» Alemanha, dias atuais.
— Por isso que não gosto muito de goiaba. – Melissa acabara de contar a emocionante história do dia em que mamãe nos fez um suco de goiaba e nos deu intoxicação porque as goiabas estavam podres.
— Meu Deus? – Heyoon cai na risada. – Sua mãe é louca!
— Pois é!!! A gente podia ter morrido! – Mel morde sua panqueca.
— Não exagera, Melissa. – Sorrio de canto e a observo comer.
Fomos tomar café no Boulevard. Era a melhor cafeteria do bairro, eles tinham as melhores panquecas e rosquinhas de sabores que nunca tinha visto antes. São mestres em inovação.
— Você trouxe uma mochila e tanto ein, Mel? Vai passar 1 mês com a gente? – Heyoon puxa assunto.
— Não, só uns três dias, a mamãe não aguenta ficar longe de mim. – Dá de ombros.
— Ah, entendi... Bom, pelo menos você vai poder nos ajudar com a decoração. A Sina comprou uns quadros lindosss, você vai amar.
— Posso fazer um desenho para você pendurar na parede, Sina? – Ela direciona a palavra a mim com os olhinhos verdes brilhando.
Engulo a seco.
— Claro... O que quiser.
— Ótimo! Vou desenhar um unicórnio lindo! Você já viu um unicórnio com asas, Heyoon? – Ela volta a conversar com a Yoon e me distraio com as pessoas que passam na calçada.
Me pego imaginando quantas centenas de pessoas passam por ali todos os dias e as histórias bizarras e diversas que estão por trás de cada rosto daquele... É estranho pensar que nós não sabemos nada da vida de ninguém... Quero dizer, por mais que uma pessoa te conte toda sua história de vida, aquilo é apenas a versão dela. Ela só irá te contar aquilo que quiser... E você nunca saberá todas as versões de uma história se ouvir somente a partir de um ponto de vista.
Talvez a gente realmente nunca chegue a conhecer alguém 100%... Talvez nem nós mesmos nos conhecemos tão bem. São muitos talvez.
— Sina? – Heyoon me chama, me despertando de meus pensamentos.
— Hum? – A olho e dou um gole no meu capuccino.
— Podemos ir? Tá começando a esfriar e sua mãe pediu pra tomar cuidado com essa gripe da Mel.
— Ah, sim. Vamos... – Levanto da mesa e ponho uma nota de 15 dólares embaixo do cardápio.
Sinto Melissa segurar minha mão esquerda enquanto carrega, de uma maneira desengonçada, a sua mochila cor-de-rosa com um urso gigante estampado na frente.
Meu apartamento ficava no prédio em frente a cafeteria. Caminhamos até lá.
— Ei, Sina, você vai continuar a me contar aquela história, não vai? – Mel fala alto, fazendo Heyoon me encarar.
Acelero os passos sem me dar conta.
— Ahn... Que história? – Me faço de desentendida e tento ignorar o fato da Heyoon estar me encarando.
— Daquele verão... Com o seu namorado que não era namorado, mas que você gostava dele... – Ela diz de um jeito inocente.
— Acho que a Sina não se lembra muito bem de detalhes, Mel... – Heyoon responde por mim.
— Como não? Ela me contou com bastante detalhes. Sabia até a cor da camisa que ele tava usando no dia da fogueira!
Mordo meu lábio inferior já me preparando para o que a Heyoon me falaria quando estivessemos a sós.
— Ah foi? – Sinto ela me olhar com desprezo. – De qualquer forma não acho bom ficar relembrando essas coisas, sabe? Certas coisas é bom deixar no passado... Foram boas enquanto durou, mas precisamos evoluir...
— Por que você diz isso, Heyoon? Esteve lá também? – Mel olha para Heyoon com dúvida.
— Lá onde?
— Em Miami. Você também esteve lá?
— Ah... Não, mas sua irmã me ligava quase todas as noites me contando sobre seus dias... – Ela riu ao lembrar dos momentos. Também deixo escapar um riso.
— Sério? – Mel se empolga.
— Sim...
— E qual foi a coisa mais bizarra que ela te contou enquanto esteve lá?
Entramos no prédio e pude perceber a tensão da Heyoon ao ouvir a pergunta da Mel. Ela insistia em não lembrar o que aconteceu naquele verão, mas ninguém consegue resistir a um pedido da Melissa com aquela carinha de anjinho.
— E aí? É fácil dizer que não quer falar? – Lanço um olhar de doboche para Yoon e entramos no elevador.
Melissa foi o percurso do elevador inteiro insistindo para a Heyoon contar qualquer coisinha daquelas férias.
— Tá, tudo bem! – Heyoon diz assim que chegamos no apartamento. – Vamos contar algumas histórias que aconteceram... Mas depois não tocamos mais nesse assunto, combinado? – Estende a mão para a Mel que aperta firme.
— Combinado!
Ponho as sacolas com as compras da decoração em cima da mesa e busco novamente a caixa de lembranças.
— Tudo bem... Vamos fazer colagens com alguma dessas fotos enquanto contamos o que quiser saber, Mel. – Digo sentando na mesa. Melissa e Heyoon sentam a meu lado.
— Uhhh, essa é boa! Quem é essa coisinha fofa?! – Melissa segura uma polaroid que mostra Noah e eu com um cachorrinho.
— Ah, é o Bob! – Heyoon sorri ao encarar a foto.
— Sim... Saudades do Bob. – Digo cabisbaixa.
— O que houve com ele? Como conseguiram ele? Quero saber de tudo! – Melissa cruza as pernas em modo asa de borboleta e apoia o queixo na palma da mão e nos olha, como se esperasse ansiosa para qualquer uma das duas começar a falar.
— Bom, eu lembro desse dia... Ela me ligou umas 2h da manhã pra contar que tinha adotado um cachorrinho... – Heyoon diz e passa a palavra pra mim.
— Sim... Tudo começou quando Noah e eu decidimos ir comprar achocolatado pra fazer brigadeiro...
VOCÊ ESTÁ LENDO
» thɑt summer - noɑrt.
Fanfiction"Não ter motivo pɑrɑ ficɑr, é um ótimo motivo pɑrɑ ir emborɑ." Sinɑ Deinert é obrigɑdɑ ɑ pɑssɑr ɑs fériɑs de verão nɑ cɑsɑ do pɑi, mɑs elɑ nɑo esperɑvɑ que os ɑcontecimentos dɑquele ɑno fossem ɑfetɑr suɑ vidɑ pɑrɑ sempre.