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Detroit, Michigan.

POINT OF VIEW JULIETA SMITH

Quando eu tinha apenas oito anos, um menino da minha turma debochou do professor, que como resultado, perguntou para ele a tabuada de um número enorme. No qual a classe ainda não havia aprendido, eu ergui a mão, engoli á seco e respondi, apenas contando na cabeça.

240.

Eu respondi em voz alta, os olhares em minha direção e pensei que não era tarde demais para abrir um buraco diante os meus pés e esconder-me, contudo meu professor sorriu abertamente, ficando em silêncio e deu as costas, voltando a escrever no quadro. Aquilo significava um correto seu. Desde então ser tão nerd não era tão ruim. Pelo contrário, eu ajudava alguns meninos do futebol que tinham dificuldade, auxiliava alguns alunos durante a aula com supervisão do professor, dava aulas extras para quem precisava. Não era nada mal ser a inteligente. Eu não era uma aluna média, sabia que era uma aluna A+, porém notas eram apenas notas, eu gostava de aprender e parecia mágico a minha mente suportar tanta informação.

— Notas são apenas notas. – Respondi á Tristan, vendo seu rosto avermelhado perante o choro ao mostrar sua prova de matemática. — Uma nota não define sua inteligência.

— Eu nunca tirei um D. – Choramingou.

— Para tudo tem uma primeira vez. – Acariciei seus cabelos. — Talvez, na próxima, você se esforce mais e tire seu tão amado A+. Sabe que é capaz. Um D não vai arruinar sua vida, na verdade, você nem se lembrará dele depois de alguns anos.

— Notas são apenas notas. – Repetiu e concordei, sorrindo.

— A inteligência vai além de saber toda a tabela periódica ou o nome de todas as cidades do mundo. – Expliquei. — Claro. É essencial saber, vai precisar algum dia. Porém, não vá achando que sua nota define quem é. Você é um menino inteligente e um D não vai mudar isso. Okay?

— Okay. – Soluçou.

— Acho que podemos refazer sua prova e ver no que errou, o que acha? – Assentiu e peguei uma folha do seu caderno, entregando para ele.

Fiquei o observando, lendo e relendo cada exercício, começando e apagando, até notar o que havia errado. Tristan estava tendo dias ruins, mas nada que não pudesse superar. Eu via muito de Justin nele. A maneira de falar ou como quando estava nervoso, bagunçando os cabelos. As manias eram as mesmas, e ambos tinham o jeito de sempre olhar no fundo dos olhos de alguém ao conversar com uma pessoa, avaliando. Arrepiava-me estar diante de sua cópia mais que fiel.

— Eu guardei um pedaço de bolo para você no meu aniversário. – Comentou, escrevendo a resposta no final da conta. Arqueei a sobrancelha. — A tia Blair e meu pai sempre falavam de você, o tempo todo e na casa dele em Los Angeles tem diversas fotos de vocês dois, no começo não se lembrava disso quando te conheci.

— Mesmo?

Assentiu.

— Seu cabelo agora é vermelho e nas fotos está castanho claro. Meu pai guarda uma coroa que deu para você. Quando um dia perguntei sobre a Julieta, ele me disse que era a mulher que sempre irá amar. – Meu coração parou. — Por que foi embora?

— Ahn... – Perdi a fala. — Não fui embora.

— Não? – Franziu o cenho, largando o lápis. — Meu pai guarda fotos suas no escritório ainda.

— Eu fui presa. – Arranhei a garganta. — Ér...

— Por que foi presa?

— Por que... – Procurei as palavras certas. — Por que algumas pessoas acharam que eu tinha feito algo, mas apenas cinco anos depois descobriram que eu era inocente.

Abstinence | CONCLUÍDAOnde histórias criam vida. Descubra agora