Não é fácil para ninguém voltar para a igreja. E não foi diferente com Quiliom, todos os dias era tão complicado que os pensamentos de desistir eram tão presentes que apenas com o Espírito Santo conseguíamos vencer.
Tinha dias que Quiliom sequer conseguia sair da cama, e por mais que eu falasse palavras de fé e motivação, a decisão ainda era totalmente do meu filho.
Muitas pessoas apoiam sua fé no Pastor e por isso muitas coisas em sua vida não andam para frente. Esperam pela oração do Pastor, esperam pela palavra que ele irá dar, esperam pelo jejum que ele vai fazer ou o propósito que ele irá realizar. Essas pessoas não têm uma vida com Deus fora da igreja, não são maduras o suficiente para ter um relacionamento a sós. Esperam tudo pelos outros, mas se esquecem de que se ela sentir sede, eu não posso tomar água por ela, a pessoa por si só tem que ser levantar e ir até aonde tem água.
Assim são as nossas decisões, e toda decisão vem com atitude, para efetuar aquilo que foi decidido, e é nessa parte que muitos desistem.
Foi fácil para Quiliom dizer que iria voltar, o difícil era colocar aquilo em prática.
Mas ele percebeu que por mais que eu o amasse, ele tinha que lutar por si só.
Quiliom começou a frequentar as reuniões todos os dias e eu via claramente uma mudança em seu comportamento. Orfa também ia para a igreja, mas ao contrário de Quiliom que tinha a luta porque queria estar firme, Orfa tinha a luta de ir apenas para acompanhar seu namorado. Vocês podem me perguntar como eu via isso, mas era nítido o desconforto e a falta de ânimo para Orfa ir.
Mas seu sentimento por Quiliom era maior do que qualquer coisa por isso mesmo contra a sua vontade, ela ia para agrada-lo.
Eu esperava e orava com todas as minhas forças para que aquela situação mudasse.
Estávamos todos reunidos para o jantar, eu, Quiliom e Orfa comiamos tranquilamente quando finalmente Malom chegou. Me levantei apressadamente e fui atendê-lo na porta.
-Ah, meu filho! Que saudades! -O abracei com força.
-Eita, calma! Parece até que eu fiquei mais de três semanas fora, mãe!
-Pra mim pareceu que foram bem mais! -Fiz um biquinho e meu filho sorriu. Dei espaço para ele ir cumprimentar Quiliom enquanto abraçava Rute que estava atrás de si.
Malom havia ido para uma viagem que resolveria algumas coisas da empresa no exterior, mesmo contra a sua vontade teve que ir, pois Quiliom até mesmo com a mudança de temperatura e fuso horário, sua saúde piorava então ele sequer se arriscou a ir.
Para não ir sozinho, eu sabia que Rute havia ido com ele, pelo visto meu filho finalmente estava levando aquilo a sério, ou pelo menos era o que parecia.
Foi quando eu terminei de abraçar Rute que olhei para as malas que estavam no chão assustada. Eram muitas roupas, e não me lembrava que Malom havia levado tudo aquilo, afinal não precisava.
-Da onde saiu tanta mala? -Perguntei sem rodeios.
Malom sorriu timidamente e foi para o lado de Rute:
-Pertencem a Rute.
Franzi as sobrancelhas, mas quem fez a pergunta foi Quiliom:
-Não deu tempo de passar na casa dela para deixar lá?
-Na verdade, nós passamos lá, mas não foi para deixar, pelo contrário, foi para pegar o que havia sobrado.
-Como assim? -Perguntei, nada daquilo fazia sentido para mim.
-Eu casei com a Rute! Estávamos lá e estavam fazendo casamentos coletivos, aí a gente fez a cerimônia, voltamos e passamos no cartório. Já está tudo certinho, eu e Rute somos casados.
Fiquei atônita, quem conseguiu pronunciar alguma coisa foi Quiliom que conseguiu quebrar aquele clima abraçando e dando os parabéns para seu irmão. Orfa seguiu o seu exemplo e foi dar os parabéns para Rute. Eu estava ali parada sem saber o que fazer.
Não era que eu não gostasse de Rute, pelo contrário, achava uma boa moça, mas eu sabia que Malom não gostava de verdade dela, me perguntei o que ele queria com tudo aquilo, mas uma coisa era certa, sem Deus, aquilo não daria certo.
Meu peito se apertou. Eu e Eli havíamos imaginado aquele momento de nossos filhos se casarem tantas vezes! Sabíamos que não éramos um casal perfeito, mas fizemos tudo que estava ao nosso alcance para dar bons exemplos para ambos.
Respirei fundo, orando silenciosamente pelos recém casados.
***
Dois meses depois, eu estava no quarto passando roupa quando Quiliom chegou. Estávamos sozinhos em casa, as duas meninas estavam estudando e Malom estava na empresa.
-Oi, filho. -Sorri para ele.
-Oi, mãe. -Ele não sorriu de volta.
-Está tudo bem?
-Posso conversar com a senhora?
Olhei para ele preocupada. Desliguei o ferro e me sentei em minha cama acenando para que ele se sentasse ao meu lado.
-Hoje eu conversei com o Pastor. Eu quero realmente deixar tudo, mãe. Todo o pecado! Porque eu sei que só assim é realmente a entrega total da minha vida para Ele! Só assim, eu sei que nada vai atrapalhar a descida do Espírito Santo sobre mim! Então pensei comigo, eu já deixei de beber, deixei de fumar, de ser rebelde e agressivo, tanto com a senhora quanto com Orfa. Posso ter tudo alguns deslizes, mas eu não vivo nesses pecados. Então o que falta? Conversei com ele e me analisei, e eu vi que é meu relacionamento com a Orfa! Não somos casados! Estamos fazendo as coisas erradas e eu quero fazer o certo! Se é pecado eu ter relação com ela antes de me casar, então eu preciso fechar a porta para esse pecado! -Ele olhou para mim ansioso. -Eu quero me casar com Orfa, mas quero a sua benção primeiro.
Sorri para o meu filho e o abracei:
-Eu na minha autoridade de mãe te abençoo!
Enquanto algumas coisas pareciam caminhar em minha vida, outras pareciam que iam desabar a qualquer momento sobre minha cabeça, que é o que irei contar para vocês no próximo capítulo.
***
Oi, gente!
Sei que vocês devem querer me matar e vocês tem completa razão, mas eu estava em semana de provas na faculdade e ainda estou passando uma guerra enorme que só Deus sabe o quanto está sendo difícil, mas vai dar tudo certo!
Na verdade, já deu!
Só avisando que estarei postando durante o Jejum de Daniel! E em nome de Jesus vou conseguir escrever!
Deus os abençoe e orem por mim!