Capitulo 10

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O portão velho e enferrujado pelo tempo e o muro alto e cinzento, mantinha moradores de rua e usuários de droga afastados, mas não de olhares curiosos de quem ousava passar por perto.

À noite, pessoas diziam ouvir gritos, assobios e murmúrios por trás do muro que circundava o prédio, que após o atentado misterioso foi posto pela prefeitura por não conseguir demoli-lo, até hoje.

Anali ao chegar sente os primeiros calafrios daquela manhã que seria longa, Guto e um dos ajudantes descem da van indo abrir o portão enferrujado pelo tempo, e com uma grande placa escrita: Fique longe! Prédio de alto risco.

Ao abrir o cadeado, Guto e o ajudante abrem o portão e o motorista segue o caminho até os fundos do local onde ficava a garagem, estaciona e todos começam a sair da van. Anali permanece sentada começando a se arrepender de ter aceitado ir à essa excursão maluca e talvez, suicida. Ainda bem que era de dia.

Guto chega até a van pegando um caixote e vê Anali ainda dentro com um semblante nada bom.

— Anali? Já chegamos, pode descer não tem com que se preocupar ok? — Guto estende a mão passando uma certa segurança.

Anali aceita pegando em sua mão sem proferir nenhuma palavra, ao sair, olha em volta e logo depois para o prédio e para as janelas. O prédio era longo e tinha cinco andares, era a maior faculdade da década de oitenta, os vidros das janelas estavam desgastados e quase cobertos pela trepadeira que se abrigara de forma horrenda na maior parte do prédio, mas os vidros pareciam intactos.

Anali evitou pegar a câmera, sentia que algo a observava, andando mais para frente até a entrada principal que era simples, havia uma escadaria até uma porta dupla de madeira e acima gravado o que seria em letras destacáveis: Faculdade Paulista Apollo.

— Nome bem legal para uma faculdade, não? — pergunta Guto próximo à Anali.

— Sim, eu nunca havia ouvido falar!

— É, foi muito conceituada na época, era considerada uma das melhores faculdades de São Paulo, até estrangeiros vinham estudar aqui! Até acontecer o que aconteceu!

— Parecia ser mesmo. Estamos autorizados a entrar aqui?

— Claro! Por que você acha que demorei para fazer essa pequena excursão?! E ainda temos um policial e uma sensitiva conosco! — aponta Guto para os indivíduos.

Anali olha em direção à senhora baixinha de cabelo curto enrolado cor de mel, seu semblante era sereno e tranquilo, aparentava ter uns quarenta e dois anos. Já o policial tinha um rosto invocado, um corte de cabelo estilo soldado e aparentava ter trinta anos. Pele alva e olhos castanhos, observava toda a movimentação.

Guto pede que Anali o acompanhe, aproximando-se dos dois e os apresenta.

— Senhora Carmen e comandante Julio, essa é Anali, nossa fotógrafa. Ela que irá registrar tudo para o documentário que iremos fazer!

— Prazer! — dizem.

— Você parece preocupada, minha querida, sinto que está tensa! — diz a senhora Carmen lhe olhando dentro dos olhos.

— Eu estou bem, só um pouco apreensiva!

— Não tem com o que se preocupar amiguinha, não acredito nos boatos que houveram com essa velha faculdade de que algo "invisível" tirou a vida de estudantes brutalmente, para mim foi um serial Killer da pior espécie! — diz incrédulo o policial Julio.

— Pois pode sim seres malignos se materializarem ou até mesmo confundirem a cabeça de alguém fraco de mente para que ataque o próximo violentamente, senhor Julio! Já presenciei muitos casos como esse.

— Me diga uma coisa, senhora Carmen, a senhora vê esses seres? — pergunta com curiosidade Anali.

— Se estiver materializado ou ectoplasmado consigo ver sim e também os pressinto, mas já estou acostumada!

O policial bufa se afastando, Anali fica pensativa se ela também não seria uma sensitiva, porém ela só conseguia vê-los através da lente de sua câmera.

Guto então, com a chave em mãos, resolve abrir a grande porta de madeira da sombria faculdade, o cheiro de velho e pó se espalharam, Anali continua do lado de fora esperando que todos entrassem dando uma pequena olhada para o lado de dentro e depois para trás em direção ao portão de saída, mas um dos funcionários a fechava.

Anali não tinha escapatória, engolindo em seco resolve também entrar no local, os ajudantes de Guto preparavam os equipamentos que até agora Anali não sabia para que serviam .

Todos estavam no hall principal onde ficava a recepção da faculdade, havia algumas cadeiras acolchoadas cheias de pó e sujeira, eram vermelhas o que agora estavam cinzas pela passagem do tempo, algumas estavam furadas e outras parecia que haviam sido jogadas ao longe como que se alguém com fúria as tivesse chutado para longe. À frente, duas escadarias laterais que davam aos andares de cima, embaixo dois corredores do lado esquerdo e direito que daria às demais salas.

Apesar do tempo ameno do lado de fora, lá dentro parecia inverno Anali esfregava as mãos sobre os braços já sentindo a temperatura baixa do local. Na entrada principal não havia janelas e se não fosse pela porta aberta entrando claridade, tudo ali estaria um breu.

— Bom, aqui estamos nós, estou ansioso para começar, primeiramente todos aqui sabem o que houve nessa grande faculdade, certo? — Guto olha para todos esfregando suas mãos.

— Eu.. Eu só sei que houve assassinatos brutais aqui e dizem que foi um mistério na época! — Anali levanta a mão.

— Isso mesmo, minha cara. Um ou dois alunos morriam por dia de formas bizarras aqui dentro, chegaram até fechar a faculdade por um tempo para investigações e mesmo quando a faculdade estava vazia, dois polícias morreram brutalmente. Até padres vaticanos vieram a esse local rezarem e dois dos padres também morreram, um foi encontrado decapitado e o outro com a barriga aberta com os fatos para fora. Concluindo, duzentas pessoas foram mortas nesse local sem explicação, sem um assassino e sem uma arma aparente! O que houve na faculdade, Apolo? Quem foi o assassino invisível? E por que aconteceu tudo isso? Esses são os temas do nosso documentário!

Anali ouvia a tudo perplexa, só podia ter sido algo do outro lado alguém muito revoltado com todos, pensava Anali olhando para sua câmera em mãos.



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