Depois de chorar durante algum tempo, eu decido preparar o jantar e vou chamar a Kat para descer. Ela parece com medo e ainda estou ressentida com o que ela fez. Ela não podia ter usado a sua ira ou o que seja que fosse que ela tinha para me fazer zangar com o Louis.
“Mamã?” Ela pergunta, espreitando pela porta da cozinha. Eu olho-a e pouso o prato na mesa.
“Entra, senta-te. Vamos comer porque já é tarde e amanhã temos que nos levantar cedo.” Ela sobe rapidamente para a cadeira e espera que eu a sirva. Sinto o olhar dela pousado em mim, talvez examinando o estado em que eu provavelmente estou ou então tentando dizer-me algo.
“Está bom.” Ela diz-me e eu assinto, levando uma colher à boca.
“Obrigada.” Balbucio, não a conseguindo encarar. Apesar de estar para além de zangada e mal, o facto de ela estar a tentar pedir desculpas faz com que o meu coração bata mais e sei que, se olhar para ela, vou por tudo para trás das costas. E, bem vistas as coisas, é o que tenho de fazer porque eu não posso estar zangada com toda a gente.
“Mamã.” Ela chama desesperada, pousando os talheres, e eu consigo sentir as pernas dela a bambolearem-se por debaixo da mesa.
“Diz, Kat.” Eu digo exasperada, pousando igualmente os talheres e suspirando pesadamente.
“Desculpa, está bem? Eu não quero que te zangues com o Louis nem com o Liam. Eu quero que tu sejas amiga deles.” Ela diz e eu levanto-me, levando a loiça para a bancada e tentando entreter-me, arranjando uma maneira de lhe dizer alguma coisa.
“Kat, a culpa não é tua. A mamã é que anda a fazer asneiras e se calhar não está a perceber que posso estar a fazer o pior para ti. Eu vou tentar preocupar-me só contigo e deixar os rapazes todos de lado.” Eu digo e caminho até ela, conseguindo finalmente encará-la. Ela morde o lábio e levanta o olhar para mim.
“Mas eu não quero que te afastes. Eu só não quero que fiques com o pai e deixes de falar com o Louis e com o Liam, porque desde que ficaste amiga do pai não trazes cá ninguém.” Ela cruza os braços e eu pego nela, pousando-a no sofá.
“Olha, eu não vou deixar de lhes falar. Nem estou com o pai. Somos todos amigos, sim?” Ela assente e respira fundo.
“Mas tu gostas de alguém, mamã…” Ela diz e o meu coração para. Eu nem sei o que sinto neste momento, por isso é quase como que impossível responder-lhe.
“Não… Kat, a mamã é só amiga deles.” Eu sento-me ao lado dela e olho para a parede.
“Hum. Então vais continuar a ser amiga deles, certo?” Ela diz olhando para mim.
“Sim, não te preocupes.”
“Mas o Louis ficou a pensar que… e está zangado. E a culpa é minha.” Ela fala chorosa e eu passo o braço pelos seus ombros.
“Não é tua a culpa, querida, a culpa é da mamã que não sabe o que faz.” Eu solto uma gargalhada fraca e ela encosta a cabeça no meu peito.
“Tu e o pai só dormiram, não foi, mamã?” Ela pergunta, não me olhando ou se mexendo.
“Sim, Kat, eu garanto-te.” Eu digo afagando-lhe os cabelos.
“Desculpa, mamã.” Ela diz e sei que está arrependida. A Kat é muito parecida a mim: ela pode fazer uma asneira e magoar alguém, mas se essa pessoa é importante para ela, fica com remorsos do que fez e não descansa antes de resolver tudo.
E é isso que eu tenho que fazer.
“Está tudo bem, querida. Tudo bem…” Eu beijo-lhe os cabelos e deixo-me estar assim, agarrada a ela, incapaz de a culpar pelo que está a acontecer comigo.