- Pelo visto você não vai conseguir descansar enquanto não te responder a tudo que quer perguntar, não é? – Rai-daime falou aquilo sorrindo – Eu coloquei ela aos cuidados de Killua.
Martin sabia o que aquilo queria dizer. Ela seria provavelmente morta por ele.
- Ele vai fazer o trabalho dele assim que tirar algumas informações dela – Rai-daime pareceu ler a mente de Martin, o que não era tão improvável - Por falar em Killua ele me mandou felicita-lo por quebrar o recorde dele de vindas a enfermaria... particularmente não acho que seja um motivo de orgulho, mas...
Martin riu e suas costelas doeram um pouco. Mas logo ficou sério outra vez.
- Rai-daime, ela me disse algumas coisas...
- Você tem muitas perguntas meu jovem – Interrompeu Rai-daime.
Martin assentiu com a cabeça. O guardião o olhou com um olhar sereno.
- Eu compreendo. Pode me perguntar. Eu prometo responder tudo com sinceridade.
Eram tantas perguntas que Martin nem sabia por onde começar. Por fim se decidiu.
- Meu avô...ele....
- Ele não nos traiu nem se juntou a Kase-daime se é isso que você quer tanto saber.
Aquilo surpreendeu Martin. Não esperava que ele fosse realmente falar sobre aquilo tão facilmente.
- Ele só queria pará-lo e tinha várias ideias para isso. Foi com uma delas que ele descobriu coisas sobre nossa origem que ele não concordava. Bom, ninguém concordaria se descobrisse para falar a verdade....
- Que vocês mataram inúmeros bruxos para fazer a Pedra Filosofal? – Interrompeu Martin.
Rai-daime ficou surpreso com o tanto de informação que o garoto tinha. Ele ainda se demorou a falar mas continuou depois de refletir um pouco.
- Pedra filosofal... até hoje me pergunto de onde arrumaram este nome. O nome que nós demos àquilo acho que era mais apropriado.
Martin procurava entender o que Rai-daime estava tentando dizer, então se lembrou do nome no papel no grimório de seu avô.
- Lacrima .... quer dizer...lagrima?– Disse ele em voz alta.
- Sim. Pelas inúmeras tristezas que causamos ao fazer esta pedra demos este nome.
Apesar de Rai-daime estar confirmando aquilo, Martin não queria acreditar que fosse verdade.
- Por que? – Ele perguntou sem conseguir pensar em uma pergunta mais elaborada.
- Eu não sei te dizer os motivos dos outros guardiões. Mas quanto a mim, só posso dizer que eu era um tolo que passou por cima de tudo e de todos por causa de um sonho bobo.
Uma lagrima escorreu de seus olhos ao dizer isso. Martin não conseguiu sentir raiva dele, apesar de saber que o que ele fez era repugnante. Uma outra pergunta então veio à mente de Martin.
- Tsuchi-daime nos falou no começo do semestre que Kase-daime foi preso pelos bruxos por um ano. Foi por isso?
- Sim. Para Jean não bastou apenas possuir algum poder, ele queria mostrar àqueles que o humilharam por anos que conseguira. Eles ficaram surpresos é verdade, mas também suspeitaram e investigaram como aquilo foi possível. Quando descobriram sobre as mortes pegaram Jean e o prenderam, nós só escapamos porque ele disse ter agido sozinho e não nos entregou. Eu tive que apelar à compaixão do irmão dele que era bruxo para tira-lo da prisão. Quando ele conseguiu solta-lo nos ajudou a fugir para este lugar onde fundamos esta academia.
Os dois permaneceram por alguns minutos em silencio. Nenhum deles sabia o que dizer. Era um erro terrível, mas já haviam se passado centenas de anos, não havia como concertar ou voltar atrás.
- Mas, voltando ao seu avô – Rai-daime quis cortar o silencio e claramente mudar um pouco o assunto – Bom, ele nos perdoou depois de alguns anos revoltado com esta descoberta. E então pesquisou diversas outras formas de parar Kase-daime e ficou obcecado com isso. Saiu da academia em uma viagem em busca de melhores informações e nunca mais voltou. Encontramos ele alguns anos depois morto pelo nosso inimigo.
- Ele não foi morto – Martin interrompeu mais uma vez – Ele mesmo se matou porque não queria entregar o poder ao Shinig...a Kase-daime....
Dessa vez quem ficara de queixo caído foi Rai-daime.
- Isso é novo – Rai-daime ficou estático por um momento pensando naquilo. – Enfim, eu descobri que Kase-daime havia ido atrás da sua família. O peguei um segundo antes de que te atacasse. Ele já havia matado seus pais. Eu consegui detê-lo, levei-o longe dali e batalhamos em uma das ilhas vulcânicas aqui do Japão. Infelizmente não terminamos nossa batalha e ele fugiu.
"Depois disso retornei à sua casa, encontrei uma carta que sua tia tinha enviado a sua mãe felicitando pelo novo filho. Então peguei o endereço nela e te levei para lá. "
Martin olhou para o chão por um momento procurando pela próxima pergunta que poderia fazer.
- Rai-daime, eu realmente sou um guardião? É por isso que ele me quer morto?
- Ah, isso. Bom, é provável que você seja um guardião, ainda não estamos certos disso. E não sabemos se é esse o motivo dele te perseguir, mas é o único que encontramos até agora. Talvez ele queira te matar antes que fique mais forte.
- Keyla disse que ele quer meu maná. Por isso tinha que me levar vivo até ele.
- Entendo – Rai-daime ficou calado. Aquela parecia ser outra nova informação para ele que precisava processar melhor antes de comenta-la.
Martin não encontrou mais nenhuma pergunta que pudesse ser feita naquele momento, então resolveu fazer apenas mais uma, a que lhe parecia mais idiota e a mais importante de todas.
- Rai-Daime, o Senhor já sonhou com monstros?
- Monstros? – O guardião estranhou.
- Sim. Monstros que te oferecem o próprio poder para te deixar mais forte.
Rai-daimeparou por um momento observando o garoto com seus olhos negros. Parecia estaratônito com aquela pergunta. Por fim resolveu responde-la.
Continua na parte 3...
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O Guardião e a sociedade secreta - Livro 1 (COMPLETO)
FantasiVocê gostaria de possuir magia? E se o método para obtê-la fosse obscura e perigosa e afetasse inúmeras gerações? Martin, um jovem que achava que era tão normal quanto seus colegas de escola, terá que corrigir o terrível erro de uma sociedade enquan...