-Rute, pelo amor de Deus... -A voz de Noemi era sonolenta. -São quase uma da manhã, eu já estava dormindo, se você não falar devagar eu não irei entender nada!
Respirei fundo tentando conter meu nervosismo. Repeti toda a história com mais calma.
-Jesus, só está você e ele?
-Sim senhora... -Sussurrei, mas vi que não era necessário, mesmo que eu jogasse um balde de água fria em Boáz duvidava que ele acordaria. -Acho que eu vou sair daqui o quanto antes...
-Rute, não pode simplesmente deixar Boáz sozinho! Se ele tiver alguma reação ao remédio e você deixá-lo trancado aí?
-No que eu fui me meter? -Falei enrolando meus cabelos em um coque mal feito.
-Olha minha querida, preciso que me escute. Você não pode deixar Boáz aí sozinho dopado, mas não pode deixar que ele confunda as coisas.
-Como assim?
-O plano de Suzana, pode acabar caindo em cima de seus ombros.
Encarei a parede bege claro que estava a minha frente, eu deveria ter chamado Joabe para vim comigo, mas aquela ideia na não adiantava mais. Sair daquele quarto seria correr o risco de Suzana me ver e vim atrás de mim.
-O que eu faço?
-Descubra os pés dele e deite ali.
-Deitar aos pés de Boáz? -Perguntei curiosa.
-Se ele acordar e ver você circulando pelo quarto ou deitada na mesma cama, vai achar que algo aconteceu. Mas deitada aos pés dele, Boáz perceberá que nada poderia ter acontecido, Vera esse gesto como de humildade e certamente escutará tudo o que você tem a dizer.
-Sim senhora, farei tudo o que me aconselhou.
Desliguei o celular e olhei para Boáz que dormia pesadamente. Me sentindo mais tranquila, levantei o cobertor que havia posto sobre ele e descobri seus pés. Não tinham espaço para me deitar ali, me sentei no chão e encostei a minha cabeça na cama. Fechei os olhos achando que demoraria para pegar no sono por conta da posição desconfortável, mas cai no sono mais rápido do que planejava. Foi um sono sem sonhos, e tão rápido como veio, assim amanheceu.
***
Curto, mas necessário. Prometo recompensa-los no próximo! #VivaAsFérias
