Ou ela ou eu 4

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Ao acordar, antes que Ana vi Júlia carregando inúmeras peças de roupas que havia pegado no meu guarda roupa para fora do quarto, imediatamente me levantei e fui atrás enrolada no lençol.
-O que pensa que está fazendo?
-Fazendo o que você merece ter. Aqui você não mora mais.
-O que?
-Isso é para você aprender a não dormir com quem você não deve. Sua estúpida. Se faz de sonsa, mas de sonsa não tem nada. Não sei o que ela viu em você. Não passa de uma desengonçada. -Falou com raiva e em seguida jogou todas minhas roupas pela janela. Nisso eu já estava em choque, segurando para não derramar uma lágrima, ela voltou para o quarto para pegar mais roupas. Porém Ana a impediu.
-Para. -Disse ela.
-Sai da minha casa. -Respondeu Júlia com firmeza.
-Tinha que me trocar justo por ela? Olha pra ela, olha pra mim. - Falou Júlia incrédula que ela poderia não ser a primeira escolha de alguém.
-Quanto tempo que está dormindo com ela? -Perguntava nervosa.
-Responde. Quanto tempo está me traindo com ela?
Ana não respondeu uma palavra se quer. O que a fez ficar com raiva e partir para cima dela. E ela não revidou, levou alguns tapas sem se impor o que me deixou com bastante raiva. Afinal, quem era ela para bater em alguém? Imediatamente intervi e a puxei pelos cabelos. Fiz questão de puxa-los até ela cair no chão. Começamos a brigar ali mesmo. Até que Ana me segurou e me puxou para dentro do quarto, em seguida trancou a porta.
-Ela é louca. -Falei com raiva.
Ana me abraçou, seu jeito carinhoso fora a melhor coisa e me confortou de maneira sem igual.
-Quer que eu te leve para casa? -Perguntou ela. E eu, aceitei. Esperamos um pouco mais no quarto para que minha prima se acalmasse, Ana havia ficado sem jeito, em nenhum momento olhou para mim e então tentei apaziguar a situação.
-Está tudo bem. Não se preocupe.
-Me desculpe. Eu não queria que...
-Já disse. Está tudo bem. Pelo menos agora sei o que ela pensa de mim de verdade, por mais que já achava que era isso mesmo.
-Eu não queria causar essa confusão entre vocês.
-Você não causou nada. E quer saber? Eu faria tudo de novo. -Falei e em seguida fui de encontro a ela. Começamos a nós beijar ali mesmo, ela segurou minha cintura com firmeza e logo me prendeu na parede. Nossos beijos começaram a ficarem mais quentes até que pude sentir sua mão me tocar, suas pernas começaram a deslizar sobre as minhas e logo eu estava gemendo baixo ao pé do seu ouvido, e então ela me penetrou e continuou me beijando, desceu e iniciou beijando no meu pescoço, ela quase o sugava, desceu e beijou meus seios, ficou longos minutos ali. Era delirante sentir sua língua percorre-los de maneira voraz. Por fim, infelizmente fomos interrompidas por minha prima que batia na porta feito louca, foi frustrante termos que parar ali.

Eu e Ana nós vestimos rapidamente, ao abrir a porta, encarei Júlia com uma fúria sem igual, mas logo sai, afinal, eu tinha que pegar minhas roupas que estavam no meio da rua, jurei para mim mesma que não faria nenhum tipo de besteira. Então desci e peguei peça por peça, sorte que não havia muitas pessoas na rua e nem vizinhos para bisbilhotar, senti uma vergonha sem igual por está ali, tendo que pegar minhas roupas que estavam jogadas no chão da rua, ficava pensando se Júlia estava certa por ter raiva de mim, acabei achando que ela estava mesmo Ana sendo sua amante, o que na minha concepção já era algo bastante errado, ainda sim ela era da minha prima, o que eu havia feito ia contra o sentimento de empatia e...

-O que? - falei para mim mesma. Claro que eu não estava errada, se minha prima não tinha empatia nem pela namorada, por que Diabos eu teria que ter com ela? Tentei me confortar com esse pensamento por mais que no fundo eu estivesse me sentindo errada pelo que fiz.

Assim que peguei todas as minhas roupas voltei para casa cuidadosamente, já que pude ouvir gritos de longe sem ao menos adentrar no apartamento, abri a porta e elas estavam conversando aos gritos no quarto.
-Por que você dormiu com ela?
-Para te mostrar que você não é tudo isso que pensa que é.
-Você se sente tão fodona e acha que pode fazer o que quiser quando quiser, mas não pode. Ou você fica comigo ou fica com sua namorada.
-Então fez isso tudo para me provocar? Foi ficar com aquela sonsa para me provocar?
-Eu vou ficar com quem eu quiser até você se decidir, ou fica comigo ou fica com ela. -Falou Ana que em seguida saiu pela porta e deu de cara comigo. Nós nos encaramos. Minha prima saiu logo em seguida. Me olhou com desdenho.
-O que foi? Não estava achando que ela ficaria com você porque sentiu atração por você? Estava? Olha para o espelho. Ninguém em sã consciência ficaria com você. -Falou firme. Ana apenas me olhou e engoliu em seco. E eu? Me calei e fui direto para o quarto. Me joguei na cama e chorei como nunca havia chorado antes. Me odiei por ser quem eu era, me senti humilhada por ser quem eu era. Me perguntava o porquê elas fizeram me sentir assim. Me crucifiquei por sentir o que eu senti pela Ana durante semanas e ainda mais por ter acreditado em suas palavras. Por que não acreditei na teoria que pessoas como ela que saiam com pessoas como minha prima jamais iriam se interessar por pessoas como eu? A menina que usava roupas largas e mal arrumava o cabelo, que tinha espinhas enormes no rosto e não se portava de maneira nada sexy.

Depois desse dia resolvi mudar, levou mais o menos umas duas semanas para eu me recuperar e levantar a cabeça, fiquei me martirizando durante esse período praticamente todos os dias, me colocava para baixo toda vez que me olhava no espelho, inclusive, comecei a odiá-los. Minha autoestima ficou tão pequena que mal consegui tocar e cantar na minha banda. Evitei ao máximo de encontrar minha equipe, era como se todos que olhassem para mim vissem a pessoa horrível e desprezível que eu era, que minha prima de certa forma tinha me convencido que eu era.

Depois de tudo o que aconteceu sai do apartamento da minha prima, passaram uns dois dias depois de tudo o que havia escutado, fiquei com uma raiva sem igual tanto da Ana quanto da Júlia, até que resolvi me vingar.

Fiquei um dia inteiro quase que acampada no prédio da Júlia para saber se eu via Ana, queria saber se elas ainda estavam se encontrando e não é que estavam?!.

De imediato mandei uma mensagem para a ruivinha, até então, namorada da minha prima, não se passaram nem dez minutos e ela já estava na porta do prédio, aquela cena foi incrível ao meu ver, me sentia bem ao saber que minha prima iria ser pega no flagra. Dito e feito, em minutos todos os vizinhos estavam na porta do apartamento querendo saber de onde viam os gritos e xingamentos, era do apartamento da Júlia, não consegui ver como tudo aconteceu, mas o pouco que fiquei sabendo é que a ruivinha que mesmo pequena havia batido tanto em Ana quanto em Júlia. Confesso que me senti mal por elas, afinal, que direito tem alguém de bater em outra pessoa? Mas por outro lado, senti uma espécie de prazer, como se elas merecessem sentir a dor de apanhar, elas brincaram com sentimentos de duas pessoas, minha prima brincou com o que a namorada sentia por ela e Ana brincou com os meus, o que era aquilo perto de mentiras e desonestidades que elas fizeram conosco? Não queria juras de amor, mas sinceridade era o mínimo.

Observei de longe quando a ruiva saiu enfurecida de casa dirigindo seu carro, passou uns dois minutos e Ana também saiu. Observei tudo de longe e por fim, me senti bem. Nada como jogar as claras.

Depois disso, Ana continuou me mandando algumas mensagens de desculpas, tentou muito, nem eu entendia o que ela queria com aqueles tanto de pedido de desculpas, ignorei todas, claro. Depois de duas semanas super para baixo, finalmente conheci alguém capaz de me ajudar a ver um pouquinho quem eu era, que eu não era a pessoa horrível que haviam me dito que eu era, aos poucos fui me vendo de outra forma, minha autoestima não foi a mil, mas parei de me torturar ao olhar no espelho ou ser cruel comigo mesma.

Às vezes as coisas não saem como nós queremos, mas coisas boas acontecem depois. Eu acredito nisso, uma frase que gosto muito é, primeiro a chuva, depois o arco íris. Se acostume, a ordem é sempre essa.

Minha primeira vez não acabou tão agradável como a da Manu, mas tirei uma lição disso tudo que é que experiências são sempre bem vindas.

Espero que tenham gostado, nós vemos em breve.


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ManuJade ~ versão antiga! Onde histórias criam vida. Descubra agora