Chegando em casa Anali sobe até o quarto trancando a porta logo atrás, aquela noite foi a pior de todas. Duas batidas na porta anunciam Thiago querendo entrar.
Anali respira fundo indo em direção à porta e a destranca. O irmão, com semblante sério, entra com as mãos sobre a cintura olhando para a janela do quarto.
— Bom, e então? Quem matou a moça? — Thiago se vira agora cruzando os braços.
— Foi Diego, um garoto idiota da sala! — Anali diz sem cerimônia, se sentando na cadeira.
— E por que tem tanta certeza que foi ele?
— Primeiro: Ele foi o último a falar com ela, segundo... uma alma penada me indicou que foi ele! — diz passando as mãos pelo rosto.
— Quê? Alma penada? Como assim Anali? — Thiago franzi o cenho estranho à revelação.
— Lembra da foto da faculdade abandonada? Você tinha razão, não era um embassamento ou defeito da câmera, era um fantasma!
— Quer dizer que a alma penada que você diz ter visto hoje seria a mesma da faculdade abandonada? — Thiago se senta ao lado de Anali.
— Não, essa era uma garota e era uma amiga de Bianca! Veja, tirei fotos! — Anali retira a câmera do pescoço e entrega para Thiago.
Thiago pega o objeto e começa a verificar as fotos pelo visor, e a cada foto que via seu semblante mudava de surpreso para assustado.
— Anali, me diga: isso sempre acontece quando você tira foto? — Thiago aponta para o visor.
— Aí é que está, eu nunca havia presenciado isso, eu sempre tirei fotos de paisagens, flores e animais....
— Mas nunca de lugares abandonados ou lugares em que morreram pessoas! — Thiago a interrompe.
— Que eu me lembre, nunca!
— Essas fotos são bizarras. As últimas com flash... Nossa! Parece que a fantasma ficou irritada! — Thiago analisa.
— Depois que liguei o flash da câmera ela desapareceu!
— Então a fantasma tem aversão à luz da câmera! E esse rapaz, o possível assassino, sobreviveu ao ataque? — pergunta Thiago.
— Eu não sei, ele ficou um tempo tossindo, aí chegou a ambulância e o levou! Olha, preciso descansar, isso tudo foi demais para mim! — Anali coça a testa.
— Está certo, descanse qualquer coisa me chama! — Thiago a beija na testa e se retira.
O celular de Anali vibra, era um sms de Caio. A mensagem dizia:
— Anali, contei tudo aos policiais, eles falaram que eu seria uma testemunha a favor da Bianca! Ah!, eles me deram carona até em casa, qualquer coisa me manda sms, amanhã nos vemos.
A única prova estava nas mãos de Anali, porém ela não tinha coragem de revelar o seu conteúdo, poderia ser considerado montagem e Anali não queria ser exposta.
Após algumas horas e um bom banho, Anali se preparava para se deitar levantando a coberta da cama, até uma batida na porta ser ouvida.— Filha? Está acordada? — pergunta dona Nakato.
— Sim mãe, entre! — dona Nakato entra sempre com seu semblante risonho e receptivo.
— Você está bem, minha querida? — pergunta entrando e logo se sentando na beirada da cama.
— Estou melhor mãe, obrigada! — Anali dizia pondo uma mecha de cabelo atrás da orelha.
— Que bom, meu bem! Thiago me disse o que tinha acontecido no baile da faculdade, lamentável, pobre moça!
— Sim, mãe, foi bizarro. Amanhã provavelmente os policiais vão fechar o pátio e averiguar o local!
— Espero que tudo seja resolvido e a morte da moça não fique em vão! — lamenta dona Nakato.
— Também espero!
— Bom, antes de deixar você ir se deitar trouxe esse amuleto, é um Maneki Neko, você já deve ter visto um em alguma loja no Japão! — dona Nakato colocava o mini amuleto em volta do pescoço de Anali.
— Lembro desses gatinhos da pata levantada, mas por que esse é preto? — pergunta Anali o analisando.
— Tem de várias cores, e cada um tem um poder diferente, e esse é de proteção espiritual é para lhe proteger dos maus espíritos. Sinto que você está com a energia baixa e isso pode atrair coisas ruins do outro mundo! — fala acariciando o rosto de Anali.
Sexto sentido de mãe nunca erra.
— Eu estava mesmo precisando disso, mãe, obrigada! — Anali a olha com ternura e ambas se envolvem em um abraço fraterno e aconchegante.
Dona Nakato beija a testa da filha e a ajuda a se deitar cobrindo-a, se afastando e parando na porta do quarto, dando um último olhar em direção a Anali que já tinha caído num sono profundo.
...
Anali abre os olhos, mas não estava em seu quarto. Parecia que estava no pátio da faculdade em frente à árvore, e lá estava novamente o corpo de Bianca pendurado. O corpo pálido e sem vida parecia decomposto, Anali começa a ficar apavorada, querendo correr e sair logo dali, mas não conseguia se mover, olhava para baixo e seus pés estavam cobertos com que parecia ser raízes, estas se mexiam feito cobras.
Ao olhar novamente para árvore, o corpo de Bianca havia sumido dando lugar a outro alguém. Diego aparece no lugar de Bianca com um olhar negro e pele pálida, ele ria freneticamente para Anali.
— Você morrerá Anali, e eu estarei te esperando! — Diego pronuncia com uma voz embargada em alto e bom som seguido de risadas histéricas.
Anali com as mãos aos ouvidos começava a gritar, e Diego ria e ria mais alto, Anali olha para baixo apertando mais os ouvidos, de repente um gato preto surgia. Ao fixar o seu olhar ao dele tudo começa a se acalmar. Anali de súbito levanta da cama suada e ofegante, tudo não tinha passado de um pesadelo, um dos piores que já tinha tido.
Anali passa as mãos sobre os cabelos pondo-os para trás molhados pelo suor. Será que Diego havia falecido e havia vindo lhe assombrar em sonho?
Talvez seja somente coisa da sua cabeça pelo terror de ontem, até o gato Maneki que sua mãe havia lhe dado ontem à noite, aparecera em seu pesadelo.
Anali resolve mandar um sms a Caio.
— "Caio, alguma notícia de Diego?" — SMS enviado.
Anali aguarda a resposta de Caio enquanto analisava o seu pesadelo assombroso. Sentada em sua cama, Anali sentiu seu celular tremer, rapidamente o pegou olhando o visor, era um sms de Guto. Abre a mensagem:
— "Anali você pode vir para o jornal hoje? Preciso te falar pessoalmente! "— SMS Guto
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A Fotógrafa Sobrenatural.
HorrorAnali uma fotógrafa por Hobby, ama a natureza, animais e lugares inusitados. Em um certo dia é convidada por um jornal local por meio de seu irmão Thiago á fotografar para um documentário sobre uma faculdade antiga e desativada onde aconteceu inumer...