Fiquei surpreso em ela ter aceitado a carona sem se quer pestejar. Eu estava um pouco nervoso e eu nem tenho ideia do porquê disso, afinal era só uma conversa.
Enquanto iamos em direção do carro a Shivani ia falando.
– Hm... - ela mumurra - desculpa pelo que eu falei ontem, eu pareci ingrata mas não era a minha intenção - eu conhecia ela o suficiente pra saber que estava nervosa e que está procurando as palavras certas para falar - é que.... eu sempre tive que me virar desde que minha mãe morreu. Toda a responsabilidade da casa e da Maya foi pra mim, já que meu pai estava ocupado demais bebendo pra cuidar das duas filhas. As filhas que ele nunca quis ter. - aquelas palavras me acertaram como um soco no estômago mas creio que não foi só em mim que essas palavras atingiram.
– Você não precisa se explicar, Shiv - digo quando já estamos no carro.
– Não preciso mas eu quero - ela disse simples e sorriu, me derretendo por completo. Como um simples sorriso pode me deixar tão besta? - posso continuar? - eu concordo com a cabeça e começo a manobrar o carro pra sair do estacionamento e ir para a casa da Sofya pegar a Maya, a Shivani já tinha me explicado onde era e o porquê da Maya está lá. – então, por conta disso eu tomei conta de todo perrengue que acontecia, por mais grave ou simples que fosse. Até mesmo quando eu fui morar com a minha avó eu continuei agindo assim. Eu gosto de ter o controle das coisas, não gosto de nada inesperado.
– Então, você não gosta de mim? - digo sorrindo.
– Eu gosto de você, gostei dessa ação inesperada do destino. - isso fez meu coração pulsar ainda mais forte, mesmo sabendo que o sentido da frase não era como eu queria - Mas voltandooooo, quando eu vi você resolvendo as coisas por mim, me tirando literalmente do controle, isso me fez ficar irritada, chateada, confusa, sei lá, nem eu sei direito. Além disso, eu nunca recebi ajuda de ninguém, principalmente de homens, e desde pequena eu percebi com meus próprios olhos que não devemos confiar em todos os homens, por mais que alguns deles se pareçam bonzinhos - senti um peso nas suas palavras, creio que ela está se referindo ao seu pai - e eu sei que você nunca faria nada comigo, tipo de ruim, sabe? Mas meio que eu não entendia o porquê de você me ajudar, principalmente porque a gente se conhece há meses, mas como você mesmo disse, você quer me ver feliz e consequentemente bem e isso era a parte mais difícil de entender porque ninguém além da minha mãe, minha avó e minhas duas amigas quiseram em toda a minha vida. Nem meu pai se importava com a minha felicidade então não entrava na minha cabeça você querer! - sua voz estava pesada e quando eu á olhei pude ver lágrimas querendo sair dos seus olhos - eu sou muito grata a você por tudo, por ajudar minha avó, me ajudar, me fazer feliz, querer meu bem, está ao meu lado e principalmente me mostrar que viver é algo bem maior que estudar e trabalhar. Muito obrigada - ela termina e eu fico em silêncio, chocado tentando digerir tudo o que acabei de ouvir - desculpa, eu sou uma boba - vejo pelo canto do meu olho ela enxugar as lágrimas, meu coração se partiu por completo. Não era a primeira vez que eu estava vendo ela chorar mas garanti a mim mesmo que faria de tudo pra ser a última, por mais difícil que fosse. Parei o carro no acostamento da rua. Virei de frente para ela e puxei suas mãos para perto de mim.
– Você não é boba, não diga isso, meu amor. - eu enxuguei as lágrimas que insistiam em cair em seu rosto - eu... só não sei o que falar. Eu... não tinha ideia de algumas coisas que você me contou e meio que eu estou sem reação. Mas por favor para de chorar porque meu coração aperta ao te ver assim - digo fazendo um carinho na sua bochecha, ela sorri entre as lágrimas. - Shiv, eu estou aqui com você agora, você não tá mais sozinha, tá? - ela concorda com a cabeça. - Você é forte, muito forte, por ter conseguido manter tudo em ordem durante três anos mas você já tá sobrecarregada, meu amor. Você não precisa tá no comando de tudo. Nem todo mundo é confiável mas eu juro que eu sou - digo rindo e ela ri também - Eu estou aqui pra ajudar, então sempre que precisar de ajuda, ligue pra mim imediatamente porque eu vou fazer o possível e o impossível pra te ajudar. - ela sorri ainda chorando e eu seco suas lágrimas - Vem cá - disse puxando ela pra um abraço bem apertado, provavelmente ficamos ali por uns bons cinco minutos. Depois disso eu me viro para o volante do carro novamente e ela se ajeita no banco, focando seu olhar na janela, cerca de segundos depois eu volto a dirigir.
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O inesperado - Maliwal / Shivley
FanfictionOnde Shivani teve que abandonar sua maior paixão, a dança, para conseguir cuidar e sustentar Maya, sua irmã de três anos. Em um dia comum, Paliwal conhece Bailey May, um estudante de engenharia civil do quinto período e seu futuro aluno de monitoria...