thirty seven.

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  "Te deixar ir embora não foi fácil, mas decidir ir também foi a coisa mais difícil que eu já fiz..."

» Miami, Flórida. 2013.


   Deixo a bicicleta encostada numa árvore que havia ali perto. Finalmente eu havia encontrado o morro, depois de parar para pedir informação a umas cinco pessoas diferentes. Duas delas não sabiam que morro era esse que eu estava falando e os outros três me ensinaram bem mal. Enfim, ao menos eu havia chegado.

   Fui até a portinha de acesso e tudo estava como da última vez. A plaquinha que dizia “Fechado” e a portinha meio torta. Sinal que alguém havia entrado.

   Sorrio de alívio ao pensar que posso encontrá-lo lá em cima. Arregaço as mangas do meu moletom e me espremo pra passar pela entrada.

   Começo a escalar o morro com bastante dificuldade, era mais fácil quando tinha o Noah me segurando pra não cair.

   Demoro alguns minutos até avistar o topo.

   — Como consegue subir tudo isso sozinho?! – Digo sem ar. Meus olhos brilham ao ver o Noah sentado de frente pro horizonte. Um Noah triste e cabisbaixo... Mas ainda era o Noah.

   Ele não vira pra olhar pra mim e também não diz nenhuma palavra. Então decido me aproximar e sentar a seu lado.

   Sua respiração estava pesada, eu podia sentir. Busco algo para começar a falar, mas eu não havia me preparado pra aquela situação.

   — Desculpa. – É tudo que consigo dizer.

   — Pelo o quê? – Ele finalmente decide falar, mas ainda não olha em minha direção.

   — Por ter te escondido... Eu devia ter contato. – Tombo a cabeça pra frente, encarando o penhasco ali presente.

   — Por que você fez isso, Sina? Achei que estivéssemos bem... – Sua voz ficou trêmula.

   — Eu.. Estava confusa, só isso. – Respiro fundo. – A Zoe havia me contado umas coisas... Acho que me deixei levar pelas paranóias. Não devia ter feito isso. – Sinto a vontade de chorar surgir.

   — Que coisas? – Finalmente sinto ele me encarar.

   — Não vem ao caso.

   — Agora eu quero saber. – Sua voz soou brava.

   — Ela disse que só te traiu porque você tinha traído primeiro... – Falo baixinho.

   Noah dá risada.

   — Eai você decidiu fazer primeiro por precaução? – Ele estava mesmo irritado. Nunca tinha o visto daquela maneira.

   — Não! Eu achei que você estava me traindo com aquela tal de Camila! – O encaro com lágrimas dos olhos.

   Noah respira fundo.

   — Então você me traiu porque achou que eu tinha te traído? – Fico em silêncio. – Falar comigo antes nem passou pela sua cabeça?

   Ele olhava no fundo dos meus olhos. Seu olhar estava triste, seu semblante estava triste, tudo nele parecia triste. O que eu tinha feito?

   — Me desculpa, por favor... – Aquela altura eu já não conseguia mais evitar as lágrimas que escorriam vagarosamente por meu rosto.

   — Eu traí sim a Zoe, Sina. – Ele começa a se explicar, eu até tento dizer que não precisa, mas ele me interrompe. – Mas foi um erro e acredite... Eu aprendi com ele. Nunca mais faria isso com mais ninguém porque hoje eu sei o quanto dói. – Uma lágrima escorreu por sua bochecha, mas logo ele a enxuga.

   Senti minha garganta travar de uma forma que nunca tinha acontecido antes. Eu sentia que estava perdendo ele e aquilo me matava por dentro.

   — Sabe o que eu acho? – Ele encara o chão. – Que não estamos mais dando certo...

   Meu coração palpita mais rápido. Posso sentir os camarões do risoto sambarem no meu estômago.

   — N-não, Noah... – Digo em meio ao choro, minha voz sai até meio anasalada. – Por favor... – Eu seguro seu ombro e ele vira o rosto de imediato.

   — Não, Sina... Não foi culpa sua. Eu também errei muito com você. – Ele diz sério.

   Solto seu braço e enxugo minhas lágrimas, tentando entender o que ele quis dizer.

   — Como assim? – Pergunto.

   — Não fui 100% sincero no início... Eu devia ter dito que ainda sentia algo pela Zoe. – Eu começara a me sentir muito mal ao ouvir o que saía de sua boca.

   — Você tá falando em relação a não ter me contado que vocês namoravam? – Eu tentava entender.

   — Não. Estou falando que ainda pensava muito nela quando começamos a ficar... Acho que no fundo eu só estava tentando ocupar um vazio que ela deixou. – Noah abaixa a cabeça.

   — Não tá falando sério. – Jogo as palavras.

   — Infelizmente estou. Se quiser perguntar a ela fique a vontade. – Ele dá de ombros. – Depois da noite do acampamento eu fui atrás dela... Mandei mensagem, quase implorei pra tentarmos de novo...

   Doía. Doía muito ouvir o que eu estava ouvindo. Acho que seria melhor que ele tivesse mesmo me traído com a Camila.

   — Você tá tentando me magoar só porque você também está magoado... Não faça isso... – Eu respirava com dificuldade por tentar prender o choro.

   Noah não disse mais nada.

   — Olha nos meus olhos e diz que você só estava me usando. – Falo baixo e com o maxilar travado. Noah demora para responder. – VAI. – Aumento o tom de voz e empurro seu ombro. Eu começara a ficar muito brava. – Diz na minha cara que você ainda gosta dela.

   Eu falei as palavras com toda força que tinha e com os punhos fechados, apertando o mais forte que podia, mas tudo dentro de mim torcia para que ele não tivesse coragem de fazer. Eu sabia que aquilo me destruiria.

   Noah levanta a cabeça e me olha. Nesse momento sinto todos meus músculos estremesserem.

   — Eu nunca esqueci a Zoe. Eu ainda a amo e talvez agora eu tente voltar com ela novamente. – Ele se manteve firme. E as lágrimas em seus olhos haviam desaparecido.

   É impossível dizer em palavras o que eu senti naquele momento. Se eu fosse tentar descrever o nível da minha dor seria como se eu estivesse dentro de um carro, usando cinto de segurança e alguém me pedisse para tirar o cinto, mesmo com o carro em alta velocidade. Eu de início me neguei a tirar o cinto, mas com o tempo essa pessoa ganhou minha confiança e me convenceu de tirar o cinto. Eu tirei o cinto. E a pessoa que havia ganhado minha confiança acelerou o carro mais ainda. O batendo com toda força em um poste. A pessoa sem cinto morreu. Esta era eu. Algo dentro de mim morreu naquele instante.

    Passei a mão no rosto enxugando minhas lágrimas e levantei em silêncio.

   — Espero que ela te aceite de volta. – Foi a última coisa que eu disse antes de descer o morro com a visão completamente embaçada. Por mais que eu tentasse não conseguia ter controle do meu próprio choro.

Gente do céu! confesso que foi difícil pra escrever esse capítulo SJHXJD minha TPM não permite que escreva essas coisas sem chorar

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Gente do céu! confesso que foi difícil pra escrever esse capítulo SJHXJD minha TPM não permite que escreva essas coisas sem chorar. Caiu um cisco aí tbm? 😔

» thɑt summer - noɑrt. Onde histórias criam vida. Descubra agora