forty two.

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Tentei romper os laços e eu acabei unindo feridas
Como se estivesse derramando sal nos meus cortes.” — Demi.

» Miami, Flórida. 2013.

   Posso sentir o nervosismo latejando em meu interior. Eu estava parada em frente a casa do Noah a exatos quinze minutos. O carro de seu pai não estava na garagem, mas a motocicleta velha que Noah havia herdado estava estacionada próximo a porta dos fundos com o cano ainda quente, indicando que ele estava em casa.

   Dou uma última "conferida" no que iria dizer. Eu havia feito um roteiro de nossa conversa em minha cabeça. Esperava mesmo que ele o seguisse.

   Toco a campanhia e ouço o som abafado de sua voz gritando para eu esperar um minuto. Aproveito para respirar fundo e passar as palmas das mãos no meu moletom, para amenizar o suor frio que ali se encontrava.

   Consigo ouvir os passos de Noah se aproximando da porta e o barulho das chaves destrancando-a me faz recuar, dando um passo pequeno para trás.

   — Sina? – Seu queixo cai em surpresa ao me ver parada alí. Podia ser impressão minha, mas seus lábios pareceram perder a cor.

   — Será que podemos conversar? – Minha voz falha.

   — Claro... Pode entrar. – Ele dá espaço para eu passar, mas não me sinto muito a vontade de conversar sobre aquilo em sua casa. – Tá tudo bem, não tem ninguém. – Ele diz como se aquilo de alguma forma me confortasse.

    — Por que não vamos a um lugar mais reservado? – Me recuso a entrar.

    — Mas eu acabei de dizer que não tem ninguém em casa. – Ele solta um sorriso abafado. Eu não respondo, apenas fico parada onde estou. Noah suspira como se estivesse chateado e decide ceder. – Tá... Eu já estava de saída mesmo.

    Ele entra novamente em casa, mas volta em instantes segurando uma mochila. Fico desconfortável de perguntar aonde ele está indo, então prefiro não dizer nada.

    Noah tranca a porta da casa e guarda as chaves no bolso de sua calça jeans.

   Começamos a caminhar sem definir um destino certo e eu ainda não conseguia falar uma frase completa.

    — Eu te liguei esses dias... – Ele inicia a conversa enquanto encarava o chão.

   Ele realmente tinha me ligado diversas vezes na última semana, mas eu nunca atendi. Sentia que nós já havíamos falado tudo um ao outro. Inclusive, queria mesmo que tudo já tivesse sido esclarecido.

   — É, eu vi. Ainda não me sentia pronta para falar nada. – Disse, fazendo parecer que eu estava tranquila naquele momento, mas tranquilidade era uma palavra que eu já não conhecia tão bem.

   — Hm... – Ele ajeita a mochila em suas costas.

   — Posso perguntar aonde vai com essa mochila? – Tento amenizar o clima estranho entre nós.

   — Vou passar uns dias com o meu tio, você sabe... Aquele da casa de praia.

   — Entendi. – Fico sem ter o que dizer.

» thɑt summer - noɑrt. Onde histórias criam vida. Descubra agora