Pieces

2.3K 103 59
                                    


Semanas depois.

Detroit, Michigan.

POINT OF VIEW JULIETA SMITH

A música era ensurdecedora, bebi um gole da cerveja, jogando a garrafa no lixo após acabar e limpei o balcão com um pano úmido. Faltava apenas uma semana para o casamento, Justin e eu estávamos bem novamente depois uns dias e muita conversa. Eu sentia cada átomo do meu corpo incendiar de ansiedade pelo grande dia, porém também sentia o polo norte em minha barriga, com o nervosismo por estar tão perto. Isso me fazia querer gritar de felicidade.

— Aqui está. – Entreguei os copos e a garrafa de uísque para dois homens. — Só isso?

— Sim, obrigado. – Sorri e dei as costas, pegando mais bebidas e passando pelas pessoas, enquanto elas pegavam os copos com líquidos. Tentei respirar fundo, sentindo-me sufocada e eu estava suando frio. Encostei-me no balcão, buscando equilíbrio quando percebi minha visão escurecer.  Ouço alguém me perguntar algo, mas caminho em direção ao banheiro, tocando na parede para chegar e segurar na pia de mármore, vendo que eu estava pálida. Lavei meu rosto com a água gelada, tentando me acalmar.

— Você está bem? – Olhei para o lado, vendo uma mulher me fitando.

— Sim, e-eu... – Corri até o banheiro, despejando todas as cervejas que eu havia tomado desde que cheguei para acalmar meus nervos. A mulher segurou meus cabelos e ficou ao meu lado. — Não precisa me ajudar.

— Já passei por isso, deveria pegar leve na bebida.

— Eu geralmente pego, mas ando ansiosa demais. Não sou fraca para bebidas.

— Todos somos até um ponto. – Respirei fundo, encostando-me na parede da cabine.

— Não deveria ter bebido sem comer nada. – Ela me ajudou a levantar e lavei a boca para disfarçar o cheiro. A mulher me entregou chicletes de menta e agradeci. — Prazer, Julieta.

— Sei quem você é. Prazer, Emily. – Apertei sua mão. — Todos sabem quem você é.

— Preferiria que não soubessem. – Resmunguei.

— Deve ser uma merda.

— E é. Obrigado por me ajudar, Emily. Preciso voltar ao serviço.

Despedi-me dela e voltei a atender, limpando algumas mesas para que outras pessoas, que estavam chegando, pudessem se sentar. A noite havia acabado mais tarde do que normalmente por conta de um aniversário. Era quase seis da manhã quando me despedi dos funcionários e entrei na caminhonete, girei a chave na ignição e dei partida.

Durante o caminho, passei em uma cafeteria para comprar dois cafés, para mim e para Justin. Novamente aquela sensação de suar frio e falta de ar voltou, parei o carro quando o sinal estava vermelho e abri a garrafa d’água, tomando um gole e dei partida quando ficou vermelho. Pisquei consecutivamente quando a minha visão escurece e ouço o som de buzina, meu coração batia rapidamente e sinto uma batida violenta quando minha caminhonete atinge algo, me fazendo apagar.

[...]

A claridade me cegou, apertei minhas pálpebras tentando não deixar a luz entrar e abro meus olhos novamente, piscando consecutivamente para me ajudar e meus olhos varrem pelo teto branco, as paredes azuis e minhas pernas cobertas pelo lençol fino. Ergui meu tronco, apoiando-me em meus cotovelos e vendo que estava em um quarto de hospital.

— Finalmente acordou. – Olhei a mulher de olhos azuis e cabelos castanhos me encarando, franzi o cenho. — Sou eu, Emily.

— O que aconteceu?

Abstinence | CONCLUÍDAOnde histórias criam vida. Descubra agora