"Vês no que o meu pai se tornou?", lamentou Zelda, "ter que recorrer a animais... para poder estar aqui, vivendo do sangue de sleves... fortalecendo-se pouco a pouco... viste-me a matar uma sleve enquanto estava no baile em Philcrocks. Logo que tenha a pedra de Elive e a sua magia, o meu pai poderá viver sem medo, sem necessitar de ocupar o corpo de animais. Portanto, diz-me a verdade. Eu sei que foste a Nazar!
Então ela sabia. Olhei para o príncipe, que continuava indiferente, impassivo, o seu rosto mais severo que nunca. Subitamente, voltei a sentir os braços e apertei as pedras na minha mão. Recuei e quase tropecei.
Não sejas estúpida humana, é melhor juntars-te a mim ou vais acabar como todos os outros humanos que morreram a pedir misericórdia...
"Nunca!", rugi. Se morresse, morreria com coragem. Já mais abandonaria Harry, Misa. Ray.
Zelda avançou na minha direcção, deixando Misa inconsciente no chão. O seu rosto cruel estava agora a sorrir.
"Diz-me onde está aquela amostrazinha de Elive! Uma traidora como a sua mãe. Não precisava de ter morrido... se me tivesse escolhido. Morrer para proteger Elive e o pequeno herdeiro... teve o que mereceu. E A morte dela será em vão. Diz-me onde está ela!"
"Nunca!", gritei, assimilando o que Zelda acabara de dizer. Ela falava dos meus pais. Dos meus pais. Eles amavam-se. Amavam-me. E de repente percebi. A visão... a mulher a gritar nos meus pesadelos. Não era uma visão. Era uma memória. A mulher tinha os mesmos olhos que azuis porque... era a minha mãe. Uma memória. A pedra tinha-se partido na altura. As suas metades com que o bebé brincava no meu pesadelo. Com que eu brincava.
Lancei-me de um salto para longe de Zelda. Olhei para as pedras, transfigurada pelos meus próprios pensamentos.
Teria de fazer a pior coisa, a única saída. Confiar no príncipe. Na visão que ele deixou escapar graças ao sangue que partilhámos. A súbita realização faz-me fixá-lo. Ele não arranjou maneira de fugir ao feitiço... Zelda não pode tocar nas pedras. Ele pode tocar nas pedras porque... o seu coração mudou. As suas intenções não são más. Repeti. Mesmo que ele não saiba ainda....
"Agarra-a", gritou Zelda, e um segundo depois senti a mão de Zelda apertar-me o pulso. Nesse momento um zumbido fez-me gritar, como se a minha cabeça fosse explodir. Gritei com todas as forças que me restavam e para minha surpresa Zelda largou-me. Olhei em volta e vi-a, agarrada à sua mão. Tinha-a queimado com as pedras. Dobrava-se com dores, a olhar para os dedos vermelhos.
"Agarrem-na, agarrem-na!", voltou a gritar Zelda, e guardas precipitaram-se na minha direção, mas os seus rostos contorceram-se, como se subitamente uma pontada de dor lhes tolhesse as pernas. O zumbido era tão intenso que cai de joelhos, quando um guarda se precipitou sobre mim, lançando-me ambas as mãos ao pescoço.
"Traidor!", gritou Zelda na direção do principe, "sempre quiseste as pedras para ti não foi?". Eentão percebi. Não era por dor que os guardas nao me atacaram. Era Marchal que os compelira. Zelda gemeu em agonia. "Pai,não consigo agarrá-la!"
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Philcrocks - Primeiro rascunho (Concluído)
FantasíaLara, uma feiticeira que odeia magia, deve abraçar os seus poderes na Academia de Guardiões de Philcrocks e aliar-se ao seu maior inimigo, o príncipe Marchal, para vingar a morte do seu irmão. * Lara luta todos os dias para manter a magia na sua vid...