Super heroína!

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Ajustei os saltos quando parei o carro no estacionamento do salão aonde estava acontecendo a festa. Olhei para o retrovisor e tentei relaxar a expressão de preocupada que insistia em aparecer quando eu não me atentava para aquilo.

Respirei fundo. Eu não tinha nada a ver com aquela situação, eu poderia ficar em silêncio, ninguém precisaria saber que eu havia escutado atrás da porta. Mas quando eu entrei no salão e meus olhos se encontraram com os de Boáz trazendo juntamente seu sorriso, eu sabia que não era justo fazer aquilo com ele. Sem perder tempo, Boáz caminhava decididamente até mim.

Ele não merecia ser passado para trás, mas eu sabia que a minha palavra contra de Suzana era pequena. Afinal, Suzane ocupava um cargo alto na empresa e até que eu tivesse provas que mostrassem o que ela planejava, bem não teria como eu falar.

Então eu sabia que deveria ficar de olho em Boáz. Eu deveria estar atenta para o que quer que acontecesse.

-Estou feliz que tenha vindo. -Ele apertou a minha mão com um cumprimento e eu sorri. -Com todo o respeito, você está bonita.

Soltei uma risada curta olhando para o meu vestido bege que se assimilava com as cores da decoração da festa.

-Se eu ficar parada perto da parede, possui me camuflar. Grande escolha de roupa eu fiz essa noite.

Boáz começou a rir. Sua risada era calma, mas divertida e eu gostaria de que ele fizesse aquilo mais vezes.

-Você não precisa se camuflar.

-É claro que eu preciso. Não tenho amizade ainda com ninguém aqui, apenas com a Bruna que me trás papéis e fichas para eu revisar a todo momento. Duvido que aqui ela me dê algum papel para revisar.

-Não duvide, não sei como aquela menina não fica doida com aquilo.

-Sim, é capaz dela me dar os guardanapos para revisar.

Ele riu novamente:

-Você é engraçada! Vamos fazer assim? Que tal você ficar comigo durante a festa? Já que não conhece ninguém...

-Ok! -Aceitei na hora. Era a minha chance de ficar na cola dele e evitar que bebesse qualquer coisa oferecida por Suzana.

Então ele começou a andar com uma das mãos em meu cotovelo, para guiar me pelo salão e foi então que eu me toquei. Seu toque, sua aproximação...

Talvez aquilo não tivesse sido uma boa ideia.

***

-Se me permiti dizer, senhor Boáz. Mas agora entraremos em época de inverno, onde as chuvas são mais raras, o que irá fazer com a cesta do senhor? Não tem medo que a empresa venha a falência?

Boáz trincou o maxilar. Já era a quarta vez que perguntavam aquilo, mas eu podia ver nitidamente que não era por preocupação dos futuros sócios, mas pessoas que não acreditavam que Boáz poderia dar a volta por cima com aquela empresa.

-Nós estamos em um país tropical. -Comecei a falar. -A nossa terra é muito abençoada, qualquer coisa que você der para ela, ela irá te devolver. Tenho plena certeza que nossa empresa não está brincando de lavoura, temos profissionais capacitados para descobrir cada época e cada ambiente que tais frutos precisam. -Foi quando eu parei de falar que percebi que talvez eu tivesse cometido um erro. Boáz e o senhor olhavam para mim intrigados. O senhor só esperava que Boáz respondesse, não uma funcionária qualquer. E Boáz... Bem, eu não fazia ideia do que ele estava pensando, mas sabia que acompanha-lo durante a festa não significava que eu poderia falar com qualquer pessoa sobre a empresa.

-Desculpe, senhorita...?

-Rute. -Estendi minha mão para ele o cumprimentando com as bochechas vermelhas. -Sou funcionária. Assistente de Administração.

Meu nome é NoemiOnde histórias criam vida. Descubra agora