Fragile

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Presídio de Michigan.

POINT OF VIEW JULIETA SMITH

Solto um longo suspiro pela boca.

720 horas.

432.000 minutos.

Um mês.

Remexi na comida pastosa, branca e gosmenta, aparentemente mais uma cola que uma refeição e senti meu estômago se forçar a querer cuspir para fora, mas respirei fundo e engoli a força. Eu conseguia sentir meu corpo mais magro, minhas forças se esgotando e tudo de mim se esvaindo. Terminei de me alimentar, engolindo a água rapidamente para conseguir não por para fora. Levanto rapidamente, com o olhar baixo e deixo a bandeja sobre a mesa, passo pelas guardas e uma me leva, sem pestanejar para minha cela.

Eu sentia vontade de chorar, contudo estava evaporando por dentro. Nenhum dos meus amigos havia vindo ao dia da visita, nem minha mãe e muito menos Justin. O meu coração partiu-se em centenas de pedaços. Não queria acreditar, no entanto, coisas me mostravam que eu estava sendo jogada de escanteio. Bieber prometeu que jamais desistiria de mim, eu necessitava dele naquele momento mais do que qualquer coisa. Eu precisava ouvir sua voz para não enlouquecer. Eu precisava dele!

— Por que não tenta fazer uns exercícios nos dias de saída? Faz bem, ajuda há passar o tempo. – Phoenix disse e apenas dei de ombros, escorregando na parede e sentando no chão, abraçando meus joelhos. — Smith, você perdeu peso e esta ficando doente. Eu sei disso.

— Não vou aguentar 15 anos aqui, Phoenix!

— Eu sei, meu anjo, eu sei. Você tem um futuro lá fora, não desista dele. Não desista do seu Justin.

Ouvir seu nome fez meu coração bater, mas doer.

— E se ele desistiu de mim?

— Então você vai sair dessa merda, de cabeça erguida, gostosa e vai dar a volta por cima. Por que com ele ou sem ele, você pode qualquer coisa.

Levantei o olhar, avaliando-a e ela parecia séria, balancei a cabeça concordando. Eu precisava ser forte, por mim. Mesmo que fosse difícil de respirar, precisava aguentar essa dor em meus ossos, eu merecia que eu lutasse por mim mesma. Eu merecia uma segunda chance.

— 15 anos pode ser muito tempo.

— 15 anos é muito tempo, querida.

— Smith, levante! Visita para você, madame. – O policial Hayes chamou através da grade, me levantei e senti seu olhar navegar por meu rosto. — Tudo bem?

— Ahn?

— Quero... Hm, saber se esta bem. – Disse após me algemar.

— Mais ou menos. – Assentiu, com um semblante estranho.

— Sinto muito se as algemas estão apertadas.

— Não estão, mas obrigada igualmente. – Sorri para o moreno, pela primeira vez um policial não havia apertado minhas algemas, senti os dedos de Hayes enrolarem meus pulsos com delicadeza, enquanto me guiava. Franzi o cenho, de cabeça baixa, estranhando sua atitude. Eu nunca havia o avaliado. Hayes tinha os cabelos castanhos, olhos azuis e barba rala, deveria ter mais de 1,80 de altura e parecia o dobro de mim, toda vez que estava por perto, eu me intimidava por ele sempre. Hayes era um dos policiais mais fechados e pelas detentas, o mais difícil. — Obrigada, novamente.

Disse para ele, após entrarmos na sala com o meu advogado. Hayes soltou minhas algemas, analisando como sempre a situação antes de sair da sala, virei-me para sentar e coloquei as mãos sobre o meu colo.

Abstinence | CONCLUÍDAOnde histórias criam vida. Descubra agora