Chance

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Detroit, Michigan.

POINT OF VIEW JULIETA SMITH

Segurei com uma mão os copos descartáveis de café e empurrei a porta com as costas, entrando no meu apartamento e deixo as sacolas sobre o balcão, bebericando um gole da minha bebida quente. Desempacotei os alimentos e preparei o café da manhã, colocando em uma bandeja e quando chego ao quarto, vejo Justin sentado, avaliando o ambiente com uma expressão confusa, até seus olhos pararem em minha direção e noto seu rosto voltando ao normal aos poucos.

— Como está? – Coloquei em sua frente. — Ainda com dor?

— O que... O que houve?

— Não se lembra de nada? – Parou, parecendo pensar, antes de negar. — Você entrou no meu apartamento pela janela todo machucado e ensanguentado, com um tiro em seu ombro.

Automaticamente Justin olhou o seu ombro, percebendo o curativo, retirando um pouco e vendo os pontos que eu havia dado.

— Você que fez?

— Sim, você se recusou a ir para o hospital. Fiquei muito preocupada com você, Justin. Eu não sabia o que fazer, mas parece estar bem melhor agora. Quer que eu ligue para alguém? Chaz, Ryan... – Balançou a cabeça, negando. — Precisa de alguma coisa?

— Eu me lembro de estar em um bar, bebi um pouco e peguei meu carro, uns caras me seguiram e eu parei em uma rua escura, então me bateram. Quando foram embora, apenas pensei que não poderia ir para casa desse jeito e eu sabia onde você morava. – Ergueu o olhar, me encarando. — Não sei como subi aqui, só sei que apaguei e acordei aqui.

— Sabe quem foi essas pessoas?

— Não.

— Bom, você vai descobrir, tenho certeza.

— Obrigado por ter cuidado de mim. – Sorri. — Você é realmente boa nisso.

— Sou sim, mas por favor, não me dê outro susto desse jeito. Pensei que tivesse te perdido. Resisti à vontade de leva-lo para o Hospital. – Ele não respondeu, apenas continuou me encarando. — É melhor comer algo. Precisa repor suas energias.

— Não estou com fome.

— Pelo menos come uma torrada ou a salada de frutas. Precisa disso.

— Tudo bem. – Pegou a salada, entreguei a colher para ele e Justin começou a comer. Retirei meus tênis, cruzando minhas pernas sobre a cama e peguei um pedaço de bacon, comendo. — Você que fez?

— Sim, achei que estaria com fome. – Dei de ombros. — Mas tudo bem, eu como por você.

— Foi correr?

— Hoje não. Apenas comprei algumas coisas e dois cafés. Você dormiu por uns dias, acho que exagerei na morfina.

— Quanto tempo eu estou dormindo? – Franziu o cenho.

— Quatro dias. – Engasgou-se com a salada de frutas e me aproximei dele, batendo em suas costas. — Respira fundo.

— Alguém sabe onde estou?

— Ninguém. Pensei que quisesse manter isso em segredo. Pedi para Pattie esses dias de folga, dizendo que precisava descansar, pois estava doente.

— Desde quando aprendeu a mentir? – Riu.

— Desde que fui presa. Eu mentia muito para os guardas. – Ficou sério de repente e estranhei seu comportamento. — Tem certeza que está bem?

— Sim, apenas... Deixe para lá. Pode me emprestar seu celular? Acho que perdi o meu. – Entreguei o aparelho para Justin e terminamos de tomar café, recolhi a bandeja e deixei na pia, lavando e deixando para secar. Tomei um banho e vesti uma roupa quente, pelo frio que fazia hoje, além de estar chovendo. Encontrei Justin esperando na porta do banheiro e assustei-me de imediato.

Abstinence | CONCLUÍDAOnde histórias criam vida. Descubra agora