz – OII?
O jovem se assustou dando um salto para trás e derrubando várias coisas do balcão. Ele ajeitou seus óculos e olhou melhor os invasores de seu território, pegou uma faca que estava na sua frente e apontou para os dois.
- Quem são vocês?? Porque estão aqui??
continua na parte 2....
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Nota:
Senpai é o mesmo que veterano, mentor ou tutor de alguém
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O Guardião e a sociedade secreta - Livro 1 (COMPLETO)
FantasyVocê gostaria de possuir magia? E se o método para obtê-la fosse obscura e perigosa e afetasse inúmeras gerações? Martin, um jovem que achava que era tão normal quanto seus colegas de escola, terá que corrigir o terrível erro de uma sociedade enquan...