forty.

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“O passado me olha todos os dias, por isso é tão difícil deixá-lo pra lá e seguir em frente.” – sina.

» Alemanha, dias atuais.

   — Grávida? – Doutora Kath me olhava boquiaberta. Faço que sim com a cabeça e me remexo no divã. Tentando ficar confortável de alguma maneira. – Mas... Então quer dizer que essa relação foi mais intensa do que pensei?

   — Sim. – Respondo apesar de não ter certeza do que ela perguntara. Será que já não tinha ficado claro que eu era totalmente ligada ao Noah?

   — E você chegou a ter essa criança? – Ela arqueou a sobrancelha e passou a língua entre os lábios, se pondo em uma posição de concentração, com o queixo apoiado na mão fechada.

   — Sim, tive a criança. – Eu tentava ser a mais direta possível, pois não sabia ao certo como explicar os próximos acontecimentos.

   — Desculpa, não vou te interromper. Pode continuar falando o que aconteceu em seguida, afinal... – Ela interrompe sua fala para dar uma risada rápida e só então prossegue. – Agora estou curiosa para saber o que aconteceu... Na sua ficha não falava nada sobre você ser mãe.

   Doutora Kath folheia a minha ficha em sua prancheta, se certificando de que não tinha deixado passar nada em branco.

   — Não adianta procurar... Realmente não consta que sou mãe, porque na verdade eu não fui... – Digo e levo minha mão até meu bolso traseiro da calça, puxando algo que trouxe para mostrar a ela. Eu já esperava que a sessão daquele dia parasse nesse assunto.

   Kath parece totalmente confusa e me olha com as sobrancelhas juntas.

   — Desculpe, não estou entendendo. – Ela se remexe na poltrona.

   — Eu trouxe uma foto da minha filha... – Encaro o papel dobrado ao meio em minha mão. – Acho que não tem como eu começar explicando isso sem antes você ver com seus próprios olhos...

   A Doutora por um momento hesita em pegar a foto que eu seguro. Mas logo em seguida ela se estica e a pega com as próprias mãos.

     

   Ela desdobra o papel e demora um pouco para reagir

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   Ela desdobra o papel e demora um pouco para reagir. Eu observo cada movimento de seu rosto. Primeiro ela junta as sobrancelhas, parece estranhar. Depois ela torce a boca levemente pra direita, tentando entender se aquilo era realmente possível e por fim ela me mostra a foto.

   — Mas essa não é a sua irmã?! – Pergunta.

   Eu solto um sorriso fraco, sem mostrar os dentes e balanço a cabeça positivamente, esperando que Kath entenda tudo sem que eu precise dizer uma palavra. E é o que acontece. Seus olhos congelam e ela volta a analisar a fotografia.

   — Mas como isso aconteceu? Digo... – Ela não consegue concluir a frase e acaba desistindo.

   Dra. Kath leva a mão até os olhos e os massageia, dando uma risada fanha que parecia de nervoso. Me mantenho quieta, esperando a oportunidade de me explicar. Encaro o relógio em sua parede que indica que nossa sessão chegara ao fim.

   Kath levanta e vai até o seu birô, pegando a garrafa d'água que ali estava. Ela se abaixa e pega um copo descartável que estava em sua gaveta. Enche o copo pela metade e caminha até minha direção, entregando o copo em minhas mãos.

   Eu agradeço e dou um gole na água que estava em temperatura ambiente.

   — Ok, nossa sessão chegou ao fim. – Ela continua olhando para a foto da Mel. – Porém não tenho mais nenhum cliente para hoje... Você se importa em ficarmos aqui mais um pouco?

   — Por mim tudo bem. – Dou de ombros.

   — Ótimo, então vamos do início... – Ela senta novamente em minha frente. – Como isso aconteceu? – Kath junta os dedos em forma de coxinha e lança um sorriso torto.

   — Ok, ok... Vou explicar. – Respiro fundo. – A partir daqui a situação fica mais delicada, acho que agora você vai entender o motivo de eu não ter conseguido superar durante todos esses anos. – Meus olhos entristecem um pouco e vejo Kath mexer o pescoço, desconfortável.

   Decido dar início de uma vez por todas.

» thɑt summer - noɑrt. Onde histórias criam vida. Descubra agora