48. Shivani

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Já lavou suas mãos hoje?

•••••••

– Como ela está, doutor? – pergunto apreensiva.

– Está aparentemente bem. A cirurgia foi feita com sucesso, sem nenhum empecilho. Suas artérias estavam entupidas por gordura, impedindo que o sangue circulasse pelo corpo, ocasionando a parada cardíaca. Fique tranquila, ela está bem agora.

– O senhor acha que ela pode ter outra parada cardíaca?

– Depois do nosso procedimento não, ao menos que ela pare de seguir com a dieta. Agora o foco é ela se recuperar da fratura do fêmur e seguir as orientações médicas.

– Eu já posso visitá-la? – pergunto

– Ainda não, ela acabou de sair da cirurgia. Ah, e não se assuste, ela está na UTI mas só por protocolo por conta da sua idade. – concordo com a cabeça e agradeço, indo de volta para o meu lugar.

(...)

– Como ela tá? – ele indaga preocupado.

– Aparentemente bem – suspiro e sento na cadeira ao lado. Bailey me abraça de lado, de uma forma desengonçada por ter a Maya no seu colo.

a vovó tá bem,mamãe? – a Maya pergunta tirando alguns fios de cabelo do seu próprio rosto.

– Está, meu amor. – beijo sua testa e ela levanta os bracinhos para que eu a pegue no colo.

– Acho que alguém não gostou do meu colo – o Bailey diz fazendo drama. Eu rio fraco enquanto a pego no colo.

A mamãe tem o melhor colo do mundo. – ela se aconchega no meu colo e eu sorrio, enquanto o Bailey ri.

       Bailey não perguntou nada sobre a cirurgia, ou sobre o que ela tinha. Acho que dava pra perceber que eu não queria falar sobre isso. Ela estava bem, de acordo com o médico, mas quando horas antes da minha mãe falecer o seu médico tinha dito a mesma coisa, que ela estava bem e que não havia com o que se preocupar. E é como se eu pudesse ouvir sua voz.

(...)

    Término de lavar bem as minhas mãos e entro na sala de UTI. Era um grande quadrado, no centro dele havia uma espécie de local das enfermeiras – onde tem uma grande bancada com várias cadeiras ao redor, junto com computadores e um armário de armazenar documentos – e em volta disso tem vários leitos, separados por cortinas aos lados. Enquanto caminhava ao leito de minha avó, pude ver adultos e idosos, muitos pareciam estar em uma situação pior que a dela, e aquilo me deixou ainda mais angustiada.
     Meu coração está acelerado e minha respiração ofegante. Tento de toda forma manter pensamentos positivos e um sorriso no rosto, tudo o que a minha avó menos precisa agora é de ficar preocupada comigo.

     A vejo de longe e acelero os passos até ela, que me dá um sorriso assim que me vê. Ao chegar perto dela, ao lado esquerdo de sua maca, dou um beijo em sua testa e aliso delicadamente sua mão.

– Como a senhora se está? – pergunto a olhando suave, tentando não transparecer minha preocupação.

– Estou bem, minha netinha. Mas estaria melhor se não estivesse nessa cama de hospital. – ela solta uma risada fraca no final – mas como você está? – ela completa antes que eu possa dizer algo.

O inesperado - Maliwal / ShivleyOnde histórias criam vida. Descubra agora