Você gostaria de possuir magia? E se o método para obtê-la fosse obscura e perigosa e afetasse inúmeras gerações?
Martin, um jovem que achava que era tão normal quanto seus colegas de escola, terá que corrigir o terrível erro de uma sociedade enquan...
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A arena era uma grande construção oval que lembrava o famoso coliseu de Roma. Os quatro amigos entraram pelo único acesso que havia, um corredor debaixo das arquibancadas que faziam uma meia lua em torno de um campo de terra oval deixando o lado oposto do campo aberto onde dava para um penhasco.
O lugar já estava cheio de gente incluindo alunos mais velhos que lotavam as arquibancadas, todos ansiosos como se fossem assistir uma grande apresentação ou um grande jogo de futebol.
- Porque tem tanta gente? – Perguntou Martin.
- Todos querem saber que elementos os alunos novos dominam. É como se fosse uma grande iniciação para você entrar na guilda do seu elemento.
"Que ótimo" Pensou Martin "Um monte de gente para me ver pagando mico".
Por toda o campo haviam pequenos círculos formados por 5 objetos que Martin não pode identificar a princípio. Rai-daime estava no estremo oposto da arena na parte aberta onde, atrás dele, se encontrava o penhasco. Estava sentado de pernas cruzadas e olhos fechados, provavelmente meditando. Martin se perguntou como ele conseguia fazer isso em meio a tanto barulho dos que estavam ali. Rai-daime então abriu os olhos e se levantou abrindo os braços e todos ficaram em silencio.
- Boa tarde a todos os presentes! – Disse o mais alto que pode para que todos da arena escutassem- Por favor gostaria que os alunos recém-chegados que terão que fazer o teste se aproximem!
Quase todos os novatos se apresentaram para o teste, ficando apenas Emma, Alex e mais quatro alunos que usaram seus poderes durante a subida das escadarias. Quando todos já estavam próximos Rai-daime começou a falar só para eles.
- O teste de vocês é bem mais simples que o primeiro que fizeram ontem. Vocês terão que se sentar no centro de um dos círculos da arena. Se concentrem e entrem em estado de meditação. O resto vai acontecer naturalmente. Já podem se posicionar e começar. – Ele terminou a frase com um grande sorriso e os braços abertos indicando para se posicionarem pela arena.
Martin desejou que as explicações fossem mais especificas. Era a primeira vez que fazia uma meditação...como faria isso? A única coisa que se lembrava sobre meditações era que tinha de ficar parado e esvaziar sua mente. Mas...era só isso mesmo?
Todos se espalharam pelos círculos. Ao chegar perto de um deles, o mais próximo de Rai-daime e o mais longe das arquibancadas, Martin reparou que o círculo era formado por 5 recipientes de vidro, cada um tinha um conteúdo diferente do outro. Em um deles havia um pouco de areia, no seguinte água, no outro uma pequena vela acesa, o próximo era um pote vazio e o ultimo com uma pequena lâmpada como as de natal já acesa. Sem saber o que fazer, ele apenas imitou os demais que se sentaram de pernas cruzadas e fecharam seus olhos em uma posição ereta.
Se seu elemento dominante era o fogo, será que ia acontecer algo com a vela? Ele abriu um pouco o olho direito para ver o tal recipiente. Nada tinha acontecido. Tinha que se acalmar ele mal tinha começado. Talvez fosse mais demorado. Mas não conseguiu se concentrar. Todo tipo de pensamentos vinha a sua cabeça, imaginou seu avô naquele mesmo lugar que ele estava agora, talvez ele tivesse feito o mesmo teste, será que ele tinha mais facilidade em meditar? Seus pais deviam ter passado por aquilo também. Pela primeira vez sentiu vontade de tê-los conhecido. Não sentira isso antes porque seus tios foram sempre ótimos pais e não deixaram faltar nada a ele. Até então o que tinha era curiosidade em saber quem foram eles e nada mais. Tentou imaginar porque sua família traiu a comunidade, se teria acontecido algo que seu avô não tinha concordado ou se descobrira algo de errado naquilo tudo. Porque se juntara ao maior traidor de todos e porque brigaram no final.
Ouviu algumas pessoas na arena baterem palmas, Rai-daime fora até um dos círculos e estava à frente de um dos alunos, que já estava de pé, cumprimentando ele. Aparentemente ele já tinha descoberto seu elemento dominador. Martin fechou os olhos novamente. Tentou se concentrar de novo. Mas nada adiantava. Seus pensamentos continuavam divagando. O tempo foi se passando, ele ouvia um conjunto de palmas atrás do outro. Começou a ficar ansioso, quanto tempo iria ficar ali? Porque nada acontecia?
Mesmo com os olhos fechados percebeu que agora restavam poucas pessoas. Ele escutou mais quatro aplausos um seguido do outro, então começaram alguns murmúrios das arquibancadas. Ele abriu seus olhos outra vez e olhou ao redor, só restara ele ali na arena. A plateia já tinha diminuído mais da metade. Rai-daime veio até ele e se sentou na sua frente.
- Não se preocupe, pode levar o tempo que precisar, eu não tenho pressa nenhuma. Apenas se concentre!
Martin abaixou a cabeça olhando o chão arenoso, sentia que estava falhando em algo muito importante.
- Eu não consigo. – Disse entristecido.
- Pare de pensar em seu passado. E não sofra pelos atos da sua família.
Ele ficou surpreso com as palavras de Rai-daime. Será que ele podia ler mentes?
- O que aconteceu antes de você não diz quem você é. É você quem vai determinar isso daqui para frente. Se concentre, você é muito mais forte do que pensa.
Martin olhou Rai-daime que continuava sorrindo. Respirou fundo e fechou os olhos novamente, mas sua mente divagou mais uma vez. Dessa vez por sentimentos de vergonha e culpa. Ele era o único que sobrara ali. Não devia ser normal uma pessoa demorar tanto assim neste teste. Perdera a noção de quantas horas já haviam passado desde que começara o teste, mas sabia que eram muitas. O sol começava a se pôr e já dava para sentir o frescor da noite. Seu corpo começou a pesar com o cansaço, sentiu seu estomago vazio e lembrou que não comera quase nada no almoço. Talvez por causa da fome e da fraqueza começou a sentir sono. Pelo menos sua mente começou a esvaziar, sentia-se agora mais tranquilo. Foi quando estava quase pegando no sono que sentiu algo envolvendo todo seu corpo como um fluido viscoso e ouviu algo a sua direita rachando e quebrando. Então a voz de Rai-daime falou.
