A voz profunda e grave provocou um disparo de adrenalina através de mim. Oh céus! Isto tinha ficado pior e pior. Aquilo que tinha evitado a noite toda tinha acontecido. Eu era uma pessoa morta. O meu coração disparou ao pensar em Ray! Tudo o que eu tinha que fazer era manter-me viva...conseguir poder e vingá-lo! Matar estes... feiticeiros. Mas aqui estava eu, tomando decisões imprudentes e conseguindo que me matassem passado nem duas semanas!
Marchal estava ao nosso lado, mãos nos bolsos do traje, postura descontraída e arrogante. A mesma crueldade no olhar. Os mesmos músculos capazes de matar mais rápido do que eu poderia sequer abrir a boca para gritar.
"Conhece-la?" Rosnou Bark, afastando-se de mim... suspeita dançava no olhar que me dirigia. Uma ameaça silenciosa.
As minhas mãos estavam suadas e as minhas pernas fraquejaram quando Marchal olhou na minha direção. Susti a respiração. Era isto, eu já era. Todas a minhas hipóteses de vingar Ray destruídas. Engoli em seco. Eu não estava certa que ele tivesse reparado muito em mim em Philcrocks, ele pareceu nem me ver ao longo destas semanas, como se uma humana fosse tão insignificante que nem era notada...mas... tão perto... O meu coração saltava em terror. Ele poderia reconhecer-me a qualquer momento...
Parei de respirar quando Marchal me lançou um olhar desinteressado. Não podia... A minha respiração saia entrecortada com o terror – apenas movia o meu peito o necessário para manter ar nos meus pulmões. O príncipe não me tinha reconhecido...
"Quem não está a pensar em mim a noite toda aqui..." Disse com naturalidade, passando exasperadamente a mão pelas ondas ruivas do seu cabelo, indomáveis como o seu olhar dominador, e olhando em redor. A sua expressão indiferente, como se aquele fosse um facto que não o surpreendesse nem o agradasse particularmente... "eu sou o príncipe...". Disse, o tom cruel e frio na sua voz.
Ele era tão arrogante. Teria revirado os olhos se não estivesse tomada pelo terror, a um passo de ver o meu objetivo por terra, vingar Ray.
Apesar de Bark parecer falar com o príncipe com mais à vontade do que quase todos aqui, também ele parecia respeitar cada palavra do guerreiro real... mais que não fosse pelo seu poder e posição. Pela soberania que Marchal transportava com ele. Sangue real corria-lhe nas veias tão poderoso como o seu poder destruidor que sugava o ar dos meus pulmões. Eu era apenas humana apesar de tudo... e humanos já morreram na presença de muito menos poder que o dele. A mera presença de um deles era uma ameaça. Mas esse não era o maior problema com que tinha que lidar neste momento.
"Isso com certeza desperta curiosidade suficiente..." Confirmou Bark, sorrindo maliciosamente, endereçando da mesma forma dissimulada o que era óbvio – todos nesta festa admiravam o príncipe. Os feiticeiros talvez admirassem o seu poder... o seu estatuto, as suas vitórias impiedosas à custa de crueldade. Ninguém queria saber se ele matava sleves numa base diária, tudo o que viam era soberania. Onde eu via arrogância. Já as feiticeiras... desejavam-no de muitas outras formas.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Philcrocks - Primeiro rascunho (Concluído)
FantastikLara, uma feiticeira que odeia magia, deve abraçar os seus poderes na Academia de Guardiões de Philcrocks e aliar-se ao seu maior inimigo, o príncipe Marchal, para vingar a morte do seu irmão. * Lara luta todos os dias para manter a magia na sua vid...