Capítulo 11

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Mal registei o tempo a passar quando descendo por entre as ruas de Grent, os animais retornaram a cavalgar por entre carros e pessoas

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Mal registei o tempo a passar quando descendo por entre as ruas de Grent, os animais retornaram a cavalgar por entre carros e pessoas. Os homens conversavam sobre algo. "A velha entrada para Philcroks, finalmente!" Anunciou Marchal, "Já estava com fome, depois desta viagem acidentada, han!". Não consegui relacionar as suas duas afirmações. Este homem era confuso por vezes. Cron olhou para Murtagh apertando os lábios e indicou discretamente Marchal com um movimento de cabeça. Murtagh parece ter percebido a mensagem porque respondeu. "Bem, acho que posso esperar mais uns minutos e comer em Philcrocks." Disse desanimado. Os homens pararam subitamente num local que me era familiar. Não estávamos muito longe da galeria de Zeck, à nossa frente haviam vários restaurantes e bares, agora abertos com animação noturna. Os homens dirigiram-se para a velha taberna onde eu jantara com Zeck recentemente. "Aqui vamos nós" Disse Murtagh, acompanhando os restantes companheiros e puxando-me consigo em direção à porta fechada do estabelecimento. Isto não era bom. Fechei os meus olhos. Iria doer. Mas quando os abri, já não estava em Lain.

Nunca tinha reparado naquela loja antes. Lá dentro a divisão tinha um aspeto estranho. Parecia um velho escritório com objetos que aparentavam centenas de anos redecorado de uma forma intrigante.

Ao centro uma mesa de madeira pesada ostentava inúmeros frascos de vidro, alguns com líquidos coloridos, outros com ervas que nunca vira antes, alguns com o que pareciam animais conservados num qualquer líquido. Estremeci e afastei-me ao ver um frasco cheio de... olhos. O meu coração batia a mil quando me deparei com aranhas verdes brilhantes movendo-se dentro de um outro frasco ao lado. Olhei boquiaberta em meu redor. Quem colecionava tais coisas?

Nas paredes observavam-se folhas antigas amarelecidas pelo tempo. Algumas apresentavam desenhos feitos à mão de folhas e plantas com nomes estranhos. Numa observava-se um caldeirão e uma lista numerada, tais passos de uma qualquer receita ou procedimento culinário. Sustive a respiração ao ver o caldeirão ferver. Vários quadros apresentavam diversos animais que nunca antes vira em diferentes perspetivas anatómicas e decompostos por partes. Num quadro estava emoldurado um mapa amarelecido e esbatido onde se lia com dificuldade "Phlicrocks", apresentava um emaranhado do que me pareceram ruas e à vista sobressaia um castelo ou talvez um palácio, não conseguia dizer bem. Um corvo voou por cima deste. Voou, realmente, vivo!, atravessando de uma margem à outra a velha folha de papel rasgada! Wow!

No entanto, a maior parte das paredes de madeira velha estavam revestidas por estantes sem fim, repletas de frascos, ervas, líquidos e livros de aspeto tão antigo que podia jurar que se desfariam se lhes tocasse.

Os calas tinham desaparecido assim como todos os meus acompanhantes à exceção de Murtagh. Este pousou o seu saco de garrafas descuidadamente fazendo estremecer as estantes instáveis. Sacudiu as suas botas e deu alguns passos em direção a uma lareira acesa na divisão onde um caldeirão, semelhante ao da figura que acabara de ver, fervia. As tábuas do chão abanaram com o seu peso.

Aproximei-me da mesa onde se lia num tabuleiro de porcelana com uma chávena e um bule "Leituras e adivinhação". Peguei num frasco com um estranho conteúdo fétido e esverdeado. Ao levantá-lo percebi que se travam de inúmeras patas, de rã ou de sapo. Franzi o nariz. Estavam em evidente putrefação, o cheiro era nauseabundo. Ao lado estava o que parecia uma bola de cristal, igual ás que se vêm nos filmes. Subitamente, uma cara apareceu nela fazendo-me cambalear. O reflexo de alguém atrás de mim. Uma senhora de cabelo branco grisalho, rechonchuda e usando um avental e um velho chapéu preto pontiagudo, franzia as sobrancelhas.

Philcrocks - Primeiro rascunho (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora