ten.

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“blue jeans, white t-shirt. The most beautiful around.” – now united


» Miami, Flórida. 2013.

   — Vou indo na frente, ok? Sofya tá me apressando. – Josh disse após espirrar o perfume mais caro de sua prateleira.

   — Tudo bem. – Respondi me encarando no espelho, era a terceira combinação de roupa que eu testava. Não era um bom dia para sair de casa.

   — O Noah vem te buscar, ele acabou de confirmar por mensagem.

   — Que pena. – Solto.

   — Quê? Como assim? – O Josh faz cara de tonto. Dou risada ao encará-lo pelo reflexo do espelho.

   — Não tô encontrando nenhuma roupa boa... – Resmungo.

   — Ah, tá. Bobagem. Você fica linda com qualquer coisa. – Ele vai até mim e deposita um beijinho em minha testa.

   Era estranho a relação de afeto que eu havia construído com o Josh em apenas uma semana de convivência. Logo eu que achei que o odiaria sabe-se Deus porquê.

   Ele era o irmão que eu sempre sonhei em ter. Como filha única eu sentia desejo de ter mais alguém para dividir a atenção comigo. Era absurdamente chato a preocupação desnecessária que minha mãe tinha comigo. Eu tenho certeza de que se existisse uma bolha que fosse capaz de me proteger de todo o mal do mundo, ela me enfiaria dentro sem pensar duas vezes.

   — Pede pro Noah pilotar com cuidado, ouviu? Ele é meio doido... – Ordenou.

   — Ok.

   — Vou indo, tchau.

   — Tchau.

   Josh saiu ligeiramente do quarto e me deixou sozinha com aquele amontanhado de roupas para escolher. Comecei a cogitar a ideia de não ir para esse rolê. Talvez se eu pedisse com jeitinho o Noah topasse me fazer companhia assistindo série.

   Peguei o celular e tentei formular uma frase convincente que fizesse ele desistir também.

   — Sina? – Meu pai gritou por mim.

   — Oi! – Gritei de volta.

   — O Noah chegou.

   Quê? pensei. Eu mal consegui escrever a primeira linha da minha desculpa esfarrapada.

    Bloqueei a tela do celular, vesti um blusão antigo por cima da roupa que estava e caminhei até a sala.

   — Você vai assim? – Noah me olhou dos pés a cabeça, questionando o meu blusão velho e rasgado, mas que era bem confortável, por sinal.

   — Por que chegou tão cedo? – Pergunto, ignorando o que ele acabara de dizer.

   — O Josh acabou de sair. – Papai comenta.

   — É, eu encontrei com ele ali fora. – Noah sorriu. – Mas então, você tá achando cedo? – Ele olha para o relógio em seu pulso. – Bom, marcamos às 19h e já são 18:45... tecnicamente eu to horário certo.

   Reviro os olhos e o puxo pelo braço, o levando até meu quarto.

   — O que houve? – Ele pergunta baixo e com um tom preocupado.

   — Tenho uma proposta pra você. – O encaro e percebo um sorriso insinuante se formar em seu rosto. – No que você tá pensando, seu pervertido? – Brinco e empurro seu ombro de leve. Ele ri.

   — Nada, ora. Que história de proposta é essa? – Ele senta em minha cama.

   — Não tô encontrando nenhuma roupa boa pra sair e o dia hoje foi bem cansativo... Então, pensei em ficarmos aqui e assistirmos um filme. O que acha? – Ponho as mãos na bochecha e faço bico, torcendo para que aquilo tenha parecido fofo.

   Noah ri.

   — Não quer sair por que não tem roupa?! – Ele faz cara de dúvida.

   — Argg... – Murmuro e me jogo a seu lado. – Eu tô cansada também... Você me forçou a acordar cedo pra fazer aula de natação.

   — Que por sinal não adiantou muito... – Ele fala baixo, mas num tom que posso ouvir. Dou um soco em suas costas. – Ei, eu to brincando! – Fala rindo. – Ok... Ok. Se não quer ir, não iremos! – Diz por fim.

   — Jura?! – Dou um pulo da cama.

   — Sim.

   — Ah, você é demais, Noah! – Avanço nele e o abraço forte, fazemos nossos corpos rolarem na cama.

   — Só não me mata sufocado, por favor. – Pede fingindo estar sufocando.

   Dou risada.

   — Desculpa. – O solto e tento me recompor.

   — Mas também tenho uma proposta pra você... – Noah diz enquanto passa a mão nos cabelos, ajeitando seu topete que eu bagunçara ao derrubá-lo.

   — Qual? – Franzi as sobrancelhas.

   — Tenho uma ideia melhor do que ficar em casa assistindo... – Ele abaixa e pega um dos capacetes que estavam no chão, me entregando um.

   — Quer me levar pra andar de moto? – Faço cara de nojo e seguro o capacete com a ponta dos dedos.

   — Vou te levar num lugar que eu conheço... Prometo que vai gostar e o melhor: você pode ir vestida do jeito que está. – Novamente ele zomba meu blusão antigo.

   — Engraçadinho... Posso pelo menos pentear o cabelo?

   — Vai lá, vou está esperando na sala. Vou trocar umas ideias com o Gabriel. – Se referiu ao meu pai e saiu do quarto em seguida.

   Eu não fazia ideia de onde ele me levaria, mas fiquei curiosa.

   Corri para a frente do espelho e fiz um rabo de cavalo apressado. Passei um gloss nos lábios pálidos e troquei o blusão. Vesti um mais novinho que havia comprado no aeroporto quando estava indo para Miami.

    Nos pés coloquei meu AllStar branco de sempre e a calça jeans era a que eu usava pra ir pra escola. Estava bem surrada, mas era minha favorita.

» thɑt summer - noɑrt. Onde histórias criam vida. Descubra agora