10 anos depois...
POINT OF VIEW JULIETA BIEBER
— Bisturi lâmina no. 15. – Pedi e o residente me entregou, fiz a incisão em seu músculo, próximo ao osso do seu ombro e vi a bala alojada entre os músculos. Minha luva cirúrgica estava coberta de sangue quando peguei a tesoura, usando para abrir o espaço entre os tecidos. Retirei a bala, colocando em um pote metálico pequeno. — O que é que eu preciso fazer agora?
Perguntei á um dos residentes, que estavam próximos de mim, avaliando e cuidando cada movimento meu. Continuaram em silêncio e respirei fundo através da máscara.
— Uma síntese. – Disse. — É uma das etapas para fazer a reaproximação das extremidades dos tecidos, com finalidade de acelerar a cicatrização.
— Agulha. – Estenderam e costurei com um fio.
Afastei-me e apontei para a residente Oliver fazer a transfusão de sangue.
— Paciente homem, chegou com hemorragias e um tiro no ombro esquerdo. – Ela começou. — Após a síntese é necessário fazer uma transfusão de sangue.
— Exatamente. – Entreguei para ela a bolsa de sangue.
A residente terminou de fazer e continuou a ventilação mecânica, enquanto eu fazia a sutura e cobria seu ferimento. Retirei as luvas, jogando no lixo e abaixei minha máscara, sorrindo para os meus pupilos.
— Vocês precisam saber o que está acontecendo aqui, é a vida de um ser humano. Cada etapa da cirurgia deve ser avaliada com todo cuidado. E me desculpem, senão estão preparados para isso, devem voltar para casa. Eu preciso de pessoas preparadas e que estejam adaptas a fazer o que for preciso. – Avisei, ficando séria. — Podem ir.
Saí da sala, após lavar as minhas mãos e retirar o avental, junto das vestimentas cirúrgicas. Caminhei pelo corredor branco, inalando o cheiro de álcool e fui para ao refeitório, pegando um copo de café sem açúcar e beberiquei, sentando-se à mesa com o médico Nighy.
— Você está demasiadamente linda. – Ele disse com o seu sotaque inglês.
— E exausta.
— Como foi com os residentes?
— Pelo menos ninguém vomitou desta vez. – Nighy riu, entregando-me seu bolinho. — Eu tento estender, não foi fácil para mim também.
— Ah, por favor! Você era uma das melhores residentes, senão, a melhor. – Sorri.
Sentia alguns olhares queimando em minha direção e Nighy, neurocirurgião e meu melhor amigo, também sentiu. Sorrindo para mim genuíno, como se quisesse me dizer para não se importar.
— Sempre serei vista assim. – Suspirei terminando meu café e levantei, largando no lixo e Nighy me acompanhou, caminhando entre os corredores do Hospital de Los Angeles. — A esposa de um traficante.
— Não deveriam vê-la assim, e sim, como a excelente médica cirurgiã que é. – Dei de ombros.
Uma maca atravessou violentamente as portas duplas da emergência e ao ouvir “Homem ferido!”, meu coração saltou mais rápido e olhei para o paciente, vendo que não era Justin. Night me abraçou pelos ombros ao perceber a minha situação. Sempre era a mesma coisa. Qualquer pessoa que chegasse com ferimentos de bala, eu sentia que poderia ter um ataque cardíaco. O meu maior medo era ter que ver o meu marido chegando naquela situação.
— Está a 96 horas trabalhando a base de café e bolinho inglês. – Apontou para mim. — Precisa descansar.
— Você tem razão. – Assenti e me despedi de Nighy, caminhando para a sala dos armários e abri o meu, retirando meu jaleco e colocando dentro. O celular vibrou em meu bolso e retirei, vendo o número de Chaz brilhar na tele. Atendi:
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Abstinence | CONCLUÍDA
FanfictionDesde a primeira vez que a vi, soube que tinha que fazê-la ser minha. Cada qualidade e defeito dela faziam-me a querer mais e mais. A raiva e ódio me contaminavam só de imaginar a minha garota com outro, ela é a única que consegue me fazer sorrir ve...