thirteen.

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“Não dá para fugir de si mesmo.” - 13 reasons why.


» Alemanha. Dias atuais.

  

   — Não tinha milkshake, mas trouxe um capuccino... – Heyoon disse entrando no apartamento. – O moço disse que é o melhor da região. – Bateu a porta devagar.

   — Obrigada. – Digo desanimada.

   — Ei, que voz é essa? – Yoon pergunta preocupada e põe as compras em cima da mesa. Indo em minha direção em seguida.

   — Tô me sentindo mal pelo jeito que a mamãe saiu daqui... Já mandei mensagem, mas ela não responde. – Sinto meus olhos marejarem.

   — Tá tudo bem, meu amor... Ela só tá chateada, mas logo passa! – Ela senta no sofá comigo. – Por que não dá um tempo dessas fotos? – Heyoon encara os objetos em meu colo.

   — Fazia tempo que eu não mexia nessas coisas, sabia?! – Acaricio com a ponta dos dedos uma das polaroids.

   — Sabia. Sua psicóloga disse que se afastar era o melhor a se fazer.

   — Acho que ela não sabia o que dizia.

   — Como assim?

   — Me sinto bem relembrando tudo...

   — Bem mesmo? – Heyoon quis ter certeza.

   — Sim, bem mesmo. – Confirmo. – Enquanto eu falava para a Mel as coisas que tinham acontecido eu me senti tão alegre em ver sua reação... É como se o tempo não tivesse passado... – Sorrio sem perceber.

   — Talvez você tenha finalmente superado. – Heyoon diz, me fazendo a encará-la. Não tinha pensado daquela forma.

   — Nunca achei que fosse ouvir isso.

   — E você não pretendia superar nunca? – Ela me olha com dúvida.

   — É difícil explicar. – Engulo a seco.

   — Bom, de qualquer forma acho que deva parar de revirar isso. Se estiver mesmo superando, não acha contraditório querer sentir tudo outra vez?!

   — Mas já disse que me sinto bem, Heyoon! – Insisto.

   — Isso é porque você está lembrando somente das coisas boas, Sina! Todo relacionamento tem seus lados ruins e o de vocês não foi diferente. Você sabe melhor do que eu. – Ela me deixou sem palavras. Odiava admitir quando a Heyoon estava certa. – Eai, você não vai comer? O café vai esfriar... – Ela levanta sem me deixar responder nada.

   Guardo as fotos novamente e me direciono até a mesa para me alimentar, eu não havia comido nada desde o café da manhã.

    [...]

   O relógio marcava 01:23. Mais uma madrugada de insônia. Eu queria conseguir frear meus pensamentos, mas eles eram como um enxame de abelhas que acabara de ter sua colméia atacada.

   Desbloqueio a tela do meu celular e começo a rolar o feed do instagram, na esperança de que algo possa me distrair de mim mesma. Sem sucesso. Naquele horário às redes sociais costumavam ser bem paradas.

   Bloqueio novamente a tela e resolvo dar uma volta pelo meu novo lar. Levanto da cama e caminho cuidadosamente pelo corredor, com medo de acordar a Heyoon que dormia no quarto ao lado do meu. Ela estava acabada de tão cansada, tadinha.

   Vou até a cozinha e ponho um pouco de leite num copo, juntamente com quatro colheres cheias de achocolatado. Mexo tentando fazer o mínimo de barulho possível.

   Encaro a minha sala vazia e sem vida e tento imaginar como estará daqui há um mês. Será que terei pintado as paredes? Ou quem sabe tenha conseguido comprar aqueles quadros decorativos que sempre tive vontade... Talvez eu criasse meus próprios quadros com as polaroids que guardava. Minha mãe certamente enlouqueceria ouvindo essa ideia. “Nem morta que você vai olhar todos os dias para essas coisas.” a voz dela soou em minha mente. Sorrio de canto ao imaginar. Que tolice... Que diferença fazia eu ter ou não o Noah em minha parede se eu não conseguia arrancá-lo do coração?

   E me dou conta de que outra vez estou pensando nele. Grrr. Era inevitável. Sei que não devia, mas já que eu estava sozinha ali e ninguém podia mandar nos meus pensamentos, que mal faria eu voltar a lembrar do dia em que nós dois nos pegamos fazendo planos para um futuro juntos?! Sim, isso aconteceu! E até hoje não acredito que aquelas promessas não se realizaram. Nunca irei perdoá-lo por isso.

» thɑt summer - noɑrt. Onde histórias criam vida. Descubra agora