Abstinence | CONCLUÍDA

Fix a Heart

Dois meses depois…

Detroit, Michigan.

POINT OF VIEW JULIETA SMITH

A minha rotina continuava a mesma. A partir das sete da manhã, buscava Tristan, o levava para a escola, buscava e ficava até às cinco horas, quando Pattie chegava. Depois, trocava de roupa e ia para o bar do Luke, onde eu passava a madrugada inteira. Porém, as coisas mudaram. Desta vez, quando entrava em casa, não via Lucy, Henry ou Scott. Fazia uma semana que eu sai da casa da minha mãe, vindo morar em um apartamento perto do centro de Detroit, de dois quartos. Algumas coisas eu ainda comprava, mas aos poucos tudo ficava como eu queria.

Larguei as sacolas no balcão da cozinha e tirei as almofadas novas, colocando nos dois sofás na sala e desempacotei os alimentos, guardando nos armários e na geladeira. A maioria era congelada, eu não tinha tempo para cozinhar e muitas vezes me atrasava, então decidi apenas comprar coisas fáceis e rápidas de fazer, que não me custassem mais de 30 minutos.

Entrei em meu quarto, deixando os dois livros que havia comprado sobre a cabeceira da cama. Hoje, Pattie ficaria com Tristan, seria meu dia de folga e eu iria, finalmente descansar.

Tirei minha roupa, colocando no cesto de roupas sujas e abri a porta do Box de vidro, entrando e deixando a água quente me acalmar. Tomei um banho, vestindo meu pijama e passei a minha tarde inteira assistindo filmes atrás de filmes. Quando recebi uma mensagem de Henry, convidando-me para sair e aceitei.

— Sua mãe está tão chateada, chega a dar pena. – Henry disse, através do FaceTime.

— Ela pediu por isso.

— Eu sei. E você tem razão. – Abri meu armário, retirando um vestido. — Meu pai sempre tenta a animar, mas não está dando.

— Eu não sinto ódio dela, mas me magoou demais saber aquilo e por enquanto, eu não consigo falar com ela como se nada tivesse acontecido, Henry. – Prestava atenção em minhas palavras. — Quando for à hora, espero conseguir perdoa-la. Lucy ainda é a minha mãe.

— Uma mãe que te deixou na prisão.

— E que apenas ia me visitar por pedidos de Justin. – Soltei um suspiro. — Ela me liga todas as noites, porém...

— É difícil. Tanto a parte de querer falar com ela, mas estar magoada. E não querer falar com ela, porém estar magoada. É confuso, mas é isso. – Ri e concordei.

— Eu nunca esperei isso vindo dela. Lucy era tudo para mim.

— E o que vai fazer?

— Seguir minha vida. Achar um professor para me dar aulas, aproveitar, trabalhar e correr atrás do tempo perdido. Com ela eu me resolvo depois.

— Eu entendo você, Julie.

— Obrigado. – Sorri. — Irei me arrumar, você irá vir me buscar?

— Sim. Estarei aí às onze.

Encerrei a chamada, encontrando uma roupa. Era um vestido ombro a ombro, de mangas compridas, que batia na metade das coxas, coberto de brilho e preto. Calcei meus saltos abertos, sentando na cama para concluir tal feito. Deixei meus cabelos ondulados, para depois os bagunçar e minha maquiagem marcava os olhos, além de concluir com o batom vermelho vivo. Olhando meu reflexo no espelho, talvez um ano atrás eu jamais pensaria estar me arrumando para uma festa. Pois, na prisão, meu único pensamento era como acordar todos os dias, percebendo a situação que eu estava e que, todos os dias eu deveria ser forte, mesmo que tentassem me provar o contrário.