Epílogo - Não desista.

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Noemi

Abri a porta com uma das mãos enquanto segurava uma gelatina de morango na outra. Como agora eu tinha basicamente o dia inteiro para mim, acabava fazendo milhares de coisas na cozinha.

Vocês podem até achar que eu me sentia sozinha, mas era só sair no quintal, três passos e eu já estava perto de Rute e Boáz.

Eu me sentia tão feliz! Sabia que Rute não tinha mais nenhuma divida comigo, ela não era mais nada minha e não tinha nenhuma responsabilidade obrigatória sobre mim, mas seu cuidado e sua eterna gratidão me faziam todos os dias agradecer a Deus por tê-la em minha vida. Deus cuidava de mim através dela e às vezes acho que ela nem percebia isso.

E Boáz então? Tão gentil! Sempre achava que eu estava incomodando, mas os dois me faziam se sentir confortável.

Era domingo, dia de todos nós almoçarmos juntos.

Olhei para Boáz que estava sentado em seu enorme sofá com os olhos fechados e uma linha de preocupação atravessava as suas sobrancelhas.

-Oi. -O cumprimentei e ele me analisou com seus olhos tão claros como a água sem perder a preocupação existente.

-Oi. -Ele parecia enjoado.

-Cadê a Rute?

-Tá no banheiro. -Um gemido da porta ao lado chegou até a sala. -Vomitando. -Ele fechou os olhos. -Pela terceira vez seguida.

-Boáz! -Olhei incrédula para ele.

-Sim, eu sei. É muito nojento.

-Mas porque você não foi ajuda-la?

-Porque é nojento.

-Na alegria e na tristeza, na saúde na doença...?

-Sim, mas na hora eu falei com Deus: No vômito, não. -Ele continuava com os olhos fechados.

Outro gemido veio do banheiro.

-Vou ir ajudar a Rute. -Falei colocando a gelatina em cima da mesa. -Trouxe gelatina para nós.

-Duvido que Rute vai comer, tá botando tudo pra fora!

Caminhei até o banheiro e vi Rute sentada no chão. A mulher olhou para mim e eu dei um sorriso de consolo:

-Trouxe gelatina!

-Argh! -Ela balançou a cabeça. -Vou tomar água e pronto, acho que esse vai ser o meu almoço.

-O que você comeu?

-Nada! Já tô uns dias assim... Mas hoje tá pior.

Franzi as sobrancelhas:

-Já foi no médico?

-Não tive tempo, estive na empresa a semana inteira e tudo mais...

-Mas você precisa ir. -Falei, mas já desconfiava o que aquilo seria.

Das duas, uma. Intoxicação alimentar, ou o óbvio gravidez.

Levamos Rute de carro até o hospital de seu convênio.

E foi óbvio o resultado.

Rute estava grávida. Grávida de um menino.

***

Obede segundo o dicionário significa servo, aquele que adora a Deus.

E quando vi os olhinhos tão claros daquele recém nascido meu peito se encheu de amor e certeza que ele teria um dos melhores exemplos de mãe e pai, e minha primeira oração foi para que jamais saísse dos caminhos de Deus.

Os nove meses de Rute passaram tão rápido! E quando o bebê estava em meu colo, na nossa casa eu só não queria sair mais de perto dele.

E ali vendo tudo que eu havia passado, agradeci silenciosamente a Deus por cada uma das lutas.

Agradeci ao Espírito Santo pela força que me sustentou em cada uma delas.

Se não fosse por Ele, aonde eu estaria agora? Se não fosse seu exemplo sobre mim, aonde Rute estaria agora?

Por isso, eu quis que vocês ouvissem sobre mim. Já devem ter ouvido ou lido a história tantas vezes na Bíblia, mas vejam que eu nunca fui uma super heroína.

Eu sou igual a você. Choro, dou risada, sinto dor, frio e alegria.

Mas o que me diferenciou foi Ele.

Está aí o meu segredo.

Depois Obede gerou a Jessé, que gerou ao rei Davi.

A linhagem até Jesus foi por intermédio de não ter desistido.

Então não desista, com a sua persistência, grandes coisas irão acontecer.

Obrigada.

Meu nome é NoemiOnde histórias criam vida. Descubra agora