Capítulo 2 - Fogo - Parte 1

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Um pouco mais de quatorze anos haviam se passado desde que Martin fora deixado na casa de seus tios, agora pais dele

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Um pouco mais de quatorze anos haviam se passado desde que Martin fora deixado na casa de seus tios, agora pais dele. Martin cresceu e virou um adolescente magro e mais baixo do que os demais da sua turma e tinha uma aparência bem mais jovem que os outros. Seus olhos eram castanho escuros e tinha os cabelos negros, grossos e lisos que caiam sobre um de seus olhos. Por mais que fosse um dos alunos mais inteligentes de toda a sua turma, ele era um garoto tímido e introspectivo e por esse motivo nunca teve amigos na escola. Gostava mais de passar tempo com jogos, filmes e celular do que se relacionar com seus colegas que julgava serem imaturos e desinteressantes.

Ele até tentara por um tempo se relacionar com outros da sua idade. Aos quatro anos, quando estava começando sua vida escolar, ao defender uma garota que estava sendo agredida por outro menino com um brinquedo, as mãos do pequeno agressor ficara toda queimada do nada quando Martin as tocou. A professora, os pais do garoto e sua própria mãe ficaram muito assustados e Lilian se desculpou diversas vezes apesar dos outros adultos não entenderem o que tinha acontecido. Essas coisas estranhas continuaram a acontecer com ele sempre quando se agitava com algo e não sabia o porquê.

Em inúmeras vezes, quando estava extremamente cansado ou nervoso algumas coisas ao seu redor simplesmente pegavam fogo. Desde pequenos focos como um pedaço de papel que queimara enquanto estudava para uma prova, até potenciais incêndios como o que acontecera quando viajara de férias com seus pais a um hotel na praia e, por ficar irritado com sua mãe por não o deixar entrar no mar, acabou, sem querer, colocando fogo no quarto inteiro em que estavam hospedados. Achou que ganharia um grande castigo naquele dia, mas seus pais ficaram tão aterrorizados e ocupados se desculpando com os funcionários do hotel, que não encontravam um motivo lógico para aquilo, que acabaram se esquecendo dele.

Por diversas vezes ele perguntara porque era diferente dos demais, mas seus pais não estavam dispostos a explicar e as respostas de sua mãe eram sempre iguais. "Você não é diferente, é tão normal quanto todos os seus colegas! ", "Todo mundo é especial de alguma forma, e você também é.". Mas nenhuma delas convencia ele.

O sinal bateu encerrando a última aula antes das férias de julho e todos saíram da sala apressados para poderem disfrutar cada segundo de suas folgas. Martin ainda se demorou um pouco para dar uma última olhada, disfarçadamente, em Daniela, uma linda garota branca, de cabelos pretos e olhos claros, a mais bonita da classe. A primeira lembrança que ele tinha dela era de quando ainda tinham 9 anos. Ela sempre foi muito gentil com Martin e sempre tentou puxar conversa, mas como ele sempre ficava muito nervoso com ela por perto e por medo de coisas ruins acontecerem ao seu redor, ele sempre fugiu dela. Mas naquele dia Martin achou que deveria fazer mais uma tentativa de aproximação. Quando ela saiu da sala com as amigas ele saiu também e a seguiu até a saída. Depois de se despedir de suas amigas, Daniela estava ali sozinha esperando sua carona para ir para casa como sempre. Era o momento perfeito. Ele respirou fundo e foi em direção a ela, seu coração começou a disparar e sentiu que estava começando a suar. Quando parou ao lado dela parecia que ia parar de respirar.

- Oi! – Disse Daniela sorrindo quando notou a presença dele ao seu lado.

- O...oi...tudo bem? – Gaguejou Martin.

- Tudo e você?

A resposta a essa pergunta simples demorou para vir a boca de Martin. O que deveria falar? O que ela iria pensar dele? Será que ele estava parecendo um idiota na frente dela? Ele respirou fundo e tentou continuar uma conversa natural.

- Tudo....é......

- O que vai fazer nas férias? – Interrompeu ela como se aquela fosse uma conversa habitual entre eles.

Martin ficou surpreso. "Será que ela queria combinar alguma coisa? E se fosse, ele deveria aceitar? Ela não acharia ele mais esquisito ainda se o conhecesse melhor? ". Os pensamentos dele explodiam na sua mente.

-E...eu...- Martin fora interrompido com um empurrão por detrás que o fez cair de cara no chão. Quando se virou e sentou, olhou para ver quem o tinha empurrado e viu Carlos, um garoto alto, negro, que agia como se fosse o chefe de toda a escola e atrás dele estavam seus dois amigos brutamontes: Jorge e Juca.

- Esse nerdzinho está te incomodando Dani? – Perguntou Caros estufando o peito e cruzando os braços com os olhos fixos em Martin.

Jorge e Juca riam para apoiar e incentivar Carlos.

- Para Carlos! – Disse Daniela ajudando Martin a ficar de pé – A gente só estava conversando e você está atrapalhando! Vai embora!

- Você vai ficar do lado desse esquisito e me desafiar Dani? – Carlos começou a se aproximar de Daniela com uma expressão de raiva e de quem iria bater nela mesmo sendo uma garota.

Então, como que de reflexo, Martin, que já estava de pé ao lado de Daniela, esticou o braço na frente de Carlos fazendo-o parar e voltar sua atenção para ele.

- Olha só! O franguinho vai defender a namoradinha, vai? – Desafiou Carlos aproximando seu rosto ao de Martin.

Martin permaneceu quieto, seus olhos fixados nos de Carlos. Sua mão direita se fechou com força, pronta para dar um soco no estomago de seu inimigo. Foi quando tudo aconteceu, tão rápido que os cinco adolescentes mal conseguiram entender o que estava se passando.

Martin só pode sentir um forte empurrão por detrás que o atirou a alguns metros de onde estava. Depois de um breve momento onde tudo ficou preto, ele conseguiu levantar seu rosto do chão, mas sua visão ainda estava turva, não conseguia distinguir muita coisa, só ouvia pessoas gritando e correndo em direção oposta ao lugar de onde estava. Foi quando seus olhos finalmente entraram em foco que conseguiu ver que algo havia explodido atrás deles e agora ele e os outros quatro estavam estirados no gramado em frente à escola.

Continua na parte 2..

O Guardião e a sociedade secreta - Livro 1 (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora