CAPÍTULO 18

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Autora: Gláucia Galvão

CAPÍTULO 18

MESES DEPOIS

Comecei fazer faculdade de direito, eu me apaixonei por essa profissão e os advogados aqui do escritório me incentivaram muito. Assim que minha habilitação chegou o Sérgio me deu um carro, assim fica mais fácil eu ir á faculdade a noite. Ele cada dia chegando mais tarde e cada dia com uma desculpa diferente. Ontem tivemos uma discussão horrível, eu disse pra ele que nunca senti tanta solidão na minha vida como agora  que estou casa com ele.
Estou tentando me concentrar no trabalho mas não consigo, meu corpo todo dói, deve ser essa gripe que pegou todo mundo, aqui no escritório só eu e mais uma pessoa não fomos derrubados por ela ainda.
No meio da tarde não aguento, até meu estômago está ruim, e peço pra ir mais cedo para casa.
Estaciono meu carro e estranho o carro dele estar na garagem, que eu saiba era para ele estar na clínica uma hora dessas. Entrei em casa e está um cheiro forte no ambiente. Nunca senti esse cheiro e minha cabeça começa a latejar. Antes de ir pro nosso quarto passo na frente de um dos outros quartos e vejo a bolsa que ele sempre leva à academia. Meus sentidos mandam eu mecher na bolsa que vou entender porque ele some tanto. Começo retirar tudo de dentro só tem roupas e toalhas, mas quando abro um bolsinho que tem dentro encontro vários daqueles pinos que tinham entupido nossa privada da outra vez, todos vazios, mais no fundo encontro dois com um pouco de  pó branco. E nesse momento percebo o quanto fui burra, esse tempo todo era ele mesmo quem usava, por isso some tanto, chega estranho, contando tantas mentiras.
Me senti uma idiota, provavelmente todos a nossa volta sabem o que ele faz, por isso desfizeram a sociedade na outra cidade. E aqui todos devem saber também, inclusive os amigos de academia devem fazer o mesmo.
Ele entra no quarto assustado e  começa guardar na bolsa todas as roupas que estavam espalhadas.
- Não sabia que você vinha pra casa tão cedo hoje.
- Eu já sei o que você esconde de mim.
- Eu não escondo nada de você meu amor.
Ele estava suando e agitado, provavelmente tinha acabado de usar uma porcaria dessas.
- Eu vi Sérgio, pára de mentir pra mim! Eu não sou mais tão idiota como você sempre pensou!- eu estava gritando, fora de mim, e minha visão escurecia a todo momento.
Ele só ficou me olhando sem saber o que dizer.
- Sérgio, está claro que você precisa de ajuda, eu vou te ajudar no que você precisar, você está viciado e isso vai acabar com você ainda...vamos procurar ajuda
- Eu não sou viciado, eu uso só de vez em quando pra me animar um pouco, quando eu quiser eu paro. Tem sido assim desde a faculdade, tinha muitas festas e no outro dia provas importantes, então aprendi com os outros estudantes a usar para ficar ligado e me sair bem. E assim foi e tem sido, mas quando eu quero eu fico sem usar.
Estava chocada, desde criança eu ouvi dizer que quem usa essas coisas é bandido e pobre, nunca imaginei que no meio de estudantes ricos na área da medicina isso fosse tão frequente.
Nesse momento percebi que ele não queria e não iria parar nunca de usar.
Fui pro nosso quarto e comecei pegar várias coisas pessoais minhas e colocar numa mala.
Ele me segurou pelos braços:
- O que você está fazendo?
- Você tem todo direito de destruir a sua vida, mas não a minha, e também não posso ficar com você e ver você se destruir a cada dia. Eu vou embora.
Agora ele está chorando e eu me assusto, pois nunca vi ele chorando antes. Mas estou decidida, já sei o que me espera se eu ficar ao lado dele, nosso casamento vai se arrastar até um pegar ódio do outro e eu não quero isso.
Minha visão escurece de novo, continuo arrumando minhas coisas, corro pro banheiro e vômito muito. Não consigo levantar do chão, está tudo rodando. Sérgio me carrega e me coloca na nossa cama. Checa meu pulso:
- Sua pressão está muito baixa Camila, você almoçou hoje?
- Não, estou passando mal desde cedo por isso vim mais cedo para casa. Estou ficando gripada.
E vomitei novamente.
- Vamos pra emergência, você está muito pálida. - ele disse me carregando novamente.

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