61. Shivani

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     Ver seu rosto levemente inchado e com hematomas roxo-avermelhados me fez sentir um mix de emoções, era preocupação, tristeza e decepção. Ele cheira a bebida , indicando que provavelmente passou a noite bebendo, e não a fragância que eu tanto gostava.

Ele não poderia ter pelo menos ido tomar banho antes de falar comigo? 

 Como Bailey mudou em tão pouco tempo? Será que um dia eu conheci o verdadeiro Bailey May? Ou será que ele apenas criou aquela máscara para me levar para a cama? Meu estomago revira só de pensar.

  Meu pensamento some quando eu vejo os dois, a Maya e o Bailey, abraçados como pai e filha. Meu coração esquenta e se aperta, ela estava apegada demais a ele e eu não gostava nem um pouco disso devido as circunstancias. 

- Maya, meu amor - digo chegando perto dos dois - eu e o tio Bailey precisamos conversar - digo a olhando e ela faz cara brava.

- Mas, mamãe, eu faz um tempo grandão que eu não brinco com o tio Bailey. - ela diz emburrada e eu olho de forma repreensiva.

- Eu sei, pequena, mas eu e o Bailey precisamos ter uma conversa de adultos. - estendo o meu braço para pega-lá no colo e ela estende seus bracinhos para alcança-la. Levo a Maya até o quarto da minha avó, onde ela estava junto com a cuidadora, e a deixo sentadinha na cama que a minha avó estava sentada fazendo crochê.

-  Acredite nele - minha avó diz e eu a olho surpresa, pois ela não sabia o que tinha acontecido. - Siga o que seu coração diz. - ela sorri amorosa e eu retribuo com outro sorriso. 

      Quando eu volto para a sala, o Bailey está no mesmo lugar com as mãos para trás e com os olhos vidrados em mim.  Passo por ele calada e me sento no sofá colocando ua almofada no meu colo.

- Senta aqui, Bailey - dou batidinhas no sofá - eu não vou te morder - digo tentando quebrar o clima que está aqui. Era totalmente palpável. Ele ri fraco e se senta.

- Eu sei! - ele suspira e começa a falar olhando para mim - Me desculpa, eu fui um idiota por ter escondido coisas de você mas nunca foi a minha intenção te magoar, muito pelo contrário, eu queria te proteger. - minha sobrancelha sobe.

    Como assim me proteger? Ele é envolvido com tráfico?? Meu deus, onde eu fui me meter

- Eu sei que parece louco mas eu vou explicar tudo. Primeiro, eu definitivamente eu não tenho nada com a Joalin, inclusive ela namora a minha melhor amiga Sabina. Meus pais e os pais dela são amigos há muito tempo e conforme nós dois crescíamos eles planejavam nossas vidas, dentro disso estava namorar, casar e ter filhos. Mas não pense que era porque éramos próximos e sim porque é uma jogada econômica dos dois lados. - como um pai pode colocar o dinheiro acima da felicidade do filho? -  Depois de um tempo meu pai percebeu que eu estava ficando com outras meninas e não gostava nem um pouco disso pois jogaria seu plano no lixo. Ele sempre foi agressivo, desde a minha infância, e com as minhas saídas constantes isso piorou. No inicio eram apenas tapas mas as brigas começaram a evoluir e chegou a esse nível. - ele diz apontando para o rosto. Minha boca forma um perfeito "O" , eu não imaginava que era isso. - Por isso que quase nunca eu te levava lá para casa, eu tinha e tenho muito medo do que ele podia dizer ou fazer com você.  Acho que você se lembra no dia que a gente se beijou pela primeira vez e eu sai no outro dia rapidamente, isso aconteceu porque eu tenho horário para chegar em casa e quando eu chego depois desse horário, ele me espanca por deduzir que eu estou em festas com garotas. Quando eu contei que estava com uma garota ele surtou de vez e as nossas brigas ficaram ainda mais constantes, e por isso que eu aparecia machucado da noite pro dia. 

- Por que você nunca me contou isso? - digo baixo - se eu soubesse eu não teria....

- Eu não queria te envolver nisso, pequena, só ia te preocupar. Além do mais, como eu imaginava, você preza mais pela felicidade do outro do que de si mesma e eu tenho certeza que você iria querer se separar de mim para me "proteger"do meu pai.  

  Ele me conhece tão bem.  

- Você não devia ter escondido isso, Bailey. É algo muito sério. Por que você ainda continua nessa casa? - eu passei por algo parecido e sei o quanto é difícil tomar a decisão de sair de casa mas ele estava sendo ESPANCADO pelo próprio pai, já se tornou algo necessário. 

- Eu sei, Shiv. - ele mexe nos cabelos. - eu não posso sair de casa e deixar a Yonta lá- MEU DEUS A YON TAMBÉM MORA COM ESSE MONSTRO. - ele não bate nela mas mesmo assim eu não quero sair dali sem ela. Sem contar que como eu vou me sustentar, Shivani? O Simon cortaria todo o meu dinheiro. - ele prende seus olhos aos meus e eu suspiro, já irritada.

- Procura um emprego, ué. Ou um estágio, sei lá. Vai ser fácil para você pois quem será o louco que não vai querer aceitar o Bailey May? - eu digo com um tom engraçado. - Eu não acho que você deve continuar nessa casa por motivos aparentes - aponto para o seu rosto e ele engole seco - eu também entendo da situação da Yon mas quando você estiver mais instável financeiramente, trabalhando e com uma casa ela poderá ir morar com você, até porque acredito que ela já vai estar maior de idade. Ou você pode denunciar o seu pai e ganhar a guarda da Yon na justiça por ser maior de idade. - digo simples e ele me olha. 

- Eu acho que eu prefiro a primeira opção. 

  Depois da sua fala ficamos incontáveis minutos em silêncio, sendo totalmente constrangedor. Eu ainda estava tentando digerir todas as informações. Está óbvio que a melhor opção é denunciar o Simon. Como ele não consegue perceber isso?

- Você acredita em mim e me perdoa? - ele diz me tirando do transe e quebrando o silêncio

- Sim, Bailey. - ele sorri - mas isso não significa que a gente vai voltar a ter o que tínhamos. Eu perdi toda confiança que eu tinha em você e um relacionamento é feito através da confiança. Sem ela em um dos lados faria nosso rolo ser desgastante e tóxico e eu não quero isso. - seu sorriso desaparece e meu coração diminui de tamanho ao vê-lo triste. Era necessário. - Você me entende,né? - olho esperançosa, isso já estava difícil e ele estava fazendo questão de piorar.

- Entendo sim.  - ele suspira no final da frase.

- Mas isso não significa que não possamos ter algo algum dia. - digo tentando quebrar o clima ruim e ele sorri enquanto se levanta do sofá.

- então, eu vou indo, desculpa qualquer coisa. - ele diz indo para a porta.

- Opa, perai. Você não vai a lugar nenhum com esse monte de machucado pode ficar ai.

- Não precisa, Shiv. - ele diz relutante.

- Nada disso - chego perto dele e puxo o seu braço até o meu quarto. 

NOTA DA AUTORA

Oii, gente. Hoje a maratona acaba! Eu sei que todo mundo queria que a maratona continuasse mas fica muito difícil para continua-la e isso acaba diminuindo a qualidade dos capítulos. Lembrando que os posts a partir de hoje voltam a ser postados todo domingo. Eu espero que todos vocês tenham gostado e digam ai o que acharam!

 Eu gostaria de dedicar essa maratona para minha melhor amiga que me ajudou em todos os capítulos. 

 Agora eu vou parar de desconcentrar vocês da aula ead! 

beijinhos de glitter e até domingo




O inesperado - Maliwal / ShivleyOnde histórias criam vida. Descubra agora