forty five.

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"Eu tentei ficar calmo, mas quando estou olhando para você não consigo ser corajoso por que você faz meu coração disparar." - one direction.

» Miami, Flórida. 2013.

É chegada a hora de me despedir de Miami. Aquela manhã de terça-feira parecia estar meio triste com minha partida. Digo, o sol não aparecera para me dar bom dia, o céu estava coberto por densas nuvens cinzas, carregadas de gotejos de chuva que caíam sutilmente no capô da caminhonete velha do papai. Sem falar nas ondas do mar que estavam mais calmas como de costume e a brisa que tocava minha pele me fazia arrepiar de tão fria.

Eu achei que estaria mais preparada para aquele momento, confesso. Passei o restante da semana inteira torcendo para que aquele dia chegasse logo e eu finalmente pudesse embarcar de volta pra casa, mas agora que estava realmente acontecendo eu já não tinha tanta certeza.

Senti meu peito apertar ao recordar de todos os momentos que vivi naquele local. Nunca imaginei que passar as férias com a nova família do meu pai fosse me fazer vivenciar tantas coisas inusitadas. Nem em meus sonhos mais secretos eu pude cogitar a hipótese de viver um amor de verão. Pra falar a verdade eu sempre fora muito realista e jurava de pé junto que esses romances que assistíamos era tudo coisa da imaginação. Um monte de roteiro inexistente criados para arrancar dinheiro de pobres adolescentes iludidos. Pois é... Mais uma vez a vida me pregando peças. Agora lá estava eu, Sina Deinert, tendo que lutar contra suas emoções para voltar a sua antiga e patética realidade. Obviamente que minha vida não seria a mesma dali em diante, talvez a realidade mudasse, mas com certeza seria mais estressante.

- Está pronta, pituca? - Papai me surpreende por trás. Pituca era um apelido idiota que ele havia me dado aos quatro anos.

- Estou... - Falei em voz alta para ver se assim eu fazia minha ficha cair e perceber de uma vez por todas que estava na hora de retornar.

- Ótimo, vou só pegar a última mala e já podemos ir ao aeroporto, certo? - Ele sorri de canto e segura minha cabeça, depositando um beijo em minha testa.

Respiro fundo e deixo que o cheiro da maresia penetre em minhas narinas. Aquele cheiro que antes eu tinha tanta repulsa, agora servia para me acalmar. A areia que antes me dava agonia e eu não suportava a textura, agora me fazia relaxar ao tocá-la. Aquele coração, que antes era tomado por raiva e rebeldia, agora batia calmamente e sem pressa, torcendo para encontrar novamente o único par de olhos que o fazia acelerar. É, realmente eu não era a mesma Sina de antes. Costumo dizer que há duas versões de mim: Sina antes do Noah e Sina após o Noah. Eu não conseguiria explicar o que se passava em meu coração nem se eu tentasse! Acho que é o tipo de coisa que só se sabe quando passa pelo mesmo. Algumas coisas precisam ser sentidas para serem entendidas.

Papai voltou com minha última mala e a colocou na parte de trás da caminhonete. Dou uma última olhada para Chelsea que se encontrava parada em frente a porta principal, com as mãos na boca e segurando o choro como uma criança que acabara de cair de bicicleta. Solto um sorriso fraco e caminho até ela, dando início a um abraço apertado e cheio de emoções. Aquela mulher tinha me mostrado ser uma pessoa totalmente diferente do que a criei em minha cabeça, e eu era extremamente grata por ter tido a chance de conhecê-la melhor.

Encerro a despedida com a Chelsea e vou até o carro, tentando me recompor da crise de choro que acabara de ter. Chelsea me fez prometer que eu manteria contato com ela e que sempre daria notícias sobre aquele assunto.

Papai dá partida no carro e finalmente estou indo em direção ao aeroporto, onde Josh havia combinado de me encontrar. Ele tinha acordado cedo aquele dia, afirmando que ia checar os últimos detalhes da sua prancha que ele mesmo estava customizando.

- Ansiosa para ir pra casa? - Papai quebra o silêncio entre nós. Ele sorri, mas era perceptível sua tristeza.

- Ah, sei lá... Achei que estaria mais animada. - Sorrio pelo nariz.

- Vou sentir sua falta, você sabe, né? - Ele diz sem tirar os olhos da estrada. Faço que sim com a cabeça seguido de um murmuro.

- Uhum.

- Sabe, Sina... Sei que estive distante desde que me separei da sua mãe - Inicia um assunto. - , mas quero que saiba que não tem um dia sequer que eu não pense em você... - Houve uma pausa. - Em vocês. - Corrige. - E eu me preocupo sim! Só não me sentia a vontade de estar ligando toda hora... Parecia que eu estava incomodando ou sei lá, cutucando uma ferida mal curada. - Sua voz falha e percebo que ele vai continuar a falar, mas o interrompo.

- Pai... Está tudo bem. - Levo minha mão até seu ombro e dou uma apertadinha. - Agora eu entendo seu lado e admito que fui até meio egoísta em te julgar por não "nos procurar" - Faço aspas com os dedos. - Você tem outra família e tem que se dedicar a ela... Uma família maravilhosa por sinal. - Sorrio de canto e o coroa enfim me olha. Ele retribui o sorriso e volta sua atenção para a pista.

O restante do percurso foi resumido em nós dois cantando One Direction no último volume. Papai nunca tinha ouvido falar na boyband até que comecei a ouvi-la todos os dias pela manhã enquanto escovava os dentes. E foi assim que ele decorou todas as músicas do Up All Night, primeiro álbum dos meninos. Naquele momento no carro já havíamos cantado cinco músicas e papai sabia até fazer o som dos instrumentos perfeitamente.

Eu sentiria falta de sua alegria contagiante.

[...]

Chegamos no aeroporto pouco mais das dez da manhã. Até que o fluxo de pessoas estava razoável, diferente do dia em que cheguei em Miami. Aquele dia estava um verdadeiro inferno! As pessoas pareciam formiguinhas habitando seu formigueiro. Temi não chegar inteira na casa do papai de tanta gente que esbarrava em mim.

Enfim, papai e eu retiramos as malas da caminhonete e fomos em direção ao local onde fazia o check in.

Estávamos conversando sobre assuntos aleatórios quando fui surpreendida por alguém segurando minha cintura e me erguendo no ar. Solto um grito agudo e deixo as malas caírem no chão, com o susto que tomei.

- Josh!!!! - Grito ao ver de quem se trata. O encaro séria e bato em seus braços para que ele me solte.

Josh me põe novamente no chão, arrancando boas risadas de todos ao redor.

- Isso não se faz... - Digo rindo sem graça e pondo a mão no peito, checando as batidas de meu coração.

- Ah, eu achei muito engraçado! Tinha que ver sua cara. - Ele faz uma imitação patética da minha reação.

Meu sorriso se desfaz ao ver quem estava acompanhando o meu irmão. Pelo visto, Noah e Zoe também decidiram ir se despedir de mim.

» thɑt summer - noɑrt. Onde histórias criam vida. Descubra agora