Chegando à faculdade, Anali e Caio descem do carro se despedindo de Thiago.
— Me liga quando você sair! — Avisa Thiago. Anali balança a vassoura para Thiago confirmando.
A faculdade estava bem decorada, com várias abóboras espalhadas chamadas de Jack O'lantern. Segundo a lenda irlandesa, um homem chamado pelo mesmo nome, conseguiu enganar o diabo livrando sua alma do inferno. Quando morreu não foi aceito nem no céu, nem no inferno. Assim, passou a perambular pelas noites escuras com a luz de uma lanterna feita de nabo com um carvão em brasa preso. Que na América foi substituído pela abóbora.
Passando pela portaria, a decoração continuava: caveiras, morcegos e teias de aranha.
— Essa festa está irada! Não acha, Anali? — Se empolga Caio.
— Muito! A direção caprichou! — Dizia retirando sua câmera da bolsa e logo tirando fotos.
— Você é mesmo inseparável dessa câmera, né? — Se põe à frente da câmera.
— Claro! Você acha que eu ia ficar sem tirar fotos? Olha essa decoração! — Tira fotos de Caio, que fazia pose imitando a coreografia do clipe Thriller, do Michael Jackson.
— Bobo! — Ri.
De repente, Caio é empurrado contra o chão por alguém fantasiado de Jason, que estava acompanhado por um zumbi e um conde Drácula.
— E aí, Nerds? — O sujeito sobe a máscara.
— Diego, seu idiota! — Diz Anali ajudando Caio a se levantar.
— E aí, bruxinha, cadê o respeito, tchê? Devia ter vindo de gueixa. — Welligton e Fábio riam, enquanto Anali lhe lançava o seu olhar de reprovação.
Diego era filho de uma advogada e um Juiz, o típico filhinho de papai mimado. Veio do Rio Grande do Sul para morar sozinho em São paulo, tinha uma irmã mais velha que fazia intercâmbio na Austrália, ele resolveu estudar Química, mas a faculdade era só um passa tempo. Wellington e Fábio são irmãos e apoiavam tudo o que Diego fazia, acompanhavam-no em todos os lugares. Diego é vadio, preconceituoso, bombado e babaca.
— Fiquem na boa aí, nerds e não se esqueçam do lema: Não cruzem o meu caminho! — Baixando a máscara, ele e seus comparsas saem rindo rumo onde rolava a música.
— Eu odeio esse cara! Só porque é mais forte e grande fica se sentindo! — Se ajeitava Caio.
— Deixa ele, Caio! Um dia encontra o dele! — Anali encarava o trio sumir pela multidão.
Caio balançava a cabeça indignado. Chegando ao pátio do refeitório, onde se concentrava um número grande de monstrinhos que se sacudiam ao som de uma música Dance. Havia mesas de ponche e guloseimas escritas Doces ou Travessuras; quem servia bebidas eram dois caras fantasiados de esqueleto.
— Vou pegar um Ponche pra nós! — Caio se adiantava passando entre as pessoas que dançavam freneticamente.
Anali não sabia dançar e já estava se sentindo enjoada em estar no meio de tanta gente. Resolveu sentar num dos bancos do pátio e esperar por Caio.
Bufando e entediada, resolve olhar em volta para o povo dançando e suas respectivas fantasias, algumas eram um luxo, outras eram só farrapos. Até ver alguém do outro lado sentada, era Bianca. Estava com um vestido branco e uma maquiagem branca também no rosto. Seus olhos estavam borrados de preto, os cabelos soltos e caídos quase cobrindo o seu rosto, segurava uma boneca nas mãos.
— Aqui está! — Caio chegava com os copos de bebida.
— Veja, Caio, de quê a Bianca está fantasiada? — Apontava com o queixo para a direção dela.
— Vish! Ela veio de... Samara?! — Caio espremia os olhos para enxergar.
Até Diego surgir e ir em direção à Bianca, que se encolhia na cadeira se afastando, ele estava com um copo de Ponche em mãos e a máscara levantada. Oferecia o copo à Bianca, que balançava a cabeça em negação.
Diego, então, agarra o braço de Bianca e diz algo em seu ouvido, ela fica parada, estática de repente, sem reação, até os dois levantarem e saírem, se afastando da multidão, onde Anali e Caio não podiam ver mais.
Anali franze o cenho para Caio à cena estranha que acabara de acontecer, o rapaz dá de ombros.
— Vai ver ele a convidou para uma dança! — Vira o copo da bebida.
— Cuidado, vai devagar, você vai ficar bêbado! — A moça adverte arregalando seus pequenos olhos para Caio.
— Tem pouco álcool, é meu primeiro copo da noite!
— Não interessa! É assim que começa! — Bate no braço de Caio.
— Ah, vou pegar mais! — Se levanta indo em direção à mesa e ela balança a cabeça em reprovação.
De repente gritos são ouvidos do outro lado do pátio, a fotógrafa se vira rumo à confusão, algumas pessoas param de dançar abruptamente e logo a música cessa. Pálida, levanta indo em direção às moças que choravam horrorizadas, todos em volta perguntam “O que houve?”, as moças, muito nervosas apontavam para um caminho entre as árvores que haviam em volta do pátio.
Engole seco e, tomando coragem, resolve seguir o caminho em que as moças apontaram, alguns segundos andando logo ao longe vê alguém pendurado em uma das árvores.
Em pleno breu, a luz da lua iluminava seu corpo morto. Era uma moça pendurada pelo pescoço, sustentado por uma corda, ao ver a boneca amarrada em seu braço, logo a reconheceu: era Bianca! Estava com a boca aberta e seus olhos ligeiramente arregalados.
Anali põe as mãos sobre a boca assustada com a cena, a poucos instantes viu-a sentada em uma das cadeiras, logo supôs quem foi o autor do crime. A moça tremia à suposição, Diego era um babaca, mas jamais imaginava que ele seria capaz de tirar a vida de uma pobre moça.
Logo o local se aglomerava de estudantes e professores que ligavam para a polícia. Então, olha para sua câmera, começa a tocá-la tentando tirar uma foto, mas já imaginava que algo bizarro apareceria em sua lente.
Preparando a câmera e respirando fundo, toma coragem e aponta a lente para a cena, logo uma figura aparece abaixo do corpo de Bianca, era a outra que Anali havia visto ao lado de Bianca no banco, no dia anterior. A menina estava com seu mesmo olhar mórbido e negro, de repente, ela aponta para esquerda.
Anali então olha para a direção onde a menina fantasma apontava, havia muita gente, aguça o olhar e logo vê Diego assistindo a tudo de braços cruzados.
— Desgraçado!
Volta a olhar através da lente da câmera e a tal menina havia sumido. Rapidamente tira duas fotos do corpo e de Diego, guarda a câmera e se vira dando as costas, saindo daquela cena horrível.
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A Fotógrafa Sobrenatural.
HororAnali uma fotógrafa por Hobby, ama a natureza, animais e lugares inusitados. Em um certo dia é convidada por um jornal local por meio de seu irmão Thiago á fotografar para um documentário sobre uma faculdade antiga e desativada onde aconteceu inumer...