Capítulo 19

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Eu arranjo o meu cabelo e ponho alguma maquilhagem para disfarçar o estado lastimável que está a minha cara. Pior que todo o cansaço acumulado ou mesmo o andar arrastado ou os ombros caídos, é a minha cara que está em piores condições. Telefonei à Bea há poucos minutos e dentro de meia hora vamos até ao shopping para passar uma tarde de alívio, para mim, e de descanso para ela. Para mim vai tornar-se descanso, mas é mais de alívio porque, e não sei bem porquê, sinto-me aliviada por ter saído daquela empresa. Não era nada do que eu queria. Se bem que eu sou uma pessoa complicada e se não gosto do que estou a fazer, fico muito desmotivada. Mas quem é que não é assim?

Olho-me ao espelho e caminho para fora de casa, mais alegre do que de manhã e com mais energia. O meu carro não pega à primeira e isso faz-me enervar profundamente, porque se ele estiver a dar sinal de que vou ter de gastar dinheiro com ele quando estou numa altura em que fui despedida e estou sem dinheiro, eu mando-o dar uma curva, porque está a gozar comigo, só pode!

À terceira tentativa, ele arranca e eu bufo, já assustada que ele ficasse no estacionamento e eu não tivesse como ir para o centro comercial.

O enigma ainda continua de pé: Com quem deixo a Kat? Quer dizer, eu até podia perguntar-lhe a ela, mas, por amor da Santa, acho que todas sabemos a resposta dela. Obviamente que ia escolher o Louis por três razões muito simples. A primeira, porque ela adora-o! A segunda, porque ela neste momento não deve querer, com certeza, ver o pai à frente. Terceiro, mal conhece os avós, logo não se ia oferecer para ficar com alguém que não conhece.

Por isso, não, tenho de ser eu a decidir, mas a fazer os possíveis para que ela se sinta bem. Já basta o que aconteceu na noite em que a deixei com o Zayn. E se calhar estou a precipitar-me, mas eu preciso tanto de uma noite só com o Liam, a reviver os velhos tempos, sem pensar em problemas.

“Scar? Scar! Ei, aqui!” Eu ouço alguém chamar atrás de mim quando ando pelo parque de estacionamento subterrâneo do shopping.

“Oh, Bea, nem te vi!” Digo numa risada e ela alcança-me, abraçando-me.

“Como estás?” Ela pergunta e caminhamos pelas escadas rolantes.

“Até que estou bem, tendo em conta que fui despedida.” Ela olha-me horrorizada e eu não consigo deixar de rir.

“Porque estás a rir? Quer dizer, tu foste despedida!” Nem eu própria sei, realmente. Eu devia estar a lamentar-me e andar apressadamente à procura de algum emprego, mas aqui estou eu, com uma amiga, no shopping, e ainda a rir da minha própria situação. Mas o Louis prometeu ajudar-me. Entretanto podem arranjar outra pessoa para o lugar, o meu subconsciente relembra-me e eu abano a cabeça. Isso não pode acontecer. Vá lá, eu não tenho assim tanta sorte na vida.

“Bem, o Louis prometeu ajudar-me e eu estava farta, Bea.” Digo mas mostro uma expressão séria. Entramos numa loja de roupa e começamos a ver. “É horrível fazer algo onde não te sentes enquadrada. Parece que os dias até passam muito mais devagar.” Eu tento explicar e ela sorri tristonha.

“Devias voltar para a escola, nesse caso.” Eu fico apreensiva.

“Acredita que era o que mais queria. Mas… como é que eu fazia com o trabalho?”

“Por exemplo, falavas com o director para te por o horário de acordo com o teu trabalho e fazias o turno da manhã no trabalho e ias às aulas de tarde, ou vice-versa. Ia ser cansativo, mas pelo menos ias tirando o teu próprio curso.” Eu não respondo e imagino a minha vida. Ia ser mesmo desgastante, mas ia ser bom para mim. Eu podia tirar o meu curso e fazer algo que realmente gostasse, e o Liam podia vir comigo.

“Eu prometo que vou pensar.” Sorrio para ela e ela dá de ombros. “E os teus estudos estão a correr bem?”

“Oh, sim, muito bem! Para a semana começo o meu estágio, dá para acreditar?” Ela diz radiante e eu abro a boca.

My Life Without HimWhere stories live. Discover now