twenty nine.

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"Com os meus sentimentos em chamas
Acho que sou uma má mentirosa" - Selena Gomez

  » Alemanha, dias atuais.

  
   — Entendi... Então você acabou fazendo o mesmo que a ex dele?! – Kath pergunta.

   — É... Mais ou menos. – Passo os dedos nuns fios de cabelo que estão caindo em meu rosto, e os ponho pra trás da orelha.

   — Como assim? – Uma interrogação se forma na testa de Kath.

   Eu não sabia se devia continuar. Encaro rapidamente o relógio pendurado na parede branca da sala da Dra. torcendo para que já tivesse acabado a sessão. Para meu azar, só tinham se passado 45 minutos. Metade do tempo.

   — Então? – Ela retoma o assunto após eu me manter em silêncio.

   — Bom... Acontece que eu me senti muito mal pelo o que fiz com o Noah, afinal... Foi traição! – Digo meio pra baixo.

   — É, mas ele também havia te traído, não é?

   Me mantenho quieta.

   — Sina? – Ela chama.

   — Estou pensando agora... E talvez o problema de tudo ter dado errado tenha sido culpa minha, sabe, Doutora? – Começo a beliscar a palma da minha mão, sem perceber. – Eu fui uma pessoa horrível...

   — Ei, calma lá. Você está se culpando sem motivo... Por que não deixa que da parte de analisar cuido eu? Esse é meu papel aqui. – Ela alisa minhas mãos e lança um sorriso confortante.

   — Ok... Desculpa.

   — Não precisa se desculpar. Apenas quero que me conte exatamente o que aconteceu depois disso. Seja sincera comigo... Só assim poderei ajudar. – Ela se ajeita na poltrona e prepara a caneta para mais anotações.

   — Ok. – Respiro fundo. – No dia seguinte, eu estava disposta a terminar tudo com o Noah...

   » Miami, Flórida. 2013.

   — Calcinha, regata, calça... Tênis... Short... Pijama... – Eu conferia cada peça que havia colocado na mochila, me certificando que não esqueci nada.

   Após pensar muito, eu decidi que iria sim para a casa de praia do tio do Noah, e que nós terminaríamos lá, no último dia de estadia. Se é pra sair com um par de chifres de uma relação pelo menos quero usufruir de tudo que tenho direito.

   É claro que eu estava me sentindo péssima pelo que rolou na noite passada e que eu jamais deveria combater o ódio com mais ódio. Mas já aconteceu, eu não tinha como voltar atrás, então... Só me restava tentar esquecer.

   Eu estava tentando mudar. De verdade. Estava disposta a me tornar uma Sina totalmente diferente do que cheguei em Miami. Eu me senti tão usada e tão idiota com o que o Noah fez, que eu não gostaria de passar por isso nunca mais. Se ele quer brincar de iludir, eu posso aprender as regras e jogar também.

   — Filha, o Noah chegou... – Ouvi papai gritar.

   — Tô indo! – Ponho a mochila nas costas e dou uma última penteada no cabelo.

   — Tá levando camisinha? – Josh disse. Eu até tinha esquecido que ele estava no quarto.

   — Me erra, garoto. – Reviro os olhos e saio batendo a porta.

   Antes de tudo isso acontecer eu estava muito nervosa para esse final de semana, até porque eu já sabia o intuito de estarmos fazendo isso. Eu finalmente iria perder a virgindade. Quero dizer, não que tenha idade certa pra isso, mas devido as circunstâncias, era quase certeza que iria rolar.

   Mas agora que o Noah havia estragado tudo, eu já não estava tão certa assim.

   — Oi. – O cumprimentei com um selinho e saio da casa sem me despedir do papai.

   — Nossa, tá ansiosa mesmo pra ir, ein? – Noah diz rindo e abre a porta do carro pra mim.

   — Você não faz ideia. – Ironizo e entro no carro. – Vamo logo.

   — Onde você esteve ontem a noite? – Ele dá partida no carro. – Liguei pro Josh atrás das minhas chaves e ele falou que estava com você... mas não te achei em lugar nenhum. – Não respondi nada. – Tive que voltar a pé pra casa.

   — E como veio me buscar de carro hoje?

   — Fui bem cedo na sua casa e o tio Gabriel me entregou as chaves. O carro passou a noite no estacionamento da praia.

   — Hum... – Mantenho minha atenção no celular.

   — Tá tudo bem? – Ele insiste.

   — Está.

   Noah não disse mais nada o percurso inteiro. Pus uma música para acabar com aquele clima pesadíssimo. Eu estava mesmo tentando agir naturalmente, mas era impossível. Estava estampado na minha cara que algo estava muito errado. Nunca fui boa em esconder emoções.

   — Chegamos! – Noah desce animado do carro. – Que comece o melhor final de semana das nossas vidas, baby! – Ele vai até mim e me agarra pela cintura, iniciando um beijo rápido.

   Quando o beijo acaba eu me pego sorrindo igual idiota. Acho que eu não tinha mesmo moral nenhuma com meu coração. Ele gostava de quem ele queria e ponto.

   Entramos na casa e era simplesmente gigante. Tinha um segundo andar com uma cama de casal maravilhosa de frente a uma vista deslumbrante.

   — Meu Deus... Que coisa mais linda. – Meu queixo cai ao ver aquela paisagem. Parecia uma pintura.

   — Gostou meu amor? – Noah me abraça por trás e acaricia minha cintura. Dando beijinhos em meu pescoço que fazem arrepiar até minha alma.

   Meu corpo inteiro se derrete com o toque de seus dedos. Por um momento sinto minha garganta fechar ao pensar que tudo aquilo chegará ao fim.

» thɑt summer - noɑrt. Onde histórias criam vida. Descubra agora