Ter filhos é um desafio para qualquer casal, por mais que tenhamos contato com outras crianças, é tudo diferente quando uma realmente depende de você até para as simples coisas. Sempre agradeci a Deus por ter pais maravilhosos e principalmente por terem sido o maior exemplo de fé cristã para mim. Eu ajudo jovens diariamente e vejo como o papel dos pais tem sido esquecido sem a menor importância, querendo ou não nossas atitudes e reações refletem mais do que qualquer conselho que podemos dar.
Tudo que a criança aprende é por base de imitações. Fala porque vê nós se comunicando, anda porque vê e sente a necessidade de ser igual a nós. Eu e Eli tínhamos uma posição bem definida sobre essa questão, faríamos de tudo para sermos exemplos para os nossos filhos. Pois sabíamos que isso contribuiria e muito para o relacionamento deles com Deus.
Mas aí estava o meu erro, como Eli passava a maior parte do dia fora de casa, eu tentava suprir a necessidade dos meus filhos a todo instante. Malom, o mais velho era uma criança que ficava doente muito fácil e a qualquer choro ou som estranho que eu ouvia era motivo para ficar preocupada. Às vezes meu filho não tinha nada, mas por conta da minha falta de discernimento eu estava no hospital junto com ele. Eram dias que eu até mesmo me esquecia de alimentar-me corretamente, lembrava de cuidar de Malom, mas a mim poderia ficar de lado. E se eu sequer cuidava de mim, pense agora como Eli estava nessa situação.
Às vezes meu marido chegava em casa e até mesmo só queria conversar e eu alegava estar cansada, mas se Malom chorasse no meio da noite eu acordava no mesmo instante.
Meu mundo girava em torno de Malom.
Logo após um ano, engravidei novamente de Quiliom, ele não dava tanto trabalho como seu irmão mais velho aparentemente, mas a atenção que eu dava para ambos foi por pouco a destruição do meu casamento.
No começo, Eli até tentava cobrar minha atenção, implorava por migalhas de algo que eu deveria dar sem cobranças, mas eu não via aquilo como um pedido de socorro, eu só retribuía seu afeto de qualquer forma. E foi então que em uma sexta-feira, eu separava as roupas sujas de Eli para lavar quando um cheiro forte e doce atingiu meu nariz.
Eu tinha alergia aqueles tipos de perfume, tanto que usava apenas colônias com mais da metade dissolvida em água, fora que os perfumes de Eli eram fracos, era eu quem os comprava e tinha absoluta certeza que aquele não era dele.
Por mais que eu tentasse tirar os pensamentos ruins, era quase impossível arranjar alguma razão plausível que não fosse de Eli ter me traído. Procurei em outras camisas suas algum vestígio, mas não tinha nada. Meu peito ardia em tristeza, eu não poderia perder meu marido, não daquele jeito.
Sentei no chão do nosso quarto, com a camisa nas mãos tentava reprimir as lágrimas de qualquer jeito, até que uma rolou pela minha bochecha. Peguei meu celular e digitei o número do celular pessoal de Eli, meus dedos tremiam e antes que eu pudesse apertar o botão para iniciar a chamada, hesitei.
Eu estava nervosa e quando Eli atendesse não seus nada bom naquele estado o intimar por respostas. A situação já era ruim só com o que eu pensava, mas se eu saísse do controle poderia ficar pior.
Respirei fundo colocando o celular em cima da cama. Eu tinha que ir em alguém que de verdade conseguiria resolver aquela situação. Me inclinei no chão sob os meus joelhos e coloquei a testa no chão. Minhas mãos seguravam a camisa de Eli com a mesma força que as lágrimas explodiam da minha garganta.
-Deus... -Sussurrei com dificuldade tamanha a dor em meu peito. Mas Ele entendia cada lágrima que eu derramava naquele chão. -Me ajuda a ver aonde estamos errando.
E Deus me mostraria.