Capítulo 17

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"Aqui tem Senhor", disse Anne, cumprimentando Murtagh na cara com um demorado beijo

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"Aqui tem Senhor", disse Anne, cumprimentando Murtagh na cara com um demorado beijo. O homem riu-se baixinho e pareceu corar, olhando para ela com olhos de quem apreciava o que via. A sleve ofereceu-lhe um copo de vinho e este bebeu-o não tirando os olhos dela. Depois olhou em redor, como se certificando que ninguém viu o gesto. Não era permitido relações entre sleves e guardiões. No entanto as sleves não pareciam muito cautelosas em seguir as regras, pela forma como adulavam tão publicamente os feiticeiros.

Subi por umas pequenas escadas laterais que davam acesso a um secundo andar, uma plataforma estreita e gradeada que parecia menos ocupada. Inclinei-me sobre a grade. Dali era possível ter uma vista geral sobre a festa. À frente, num local mais elevado encontrava-se uma mesa comprida onde estavam sentados vários feiticeiros. Reconheci Colum, Cron e Murtagh e a Sra Fitz. Outro era o homem de cabelo ruivo que bateu contra mim sem sequer pedir desculpas quando ia para os estábulos. Murtagh parecia animado, reparei que olhava ainda na direção da sleve sorridente, enquanto enchia o seu prato de um tacho que acabara de voar de uma ponta da mesa até à sua frente. A sra Fitz deu-lhe uma cotevelada, o seu olhar reprovador demontrava claro desagrado com o comportamento. Colum apreciava numa postura rígida o ambiente envolvente, não parecia particularmente agradado. Cron parecia o mais zangado do grupo, falava com o homem ruivo, pelas expressões devia ser um assunto sério. Em algumas mesas próximas vários feiticeiros conversavam enquanto disfrutavam do banquete e da bebida. Vários sleves serviam, no entanto, sem atrair grande atenção, passando despercebidos entre mantos e chapéus pontiagudos pretos. A sala estava cada vez mais cheia de feiticeiros que se cumprimentavam com se esta fosse uma ocasião especial de um reencontro à muito diferido. Aqui e ali um deles desaparecia no ar, como se evaporasse, comida aparecia do ar ou garrafas serviam os convidados sem que alguém as movimentasse. Mal consegui assimilar tudo o que via simultaneamente.

"Vejo que não tens muito com que te ocupar" disse Harry que apareceu ao meu lado. Olhou na direção em que eu olhava, Murtagh que se levantara para se dirigir à sleve, parecendo ler a confusão no meu rosto. "bem, acho que há muitos feiticeiros que desrespeitam as regras por este lado, sobretudo feiticeiros de linhagens baixas, com pouca influência e pouco preocupados em manter a reputação. Os feiticeiros de Philcrocks não o fazem, contudo"

"Como tu?" perguntei, irreflectidamente.

"Como eu" respondeu Harry, com indiferença, como se fosse apenas um facto inerente á sua condição.

"No entanto, a maioria dos guardiões ao contrário de Harry, ao que parece não costumam também confraternizar com sleves", disse Dafne, que aparecera ao meu lado, a sua voz era empertigada e olhou para mim demorada e arrogantemente. Era claro que a rapariga não apreciou a minha ajuda no dia anterior. O seu tom fez-me por meros segundos arrepender-me de lhe ter salvo a vida. Ela era o tipo de pessoa a que estava habituada a ter que lidar, mas a magia... Ela estava claramente em vantagem. Eu nem conseguia controlar qualquer que fosse a magia que pudesse ter.

Philcrocks - Primeiro rascunho (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora