Capítulo 2

529 34 5
                                    

“Kat. Kat, despacha-te com os cereais! Estamos atrasadas.” Falo para que ela me oiça. Deixei-me dormir mais cinco minutos e acabei por acordar tarde. Devia ter sido mais responsável. Até porque normalmente Kat não é muito rápida com os cereais, o que só dificulta as coisas. “Katniss, vá lá.” Falo mais uma vez, até que ela aparece nas suas calças de ganga novas.

“Já estou.” Diz sonolenta, pegando na mochila.

“Pousa a mochila. Primeiro o casaco.” Ela obedece sem ripostar. “Agora vamos.”

“Quando é que eu vou ter um pai que me leve à escola e te diga para ires descansada para o trabalho que ele toma conta de mim?” Eu petrifico junto da porta, virando-me para encontrar os seus olhos castanhos repletos de tristeza. Agacho-me junto a ela.

“Kat, nós já falamos sobre isso. O teu papá não está. Mas eu estou aqui e faço tudo por ti.” Ela não parece muito convencida. “E porque é que só pode ser o papá a ir levar-te à escola?”

“Porque todas as minhas amigas têm um pai que as leve. A Maggie até diz que o pai leva ela e a mãe para o trabalho.” Engulo em seco. Até as amiguinhas de Kat comentavam isto.

“Leva-a, filha. Leva-a.” Corrijo o que ela dissera, porque não me ocorre mais nada. “Agora vamos. Não posso esperar mais tempo.” Ela assente e segue à minha frente. O caminho é silencioso. Quando chego à escola ela agarra-se ao meu pescoço.

“Adoro-te, mamã.” Estas palavras tocam-me.

“Também te adoro, minha querida. Hoje venho-te buscar mais cedo, sim?” Tento recompensa-la pelas minhas falhas.

“Sim.” Ela pula de alegria. Despedimo-nos e eu caminho em direcção ao meu trabalho.

“Bom dia. Desculpem o atraso.” Digo e vários olhares caem em mim.

“Bom dia, Scar. Vai ao gabinete do Dr. Smith, ele quer falar contigo.” Normalmente o Dr. Só nos chama em casos particulares ou quando fazemos algo de errado, por isso fico nervosa.

“Obrigada, Liam.” Eu falo rapidamente e só tenho tempo de pousar as minhas coisas atrás do balcão e ir rápido para o gabinete.

“Dr. Smith?” Sussurro depois de dar dois batuques na porta.

“Entre” Pelo tom de voz não acho que esteja muito mau. “Bom dia, Scarlett.” Ele saúda quando eu entro e fecho a porta.

“Bom dia. O que me traz por cá?” Ele levanta-se e limpa a garganta, olhando depois para mim.

“Queria questioná-la sobre uns assuntos.” Penso logo na possibilidade de me estar a despedir.

“D… Diga.” Gaguejo.

“Tenho notado que não tem andado muito bem. Talvez seja a pressão do trabalho juntamente com os problemas pessoas, evidentemente.” Quero que vá directo ao assunto mas não sei como pedir. “O assunto é o seguinte: recebi uma queixa, ontem, de uma cliente nossa.” Fecho os olhos momentaneamente, recordando o pequeno incidente que tive com uma senhora que cá veio.

Entra uma senhora já mais para os 60 anos na empresa, toda emproada e bem vestida. Os cabelos já esbranquiçados vinham bem alinhados e apertados num coque, e o batom vermelho sobressaía nos lábios. Eu e Liam entreolhamo-nos, contendo o riso.

“Bom dia, o que deseja?” Pergunto educadamente. A senhora olha para mim, para uns papéis, e depois novamente para mim.

“Gostava que me explicasse isto, por favor.” Ela pede ríspida, espetando-me com os papéis quase na cara. Quando pego neles, uma enorme quantia aparece como não paga. Os meus olhos arregalam. A nossa empresa está encarregue dos custos de imobiliário da população e estes custos são demasiado altos.

“Pois, eu não sei que lhe diga.”

“Olhe, eu também não. Exijo que me expliquem o que fazer.” Os seus olhos faiscavam.

“Primeiro peço-lhe que se acalme. Depois falarei com o meu chefe para vermos o que fazer com isto.”

“Não me peça para ter calma! Queria ver se fosse a senhora a ter uma conta destas para pagar!”

“Diga-me uma coisa, fez alguma compra recentemente?” Ela olha-me como que se me quisesse estrangular.

“Não brinque comigo! Eu não mandei comprar nada, nem sequer preciso de nada!”

“Então não faço ideia.” Acho que o meu tom soou demasiado indiferente, porque ela enfureceu-se.

“Eu exijo uma explicação! Senão ponho-lhe um processo!”

“Olhe, faça o que bem entender, se eu não sei o que fazer, como quer que a ajude?” Não posso perder as estribeiras.

“Chame alguém!” Ah, que nervos.

“Estou à meia hora a tentar dizer-lhe que para resolver esta situação tenho que ir chamar o meu chefe e a senhora o que me sabe dizer é para resolver a situação!”

“Olhe menina, não sei que lhe diga. Está a ser uma incompetente, porque enquanto esteve para aí a falar já tinha ido chamar o seu chefe e quem sabe se eu não estaria com o caso resolvido!”

“Então faça como entender, porque eu não quero saber!” Quase grito e calo-me de repente, levando as mãos á cabeça, claramente à vista que tinha ultrapassado os limites.

“Scar, vai apanhar ar. Eu trato disto.” Liam fala atrás de mim. Sem mais, pego no meu casaco e saio.

“Eu… peço imensas desculpas. Excedi-me.” Ele abana a cabeça afirmativamente.

“Pois excedeu, menina Scarlett, pois excedeu…” Mexo-me desconfortavelmente, prevendo o meu futuro.

“Eu sei, e volto a pedir desculpas. Não volta a acontecer.

“Pois não, não volta. E o que é que eu faço consigo?” Ele interroga. Quero suplicar-lhe que não me despeça, porque eu preciso mesmo deste trabalho. O que seria de mim sem esta mesada? Nada. Nem quero pensar em como teria de sustentar Kat sozinha, e sem dinheiro. Sem contar com a enorme desilusão que os meus pais iriam sofrer. “Pois…” Ele recomeça e o meu nervosismo aumenta. Não consigo dizer nada. “Menina Scar, eu vou dar-lhe outra oportunidade.” O meu coração explode e não consigo conter um longo suspiro. “Sabe que as oportunidades esgotam e não posso permitir mesmo que volte a acontecer. Quero que seja competente. Não quero chatices.” Eu assinto sem saber o que dizer mais.

“Obrigada, muito obrigada!”

“É tudo.” O pequeno sorriso no canto da sua boca demonstra que está contente. Na verdade não me queria despedir.

“Como correu?” Liam pergunta quando regresso.

“Oh, pensei que ia desta para melhor. Mas está tudo bem. Felizmente.”

“Espero que não te voltes a meter numa como esta.” Ele diz e agora rio com a situação.

“Que tal um café para acalmar todo este stress?” Penso que talvez seja a melhor ideia. Preciso de me concentrar noutros assuntos, de não pensar nos problemas.

“Acho que me vai fazer bem.” Ele sorri.

“Vamos agora?”

“Parece-me a melhor altura.” Pego nas minhas coisas e saímos.

*Bom diiiia, meninas *-* Decidi por o capítulo agora porque me apeteceu e tal ahaha Mas espero que gostem e comentem o que estão a achar. Desde já um graaaaaaaaaaaaande obrigada por todas as leituras, votos e comentários queridos que vocês fazem! Nem imaginam como fico contenteeee :D

Este campítulo talvez ainda não tenha assim nada de especial para contar, mas o próximo terá alguns flashbacks, por isso não deixem de ler, por favor :3

Ah, queria perguntar-vos se acham que publicar de semana em semana é muito tempo... Se quiserem que publique com mais frequência dêem-me ideias :3

Beijiiiinhos, Sara :)*

My Life Without HimWhere stories live. Discover now