04. Shivani

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         Desci do ônibus às pressas e sai correndo em direção a lanchonete onde eu trabalho. Sai como um furacão pra dentro do banheiro, coloquei meu uniforme e fui direto atender as mesas.

– Aconteceu algo Shivani? – o senhor Lamar perguntou tocando no meu ombro enquanto eu  checava os pedidos na bandeja.

– Não, Não, senhor Lamar – falei nervosa – ontem eu acabei prolongando o estudo e acabei dormindo um pouquinho a mais – suspirei – me desculpe isso não vai mais acontecer.

– Shivani, eu já falei pra você sua vida está corrida demais, mocinha. Você só tem dezoito anos, trabalha de manhã, passa a tarde estudando, de noite trabalha de novo e de madrugada estuda – ele falava atrás de mim enquanto eu entregava o pedido na mesa sete – Você não tá aproveitando sua passagem da adolescência pra vida adulta. Além disso, você pode ficar doente com toda essa carga de trabalho em cima de você!
– O senhor sabe que sou eu que sustento a minha casa e sem essa correria não tem como colocar comida na mesa, senhor Lamar  – coloquei os pedidos na mesa – Tenha um bom ape...

– Concordo plenamente com o senhor – eu sabia que eu tinha ouvido essa voz em algum lugar era o menino que me deu carona ontem.O que ele tá fazendo aqui?

– Bailey? – indaguei confusa.

– Vocês se conhecem? Que bom pois a senhorita, dona Shivani, está de folga, pode sentar aí e bater um super papo com esse gostosão ai – Então ele pegou minha bandeja e meu bloquinho de notas e saiu sem que eu pudesse nem se quer relutar.

– O que você tá fazendo aqui? – eu estava curiosa. Para mim ele era daqueles meninos que só come salada e coisa que não tem gordura alguma.

– Vim fugir do meu pai, ele tá uma arara comigo.

–Arara?– cai numa gargalhada com a expressão, ele sempre sai com um melhor que a outra – Foi por conta de ontem, num foi? Você deve ter chegado muito tarde em casa, eu disse que era melhor eu ter esperado o ônibus.

– Foi, mas imagina se algo acontecesse com você? Você tava sozinha numa rua deserta, aquilo era o local perfeito pra um louco fazer alguma maldade com você.

– Eu faço esse percurso durante 1 ano e nada aconteceu, não seria ontem que ia acontecer né?

– Vou fingir que não escutei – e ele começou a cantarolar que nem uma criança de seis anos – Vamo dar uma volta?

– Tá doido menino? To no horário de trabalho, falar nisso a mesa dez tá precisando ser atendida. Preciso ir,a gente se fala depois.

– SENHOR LAMAR, TO INDO DA UMA VOLTINHA COM A SHIVANI – ele falou de puxando pelo braço, com uma certa delicadeza, para fora do estabelecimento.

     Escutei meu chefe gritar algo concordando com o garoto. Que ótimo dia!

–Dá pra você esperar eu tirar pelo menos o avental?

O inesperado - Maliwal / ShivleyOnde histórias criam vida. Descubra agora