Assim que chego a casa, a primeira coisa que faço é arrumar as coisas da mochila da Kat e logo a seguir verificar se está tudo em condições. Nem sei porque estou eu tão preocupada com as limpezas, visto que é apenas o Zayn que vem cá, certo? E ele nem liga a essas coisas, muito sinceramente. Mas pronto, deixem-me cá estar porque eu acho que é um tic nervoso, limpar quando me sinto ansiosa. Também não era preciso estar nervosa, mas já não me lembro da última vez que jantamos os dois no mesmo espaço.
“Que te parece?” Ele diz rodeando a minha cintura com o braço.
“Uau!” Eu solto gargalhadas contentes e ele abana a cabeça. “É lindo.” Eu sussurro-lhe ao ouvido e ele contorce-se.
“Espero que sim. Eu não tenho jeito para isto.” Ele torce o nariz e eu ignoro-o, pegando na sua mão e caminhando para dentro do restaurante. Não é nada extravagante, nem chiquérrimo, mas é um espaço agradável para um jantar e a música de fundo ajuda e muito.
O empregado chega à nossa mesa e nós escolhemos logo o pedido. Não foi muito difícil, visto que ambos adorávamos o tipo de carne que tinham. Pedimos uma garrafa de vinho para beber e Zayn ficou aliviado quando o homem se foi embora.
“O que foi?” Eu sorrio.
“Nada. Apenas me sinto desconfortável.” Ele tenta ajeitar a camisa e eu recosto-me na cadeira.
“Pareces um senhor, estás óptimo!” Ele rola os olhos na brincadeira.
“Achas que está ao teu alcance?” Ele pergunta-me. Ele está claramente nervoso e já não sei que faça para o relaxar.
“Zayn, relaxa. Está tudo óptimo e eu estou a amar.” Ele sorri, apesar de ainda estar a ser consumido.
Depois do jantar, de pagarmos a conta e de sairmos do restaurante, Zayn puxou-me pela cintura até ele e beijou-me demoradamente, repetindo sucessivamente um obrigado. Senti-me a rapariga mais feliz, nesse dia. Não pelo meu namorado me ter feito esta magnífica surpresa, não por ele me ter beijado inúmeras vezes, mas sim por ter a certeza que eu era amada. Que ele me amava.
Ah, pois, os bons e belos tempos românticos, aqueles que já lá vão e não voltam. Um dia destes ainda lhe vou perguntar se me amou mesmo, ou se era tudo uma farsa! Eu vou perguntar-lhe, porque, das duas uma, ou ele falava verdade e todos os nossos bons momentos vão ficar como bons momentos na minha memória, ou então era e é um bom actor.
“Mamã, o que estás a fazer?” A Kat pergunta, olhando-me como se fosse uma maluca.
“Ahn… nada, filha. Olha, vai vestir-te que vamos jantar com o pai.” Ela olha-me mais amedrontada que incrédula e eu bufo.
“Eu não quero.” Ela acaba por cruzar os braços, em negação.
“Kat, o pai não vai voltar a fazer asneiras.” Eu tento explicar-lhe e espero ter soado convincente.
“Pois, claro.” Ela vira costas e sobe, fechando-se no quarto. Eu abano a cabeça, pegando no avental e começo a preparar o jantar.
***
“Kat! Já estás pronta?” Eu grito, colocando uma madeixa de cabelo atrás da orelha e bufando, por olhar de cinco em cindo minutos para o relógio e me parecer tarde. E se ele estivesse a mentir e não vier? Ele podia muito bem enganar-me novamente. Eu quero afastar este pensamento da cabeça porque não quero ter de me chamar nomes e mais nomes por causa dele.
“Mamã, achas que estou bem?” Kat morde o lábio quando me viro para a ver, de cabeça baixa a abanar os pés.
“Que linda, meu amor!” Eu levanto-a no ar e ela mostra-me um sorriso gigante. “Pensei que estivesses contrariada e não quisesses jantar connosco.” Eu mostro uma expressão carrancuda e ela ajeita o vestido que eu lhe pus em cima da cama para vestir. É de meia manga, de algodão, meio acinzentado e com um enorme leopardo estampado.
